Brasil
acumula posições preocupantes quando o assunto é saúde mental; ocupa o primeiro
lugar no ranking de ansiedade em nível global, segundo em burnout e quinto em
depressão Unsplash
De
acordo com a Gallup, empresa de pesquisa estadunidense, o trabalho remoto
tem desgastado mais os profissionais, comprometendo sua saúde mental. Cerca de
86% das pessoas que trabalham de forma remota apresentaram pelo menos 1 dos 12
estágios dentro das seis etapas até o nível máximo de exaustão.
“Estamos
caminhando para uma realidade em que falar sobre saúde mental já não é mais um
tabu. As pessoas estão cheias de problemas para resolver e com cada vez mais
dificuldade de lidar com tudo o que acontece em suas vidas”, menciona a
psicanalista e CEO do Ipefem (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e
das Existências Múltiplas), Ana Tomazelli.
Mais
de 67% das pessoas ainda se sentem pressionadas a estarem disponíveis durante
todo o tempo, inclusive fora da jornada "tradicional" conhecida como
"horas úteis" ou mesmo fora dos horários combinados previamente, e 45%
declara estar trabalhando mais horas do que deveria.
“A
velha ideia de romantizar o workaholic, de que quanto mais você rala, mais
chances terá de receber reconhecimento, não respeitar os próprios limites (ou
nem reconhecê-los) também contribui para exaustão, mas é injusto atribuir
responsabilidades individuais quando o problema é sistêmico e quando o medo de
perder a fonte de renda é maior do que a coragem de se preservar. Por outro
lado, esperar que o sistema mude, no curto prazo, é quase ingênuo da nossa
parte, o que nos traz de volta às esferas mais particulares”, complementa
Ana Tomazelli.
Já a
Opinion Box, 61% dos brasileiros concordam que o estresse do trabalho já
prejudicou sua saúde mental. 72% dos entrevistados disseram que escolheriam
trabalhar em uma empresa que tenha programas voltados para cuidados com a saúde
mental.
Para
59% dos entrevistados, trabalhar presencialmente no escritório traz mais
benefícios para a mente e o bem-estar. O que motiva 61% a fazerem essa escolha
é acreditar que é importante a interação com os colegas para a saúde
mental.
O
Brasil acumula posições preocupantes quando o assunto é saúde mental e tudo vai
passar pelo trabalho, ou seja, pelas relações estabelecidas nos ambientes
físicos ou remotos em que há alguma atividade profissional.
“É necessário entender que estatísticas sociais são estatísticas corporativas. Temos a tendência de colocar a culpa nas empresas, esquecendo que as empresas - e qualquer outra corporação - são representadas por pessoas. Se um jogador de futebol faz algo errado, o que isso significa para o time?”, finaliza Tomazelli.
Ana Tomazelli -psicanalista e idealizadora do IPEFEM (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas). A profissional conta com 20 anos de experiência no mercado de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, com passagem pelas empresas KPMG, Dasa, UnitedHealth Group, Solera Holdings, entre outras. Pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Administração e Gestão de Empresas pelo IBMEC, Psicanálise e Saúde Mental (IBCP).
Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas - Ipefem
https://ipefem.org.br/