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sexta-feira, 24 de março de 2017

MEU FILHO NÃO COME! O QUE FAZER?



Creio que esta seja uma das queixas mais frequentes nos consultórios pediátricos. Será que de fato esta queixa das mães é procedente? Você deve ficar preocupada se o seu filho come menos do que você gostaria que ele comesse?

Antes de terminar de ler este artigo, já adianto a resposta a vocês: Não! Na grande maioria das vezes não há motivo algum para preocupação.

Do segundo ano de vida em diante a criança diminui naturalmente o seu apetite. Nós médicos chamamos isso de fisiológico, ou seja, dentro da normalidade. Para que possamos entender melhor esse período que se inicia após o primeiro ano de vida, utilizo um exemplo didático: Os primeiros 12 meses de vida se caracterizam por ser um período muito dinâmico – a criança ganha cerca de 6 a 7 kg, triplicando o seu peso e cresce aproximadamente 25 cm. Em nenhum momento de nossas vidas crescemos com uma velocidade igual a dos primeiros 12 meses.

Entretanto, isso muda a partir do primeiro aniversário. No segundo ano de vida a criança ganha 2 a 3 Kg e cresce em torno de 12 cm. Do terceiro ano em diante, na infância, os valores são ainda menores, crescendo 5 a 6 cm por ano. Ora, isso gera uma impressão para as mães que algo está errado. Aqui entra a importância de uma boa orientação. Deve ficar claro aos pais que isso é normal. Monitorar a curva de crescimento de peso e estatura, mostrando que o seu filho está crescendo e engordando normalmente é muito importante para tranquilizar a família.


Algumas dicas para você:

O que os pais não devem fazer?
 
Em hipótese alguma os pais devem tentar fazer barganhas com a criança durante as refeições, oferecendo “recompensas” quando ela comer.
Outra prática frequente que deve ser evitada é a tentativa de distrair a criança para comer: evite alimentar a criança com programas de televisão, tablets ou fazendo “brincadeiras”.
 
Evite usar os medicamentos “estimulantes de apetite” – esses medicamentos não agem de maneira fisiológica e tem uma série de efeitos colaterais que trazem muito mais danos que benefícios.
 
Não subestime seu filho. Quando a criança percebe que você fica angustiada com o fato de ele não comer, ele usará isso para chamar a sua atenção.
 
Não force a criança a comer. Respeite a recusa e o paladar do seu filho.
 

E o que devemos fazer?

Meu primeiro e principal conselho é que os pais encarem com naturalidade essa fase da vida. Nada de angústia, ansiedade ou irritação com os filhos na hora da refeição.
Procure fazer as refeições da criança nos mesmos horários da família, e evite que a refeição dure muito tempo (em geral não deve durar mais que 30 ou 40 minutos).

Não exagere no tamanho do prato. Use porções compatíveis com o tamanho do seu filho.

Cuidado com o excesso de leite. Para compensar a “falta de apetite” muitas mães substituem a refeição por mamadeiras com leite. Isso acaba impedindo que a criança se alimente adequadamente.

Claro que sempre vale a ideia de caprichar na apresentação dos pratos. Combinar cores e texturas pode despertar o interesse da criança pela comida. Variar também é importante.

Não se esqueça: criança gordinha não significa criança saudável. Um dos principais inimigos da humanidade é a obesidade. Muitas das doenças do adulto, como doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, etc. estão ligadas à obesidade, que na maior parte das vezes se inicia na infância. Finalmente, é preciso reconhecer que algumas situações deverão ser analisadas pelo seu pediatra, que saberá identificar a presença de algum problema.




        
Dr. Marco Aurélio Safadi (CRM: 54792), parceiro da NUK e professor de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenador da Equipe de Infectologia Pediátrica do Hospital.








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