Há empresas organizadas, outras nem
tanto. Aquelas que se organizaram costumam ter por base normas escritas
definidas pela sua história, sua vocação, sua posição no mercado e até mesmo
por sua função social. Entretanto, aquelas que não se organizaram funcionam, em
geral, fundamentadas em costumes, tradição e preceitos nem sempre comunicados
aos empregados.
Do ponto de vista dos empregados,
conhecer as regras de conduta da empresa, sejam formais ou informais,
explícitas ou implícitas, é condição para manterem seus empregos. Por esse
motivo, o ideal é que a empresa tenha claramente proferida qual é a sua
política empresarial interna junto aos empregados. Estas diretrizes devem
deixar evidente o conjunto de procedimentos, regulamentos, estratégias e
definições que formam os alicerces daquela instituição. Estas informações
servem de orientação para que os colaboradores assumam o comportamento que a
empresa espera deles.
As normas empresariais devem ser
claras, adequadas e favoráveis à corporação, pois definem a linguagem a ser
usada, a atitude diante de situações adversas, as práticas estruturais do
negócio, as condições de relacionamento com o público interno/externo e aos
valores da empresa. Funciona como um código de conduta que deve ser respeitado.
Esses códigos definem padrões. E o que as empresas esperam de seus empregados é
que não rompam com seus padrões.
Dois casos recentes de comportamentos
conflitantes com a cultura da empresa mostram os efeitos negativos desse
contraste. Durante a Copa do Mundo, um dos brasileiros identificados no vídeo
machista em que constrangia uma mulher russa trabalhava na empresa aérea LATAM
e foi demitido por agir em desacordo com a política da companhia. O outro
exemplo é do mundo da tecnologia. O CEO da Intel, Brian Krzanich, pediu
demissão em junho após ter assumido um caso com uma funcionária, o que viola os
termos da empresa. Além da demissão em si, o caso serviu também para reforçar
que as regras valem para todos os funcionários de qualquer nível hierárquico.
A forma como as empresas lidam com
funcionários que recebem presentes de fornecedores ou clientes também merece
reflexões. Enquanto algumas instituições são bastante tolerantes em relação a
esses procedimentos, outras chegam a considerar a prática como uma espécie
dissimulada de suborno. É preciso consultar a política da empresa antes de
aceitar qualquer “agrado” desse tipo.
Ao recém-contratado, que ainda não
assimilou as informações necessárias para contribuir com relatos de qualquer fato, orientações ou postura de
pessoas, recomenda-se que não tome qualquer atitude radical antes
de compreender os motivos de algumas regras – sejam elas faladas ou não. Se a
empresa tem uma política de não retaliação, aceitando que empregados dirijam
críticas reais ou potenciais aos líderes ou à direção da empresa, tudo bem.
Mas, no geral, a aceitação de críticas é bem baixa no ambiente empresarial e o não cumprimento desta política implicará
medidas pesadas disciplinares, podendo chegar até a demissão por justa causa.
O bom senso deve sempre prevalecer,
tanto em relação às regras quanto à dinâmica do trabalho. Em ambientes como
hospitais, bibliotecas e escolas, que exigem silêncio para o bom andamento das
atividades, sendo necessária a concentração de todos, falar muito alto ou ouvir
música durante o trabalho pode atrapalhar. É preciso buscar equilíbrio nas
tarefas do dia a dia para não importunar colegas e chefes ou invadir o espaço
do outro.
Não se trata de renunciar aos
próprios princípios, crenças e projetos, mas de adaptar as atitudes às
expectativas da empresa. Afinal, trabalhar em uma determinada instituição é
escolha sua. Os incomodados se mudam, os incomodadores são mudados. Pense
nisso!
Norberto Chadad - Engenheiro Metalurgista pela Universidade Mackenzie,
Mestre em Alumínio pela Escola Politécnica, Economista pela FGV, Master em
Business Administration pela Los Angeles University, CEO da Thomas Case &
Associados e Fit RH Consulting, e tem “Paixão por Pessoas”.
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