Especialista
explica como técnica que utiliza um aparelho médico com touca gelada para
resfriar o couro cabeludo ajuda a criar uma barreira que protege os folículos
capilares; Procedimento é seguro para mulheres diagnosticadas com câncer de
mama e seus bons resultados geram reflexos positivos à autoestima, colaborando
diretamente para eficácia no tratamento da doença
Após receber o diagnóstico de câncer, surgem as
mais variadas dúvidas sobre as formas de tratamento e seus efeitos colaterais.
No caso das mulheres, um dos mais temidos é a perda de cabelos ocasionada pela
quimioterapia. Essa aflição, muitas vezes, se sobrepõe inclusive aos resultados
positivos da terapêutica e leva a um elevado risco de problemas secundários
como autoestima baixa, ansiedade, estresse e depressão. Segundo especialistas,
o impacto psicológico é ainda maior quando se trata de câncer de mama, a
neoplasia maligna que mais atinge o sexo feminino, correspondendo a 28% do
total de novos casos todos os anos entre este grupo - um universo que
representará 60 mil pessoas diagnosticadas somente este ano, de acordo com
dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
"É preciso destacar que mulheres com câncer de
mama passam por um turbilhão emocional que tem início no momento em que
descobrem a condição e continua, com altos e baixos, ao longo de todo o
processo de tratamento. O diagnóstico desse tipo de tumor, em especial, gera
inseguranças relacionadas aos desdobramentos que a doença provocará na imagem
da paciente. Por isso, é preciso garantir não apenas que seja realizado o
devido acompanhamento da condição em si, como também atentar aos aspectos
psicológicos", explica o Dr. Daniel Gimenes, oncologista do Centro
Paulista de Oncologia (CPO) - Grupo Oncoclínicas.
Neste sentido, um procedimento que aumenta as
chances de preservação dos fios nos processos de quimioterapia têm sido
considerado um importante aliado para a melhora do equilíbrio emocional em
mulheres em tratamento contra o câncer de mama. A técnica, chamada de Crioterapia
ou Scalp
Cooling (em inglês), consiste no uso de da chamada Touca Inglesa,
um dispositivo que resfria o couro cabeludo, levando à contração dos vasos
sanguíneos e, desta forma, cria uma espécie de capa protetora que preserva os
folículos capilares.
"Não há números apurados sobre a eficácia do
uso desta técnica no Brasil, considerando que ela foi aprovada pela Anvisa no
início de 2015. Contudo, pesquisas realizadas em vários países da Europa, onde
sua aplicação já vinha sendo feita ao longo dos últimos anos, mostram que a
redução da taxa de alopecia variou de 49% até 100% em mais de 2 mil pacientes
avaliadas. Isso significa que a queda de cabelos foi nula ou praticamente
imperceptível em boa parte dos casos", diz o Dr. Daniel.
Entenda como funciona a Touca Inglesa
Um capacete revestido por um gel em temperatura de
4º C é conectado por meio de um tubo a uma máquina que se assemelha a um
circulador de ar.
Colocado sobre a cabeça do paciente 60 minutos antes da
infusão de quimioterapia, a touca permanece sendo usada durante toda a
aplicação do quimioterápico e só é retirada cerca de uma hora após a aplicação
completa do medicamento. Todo o processo dura em torno de três a quatro horas.
"Esse dispositivo gelado causa uma sensação térmica de aproximadamente 15º
C e, em geral, é bem tolerada. Em alguns casos pode haver queixa de dor de
cabeça, tontura e sensação de frio, mas tais sintomas não são considerados como
fatores que levem à disistência do procedimento pelos pacientes, graças ao bons
resultados alcançados", ressalta o oncologista do CPO.
O resfriamento do couro cabeludo diminui o fluxo
sanguíneo para a raiz de cada fio, fazendo com o que folículo capilar fique
menos suscetível à agressão dos quimioterápicos e, portanto, menos propenso ao
risco de queda. O especialista frisa que o nível de preservação do cabelo está
relacionado ao tipo de quimiterápico empregado. Considerando as drogas mais
fortes, que levariam à queda total dos fios, é possível reduzir o indíce de
perda para 20% a 30%. "Isso significa que o uso de peruca ou lenços se
torna desnecessário na maioria das situações, contribuindo amplamente para a
autoestima das mulheres em tratamento", pontua o Dr. Daniel Gimenes.
A crioterapia pode ser aplicada em pacientes
diagnosticados com outros tipos de câncer, tendo o mesmo potencial de eficácia,
mas há restrições. A contraindicação acontece para quem tem câncer hematológico
(que afeta o sangue), como leucemia e linfoma. Pessoas que apresentam alergia
no couro cabeludo também não devem fazer o tratamento.
Por que usar a touca inglesa?
A queda de cabelo causa danos que vão muito além do
aspecto visual. As consequências são graves e estão ligadas diretamente a problemas
de autoestima, depressão e, em alguns casos, até desistência do tratamento. A
possibilidade de prevenir ou minimizar a queda de cabelo durante a
quimioterapia leva a uma mudança de atitude do paciente e na maneira como
enfrentará o tratamento.
Esta alternativa é uma maneira efetiva de combater
a queda de cabelo induzida pela quimioterapia e pode preservar total ou
parcialmente o cabelo. Para o paciente isso significa manter a sua privacidade,
melhorar a autoestima e autoconfiança e proporcionar visão e atitude mais
positivas em relação ao tratamento e à cura.
No Brasil, desde 2013, já foram realizadas mais de
33 mil sessões com a tecnologia da touca inglesa.
A touca inglesa traz resultados?
Em mais de 50% dos casos, pacientes tratados
relataram a diminuição da queda de cabelo a ponto de não precisar usar lenço ou
peruca.
Dói usar a touca inglesa?
O resfriamento feito pela Touca Inglesa não causa
queimaduras na pele. A sensação de desconforto de cada paciente varia de acordo
com a tolerância ao frio e apenas 2% dos pacientes desistem do método por conta
disso.
Existem contraindicações?
Por inibir a absorção das drogas na região do couro
cabeludo, o resfriamento não é indicado nos casos de cânceres hematológicos,
alergia ao frio, metástase manifestada no couro cabeludo e radioterapia na
cabeça.
É um método seguro? A
segurança e eficácia na redução da queda de cabelos foi comprovada por dezenas
de estudos realizados pela empresa britânica Paxman Coolers ao longo de 21 anos
e chancelada pelo estudo aprovado pelo FDA-USA.
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