Chamada de Esporotricose de Transmissão Felina, a doença é contraída pelos gatos por meio do contato com superfícies contaminadas pelo fungo causador
Um
alerta emitido pela Prefeitura de Manaus, no Amazonas, deixou donos de gatos de
todo país preocupados com uma doença infecciosa que atinge, principalmente,
felinos e pode ser transmitida para humanos. A Secretaria de Saúde da Capital
já confirmou quatro casos de Esporotricose de Transmissão Felina e investiga
outros 16.
O
veterinário Dr. Raphael Clímaco, diretor da Plamev Pet, explica que, apesar de
grave, a doença nos gatos tem cura, especialmente quando diagnosticada de forma
precoce.
"Apenas
o exame feito por um médico veterinário pode atestar se o animal está
contaminado. Por isso, ao ver lesões em gatos, que são muito parecidas com
feridas provocadas por micoses comuns, é preciso submeter o gato a um exame
citológico, que vai analisar o tipo celular da lesão", comenta
Clímaco.
Ele
explica que o exame de análise celular permite saber o resultado em menos de 20
minutos. O veterinário alerta para o risco maior de infecção quando o animal
vive ou frequenta áreas externas.
"O
animal na rua tem contato com agentes que podem ser potenciais transmissores de
doenças que contaminam o gato e, consequentemente, representam risco aos
humanos", sinaliza.
A
doença já foi detectada em vários Estados do Brasil.
Doença
A Esporotricose provoca nos gatos feridas profundas na pele, podendo ser acompanhadas de pus, e que não cicatrizam. Segundo o Ministério da Saúde, o quadro costuma evoluir de forma rápida.
É
uma doença que tem resistência a tratamentos, exigindo doses altas de
antifúngico, segundo o veterinário. Clímaco explica que, muitas vezes, a
medicação sobrecarrega o fígado e outros órgãos do animal, já que o tratamento
pode durar longos períodos.
"Mesmo
que visualmente as feridas desapareçam, o fungo pode estar ativo no corpo do
gato, por isso é preciso manter a medicação", conta Clímaco.
As
feridas aparecem no focinho e em membros dos gatos, podendo se espalhar por
todo o corpo. O profissional conta que, em casos mais graves, os órgãos
internos podem ser afetados e levar o gato a morte. Perda de peso, secreção
nasal e apatia são outros sintomas.
Durante
o tratamento, o gato deve ficar isolado. Não é preciso sacrificar o animal.
"Caso
o gato morra, é necessário um cuidado especial para que, ao enterrar o corpo, a
terra não fique contaminada, podendo passar o fungo para outros animais. O
ideal é optar pela incineração".
Transmissão
A
transmissão acontece quando o gato entra em contato com itens contaminados,
como terra, materiais em decomposição, cascas de árvores e espinhos. O
veterinário explica que o comportamento do animal favorece esse tipo de
contaminação.
"É
da natureza do gato enterrar fezes e esfregar o corpo em superfícies e arranhar
troncos de árvores para demarcar território. Quando esses locais estão
contaminados pelo fungo, o animal se contamina", explica Clímaco.
Ainda segundo ele, o período de incubação da Esporotricose no animal varia
entre poucos dias até 6 meses, quando começam a aparecer os primeiros sintomas.
Humanos
Em
humanos, a doença pode ser contraída ao manter contato direto com os gatos, ao
ser atingido pelas unhas, por mordidas e até ao tocar em feridas do animal. Até
a década de 1990, a Esporotricose era comum em jardineiros e agricultores, por
manterem contato com a terra sem proteção.
Os
sintomas, segundo o Ministério, vão depender da gravidade da contaminação, mas,
geralmente, começam com uma lesão semelhante à picada de um inseto. Caso o
fungo atinja os pulmões, pode provocar tosse, falta de ar, dor ao respirar e
febre, sintomas muito parecidos com os da tuberculose.
A
nota técnica do Ministério da Saúde explica que a doença pode afetar também os
ossos e as articulações, com dores e inchaços. O medicamento usado para tratar
humanos é distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).