Os
vestibulares de engenharia das instituições ligadas às Forças Armadas no
Brasil, além de figurarem entre os mais concorridos, são considerados os mais
difíceis, pelo nível de complexidade das provas. Conhecidos por garantir Ensino
Superior completo e de qualidade, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
e o Instituto Militar de Engenharia (IME) têm suas provas focadas nas
disciplinas de ciências exatas: Matemática, Física e Química, além de Língua
Portuguesa e Inglesa. O nível de dificuldade costuma ir além do que normalmente
é ensinado no Ensino Médio, demandando, inclusive, um auxílio pedagógico
específico, com materiais já do Ensino Superior.
Frente
a uma demanda tão específica, são necessárias muitas horas de dedicação dos
vestibulandos. “É preciso muito estudo, muito foco e praticar muito. Não basta
ter conhecimentos fundamentais das disciplinas, é necessário conhecê-las a
fundo e ter desenvoltura para conseguir um bom resultado na prova, dentro do
tempo que o candidato dispõe”, alerta Eduardo Canto, professor de Química do
Curso Positivo, de Curitiba (PR). Aluno do curso específico para essas
instituições, Lucio Enzo Horie, de 17 anos, estuda, em média, 12 horas por dia,
contando as cinco em sala de aula e mais sete em que o jovem faz uso dos
materiais da biblioteca do curso e sana dúvidas com os professores assistentes.
Além
da base de ensino forte, o professor Canto ressalta que o aluno precisa
administrar muito bem o tempo, distribuindo as disciplinas que vai estudar ao
longo do dia e sendo sistemático no registro das informações do que já estudou
ou não. “É importante estar continuamente em interação com os professores para
tirar dúvidas sobre conceitos e resoluções, assim que elas surjam. Porque essas
dúvidas não podem, em hipótese alguma, se avolumar e impedir a progressão do
aprendizado”, orienta. Para o aproveitamento completo, o professor ainda lembra
que é necessário dormir bem, se alimentar direito e praticar exercícios com
frequência, dicas comprovadas pelo aluno Lucio, que ainda conta um segredo: “na
escolha dos materiais, procuro utilizar também livros estrangeiros, para sempre
ter uma fonte teórica diferente, aliada a ótimas resoluções dos problemas,
tantos dos já conhecidos, quanto dos mais desafiadores”.
Uma
observação importante sobre a prova do ITA é o cuidado que o aluno deve ter com
as questões de múltipla escolha, que determinam se o estudante poderá realizar
as discursivas. “Até o ano passado, as duas partes eram feitas no mesmo dia.
Agora, só pode realizar a prova dissertativa quem consegue uma pontuação mínima
na prova teste”, explica o professor. Ele ainda lembra que, por mais que o
aluno seja excelente em uma disciplina, precisa se sair bem em todas, pois um
mal resultado em uma delas já é o suficiente para ter toda a sua pontuação
afetada.
Para
uma preparação completa, Lucio também participa dos simulados do curso,
idênticos às provas do ITA, que são aplicados periodicamente, além dos
simulados parciais, aplicados a cada duas semanas, com vinte questões de alguma
disciplina do exame. Para ele, os simulados são de extrema importância, pois
“refletem o desenvolvimento durante as etapas de estudos”. Marcel Geraldo
Lamers, professor de física do Curso Positivo, conta que o acompanhamento da
família é fundamental nesse período de preparação dos alunos. Segundo ele, às
vezes são demandados dois ou três anos de tentativa e os pais devem compreender
que isso é normal e que, se esse é o sonho do estudante, valerá a pena no
futuro. “O aluno que se forma nessas instituições é um adulto que sai bem
preparado para várias áreas de mercado. Alguns deles trabalham em bancos, em
bolsas de valores, etc. É um estudante que terá tudo para alcançar o sucesso
profissional”.
Tanto
no ITA, quanto no IME, os alunos têm a opção de seguir a carreira nas Forças
Armadas ou não, sendo, já a partir de 2018, separadas as vagas de oficiais e
civis. As provas do ITA estão agendadas para os dias 23 de novembro e 10 e 11
de dezembro, primeira e segunda fases, respectivamente. O IME ainda não
divulgou datas para o processo deste ano. Como ambos os institutos respondem
diretamente ao Ministério da Defesa e não ao Ministério da Educação (MEC), não
há vagas previstas para cotas.
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