Diante das mudanças estruturais que estão por vir nas escolas, Débora Hack, gerente de projetos e produtos educacionais da BEĨ Educação, estima quais serão as maiores dificuldades a serem superadas
A partir de 2023,
todas as instituições públicas e privadas do país devem entrar em conformidade
com as regras do Novo Ensino Médio e sua estrutura, aprovadas pela Lei
13.415/2017. A proposta tem como objetivo propiciar uma série de inovações para
todos os envolvidos na gestão escolar, desde alunos a docentes e gestores.
Os pilares
fundamentais desta nova resolução estão na preparação para o tempo integral e
na definição de uma nova organização curricular, mais flexível. Os estudantes
estarão em contato com componente curriculares típicos do currículo que já
conheciam, mas, junto a isso, deverão escolher áreas de aprofundamento: os
itinerários formativos.
Segundo Débora
Hack, gerente de projetos e produtos educacionais da BEĨ Educação, “os
itinerários formativos são uma maneira dos jovens escolherem o que gostariam de
estudar, com base no que os instiga. São percursos propícios a desenvolver as
expectativas de aprendizagem de cada área do conhecimento e, dentro desse recorte,
aptos a colocar em prática tudo o que foi ensinado”.
Para complementar
esse processo, o trabalho por projetos busca fazer com que os alunos entendam
suas próprias atuações em um cenário real, passando pelas etapas de pesquisa,
entendimento de contexto e criação de protótipos. Assim, o ensino tradicional vai
dando espaço à interação com o conhecimento de maior profundidade.
Abre-se, assim, a
possibilidade de se trabalhar com o Projeto de Vida dos estudantes, processo de
autoconhecimento, em que aprendem a fazer suas próprias escolhas e planejar
seus objetivos pessoais. Portanto, sabendo da importância da elaboração de
currículos estudantis de referência, auxiliados por professores capacitados
para criar diálogos e dinâmicas frutíferas, Hack levanta cinco desafios para a
implementação do Novo Ensino Médio, que as escolas virão a enfrentar. Confira:
Carga
horária
O Ensino Médio
deixará de ter 2.400 horas de carga horária mínimas, substituídas por 1.800 de
formação geral básica e 1.200 de itinerários formativos, totalizando 3.000. As
escolas já deveriam ter começado a implantar esta grade visando as mudanças
para o ENEM de 2024. Contemplar
este número sem aumentar as mensalidades ou a carga horária dos educadores,
deixando possíveis lacunas no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes,
tende a ser um grande quebra-cabeça.
Trabalho
por áreas de conhecimento
Antes, os
conteúdos eram trabalhados de forma isolada, cada uma com o seu próprio
componente curricular. A partir do Novo Ensino Médio, a ideia é que os estudos
sejam direcionados por áreas de conhecimento – Matemáticas e suas Tecnologias; Linguagens e suas
Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas. O desafio encontra-se em sincronizar
essas esferas, junto aos educadores. Alguns exames já iniciaram a colocar
essa proposta em prática, como foi o caso da primeira fase da Fuvest 2023.
Metodologias
ativas
Aula invertida,
autonomia de estudos, trabalho por projetos... Estas são algumas das
estratégias que devem passar a ser utilizadas nas salas de aula, que colocam o
estudante no centro do seu processo de aprendizagem. Para isso, as escolas
precisam criar novos processos formativos, libertando os professores das
“amarras conteudistas”. Interação e diálogo com o conhecimento são o grande
foco.
Operacionalização
Como
operacionalizar a instituição de ensino dentro destas novas exigências? O
colégio, antes de executar, terá de pensar e planejar, compreendendo que as
áreas precisam se conectar e, ao mesmo tempo, atribuir maior autonomia aos
estudantes. O processo é lento, logo, criar uma organização efetiva será uma
estruturação à longo prazo. Além da hora-aula obrigatória, incorporar os
itinerários à grade também será necessário.
Escolha
dos próprios itinerários
As escolas devem
oferecer, pelo menos, um itinerário de cada uma das quatro áreas de
conhecimento, o que torna o estudante protagonista do processo escolar.
Anteriormente, todos os componentes curriculares eram padronizados e levados ao
aluno, sem o apoio necessário para que ele fizesse as melhores escolhas para
sua trajetória. Essa é a ideia por traz do Projeto de Vida, por meio do qual os
educadores investem na potencialidade dos jovens. O educando, assim, passa a
ter mais voz.