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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Inflação oficial recua 0,29% em setembro

IMAGEM: Paulo Pampolin/DC
No ano, o IPCA registra alta de 4,09% e, em 12 meses, de 7,17%

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, registrou deflação (queda de preços) de 0,29% em setembro deste ano. Esse foi o terceiro mês seguido de deflação e a menor variação para um mês de setembro desde o início da série histórica, que começou em 1994.

O recuo de preços foi menos acentuado que os observados em agosto (-0,36%) e julho (-0,68%). Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, o IPCA acumula alta de preços de 4,09% e, em 12 meses, de 7,17%.


COMBUSTÍVEIS

Quatro dos nove grupos de despesas pesquisados tiveram queda de preços em setembro, com destaque para os transportes, cuja taxa ficou em -1,98% no mês.

“Os combustíveis e, principalmente, a gasolina têm um peso muito grande dentro do IPCA. Em julho, o efeito foi maior por conta da fixação da alíquota máxima de ICMS, mas, além disso, temos observado reduções no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras, o que tem contribuído para a continuidade da queda dos preços”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Também apresentaram deflação os grupos comunicação (-2,08%), artigos de residência (-0,13%) e alimentação e bebidas (-0,51%).

Por outro lado, cinco grupos tiveram alta de preços: vestuário (1,77%), despesas pessoais (0,95%), habitação (0,6%), saúde e cuidados pessoais (0,57%) e educação (0,12%).

 

Agência Brasil

https://dcomercio.com.br/publicacao/s/inflacao-oficial-recua-0-29-em-setembro


Estudo mostra que planta aquática pode remover o excesso de manganês em solos afetados por mineração

 Pesquisadores da Esalq-USP e colaboradores mostraram que a taboa é capaz de retirar de solos contaminados até 34 vezes mais manganês do que outras plantas encontradas em ambientes semelhantes (foto: Wikimedia Commons)

 

 A taboa, uma vegetação aquática de aproximadamente 2,5 metros de altura, é capaz de retirar de solos contaminados até 34 vezes mais manganês do que outras plantas encontradas em ambientes semelhantes. Em comparação ao hibisco e ao junco, por exemplo, a taboa acumulou, respectivamente, dez e 13 vezes mais manganês, demonstrando, assim, seu potencial para recuperar de forma sustentável áreas afetadas por rejeitos de minério de ferro.

Esse é um dos resultados obtidos em pesquisa publicada no Journal of Cleaner Production por cientistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e colaboradores.

O artigo revelou que a Typha domingensis, nome científico da taboa, é altamente eficiente na fitorremediação de manganês, micronutriente potencialmente tóxico e com grande risco ecológico. A planta apresentou concentrações de 6.858 miligramas por quilo (mg/kg) de manganês na parte aérea enquanto outras espécies acumulam, em média, 200 mg/kg.

A pesquisa de campo foi realizada no estuário do Rio Doce, distrito de Regência (ES), local fortemente impactado pela deposição de rejeitos liberados após o maior desastre ambiental registrado no Brasil – o rompimento da Barragem do Fundão, em novembro de 2015, em Mariana (MG).

À época, o desastre afetou 41 cidades em Minas Gerais e no Espírito Santo, provocando a morte de 19 pessoas, e os rejeitos de minérios de ferro chegaram ao estuário cerca de duas semanas depois. Estima-se que a degradação ambiental atingiu pelo menos 240,8 hectares de Mata Atlântica e resultou em 14 toneladas de peixes mortos. Várias ações vêm sendo adotadas desde então para tentar reduzir os danos, mas a contaminação no estuário ainda persiste.

O estudo mostrou que a capacidade de extração da taboa no estuário do Rio Doce chegou a 147 toneladas do minério, o que representa a remoção de 75,7 toneladas por hectare (t/ha).

Outro trabalho realizado no mesmo local e publicado em janeiro deste ano já havia demonstrado a capacidade de a taboa remover grandes quantidades de ferro do ambiente quando comparada ao hibisco (Hibiscus tiliaceus), que mede de 4 a 10 metros e tem flores amarelas (leia mais em: agencia.fapesp.br/37877/).

“Estamos trabalhando no Rio Doce desde 2015. Conseguimos chegar a um nível de entendimento da dinâmica geoquímica de vários metais encontrados nos rejeitos, como ferro, manganês e outros elementos potencialmente tóxicos. Isso nos dá a oportunidade de avançar em estratégias mais adequadas para remediação dessas áreas contaminadas. O acúmulo desse conhecimento permite não só avançar na recuperação de regiões degradadas como também na busca por estratégias de agromineração, contribuindo com uma exploração mineral mais sustentável”, explica à Agência FAPESP o professor Tiago Osório Ferreira, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq-USP e orientador do trabalho.

Por meio da técnica de fitorremediação, é possível reduzir o impacto em áreas afetadas por minérios removendo partes das plantas que acumulam esses componentes. Já a agromineração consiste no uso de estratégias agronômicas para cultivar plantas com capacidade de extração de metais e depois, a partir da biomassa dessa vegetação, concentrar aquele componente, diminuindo o impacto ambiental. Atualmente, essa técnica é pouco usada no mundo, tendo alguns trabalhos em andamento na Austrália, por exemplo.

A pesquisa recebeu apoio da FAPESP por meio de cinco projetos (19/14800-518/04259-221/00221-319/19987-6 e 18/08408-2) e é parte do doutorado de Amanda Duim Ferreira, primeira autora do artigo.

“Já sabíamos por meio de trabalhos de outros pesquisadores que o manganês é um problema na região, com a contaminação de água, solo e peixes. Ao fazer o estudo voltado à análise da área impactada pelo rejeito rico em ferro, imaginamos que a taboa e o junco [Eleocharis acutangula] acumulariam mais manganês do que o hibisco, outra espécie arbórea presente no local. Mas os resultados apontaram que a taboa chega a acumular 13 vezes mais manganês na parte aérea do que as outras duas espécies. Já nas raízes, e por meio do mecanismo de placas de ferro [adaptação fisiológica da planta que leva à precipitação do óxido de ferro e à formação de placas], o resultado teve menos impacto”, afirma Duim Ferreira, que também foi a primeira autora do trabalho publicado em janeiro no Journal of Hazardous Materials.

De acordo com o estudo atual, o acúmulo de manganês nas raízes e placas de ferro da taboa foi de 18 mg/kg e 55 mg/kg, respectivamente.

Plantas adaptadas a ambientes alagados capturam o oxigênio da atmosfera por meio da parte aérea, levando-o até a raiz por espaços porosos (aerênquimas). Essa oxigenação mantém o sistema radicular, responsável pela fixação, além da absorção de água e de sais minerais.

A absorção de matéria orgânica pelas plantas favorece a dissolução de óxidos de manganês e a liberação de prótons pode desencadear a dissolução do carbonato de manganês. Por outro lado, as plantas aquáticas também podem oxidar suas rizosferas (região onde o solo e as raízes entram em contato) devido ao transporte interno de oxigênio. Esse processo pode diminuir a biodisponibilidade de manganês.

Método

Para realizar a pesquisa foram determinados parâmetros físico-químicos do solo (pH rizosférico, pH do solo e potencial redox) e o teor de carbono orgânico total, além da extração de manganês em locais naturalmente vegetados pelas três espécies de plantas. Também foi realizado o fracionamento geoquímico do metal nos solos estudados.

A concentração de manganês foi determinada em cada compartimento da planta – raízes, parte aérea e placas de ferro. Foram estabelecidos fatores de bioconcentração e translocação, avaliando assim a capacidade da vegetação de atuar como hiperacumuladora de manganês e seu potencial uso em programas de fitorremediação.

“Esses resultados abrem um leque de possibilidades para o uso da fitorremediação. Conhecendo esses mecanismos de absorção, é possível cultivar a taboa usando diferentes estratégias agronômicas conhecidas para obter os melhores resultados. Saímos do escopo da fitorremediação para a agromineração. É nisso que estamos trabalhando”, complementa o professor, que coordena o Grupo de Estudo e Pesquisa em Geoquímica de Solos da Esalq.

Agora Duim Ferreira, que está fazendo estágio na Carolina do Norte (Estados Unidos), trabalha na pesquisa de técnicas agronômicas para o plantio de taboa visando aproveitar o potencial fitorremediador da planta.

“Estamos aplicando diversas técnicas agronômicas com base no que já sabemos sobre o período de plantio, época mais adequada, número de cortes por ano para aumentar o potencial de produção de biomassa da taboa e remoção de manganês e ferro”, diz a pesquisadora.

Segundo ela, a taboa continua acumulando grandes quantidades de metais mesmo ao longo dos anos – já foram realizadas coletas no estuário em 2019, agosto de 2021 e fevereiro deste ano.

O artigo Screening for natural manganese scavengers: Divergent phytoremediation potentials of wetland plants pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0959652622024064.
  


Luciana Constantino
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/estudo-mostra-que-planta-aquatica-pode-remover-o-excesso-de-manganes-em-solos-afetados-por-mineracao/39792/


quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Filhos no Curríiculo

 



Segunda onda do movimento #meufilhonocurriculo convida mães e pais a refletirem o que aprenderam conciliando filhos e carreira.


Se inicia neste mês das crianças uma nova onda do movimento #meufilhonocurrículo, campanha de conscientização idealizada pela Filhos no Currículo, uma consultoria focada em construir uma cultura de bem-estar parental nas empresas visando lideranças mais bem preparadas, times empáticos e políticas bem estabelecidas, acolhedoras e inclusivas para quem concilia filhos e carreira. 

O movimento começou a ser propagado em outubro de 2021 nas redes sociais - principalmente o LinkedIn - por empresas preocupadas com a pauta (Cielo, BV, Gerdau, Magalu, entre muitas outras postaram seus apoios), além de um time de embaixadores formado por pessoas de influência que “desafiaram” suas equipes e colegas a fazerem o mesmo em um efeito cascata. Foram centenas de mensagens inspiradoras de pais e mães assumindo os filhos como potência em suas vidas e mais de 40 mil pessoas interagiram com a campanha em um mês.

Para 2022, a ideia é retomar o movimento e se aprofundar em quais as principais habilidades percebidas por pais, mães ou outros cuidadores (como padrastos, madrastas, avós e até padrinhos) que conciliam a vida profissional com o cuidado familiar. 

“Filhos são potência na vida e precisamos incentivar um acolhimento contínuo da pauta na agenda empresarial. Segundo a pesquisa “Home Office com filhos“, conduzida pela Filhos no Currículo em parceria com o Movimento Mulher 360 no início da pandemia, 98% dos pais e mães que trabalham percebem habilidades sendo desenvolvidas no exercício diário da criação: paciência, resiliência, criatividade, empatia e liderança estão na lista. A campanha faz parte de uma temática que deve ser contínua e sustentada nos demais meses do ano.”, afirma Camila Antunes, cofundadora da Filhos no Currículo

A campanha deste ano ainda vai abraçar rodas de conversa e discussões com pais, cuidadores e lideranças de empresas acerca de temas como políticas parentais, licenças paternidade e práticas de bem-estar parental.

Segundo Camila, o foco é desconstruir os vieses associados ao tema de ‘filhos’ e ‘carreira’ no mercado de trabalho, mudar estigmas de gênero e fortalecer uma visão positiva do tema. Isso, a longo prazo, pode gerar um ciclo virtuoso nas culturas empresariais, influenciando cada vez mais as organizações a olharem para as políticas parentais existentes (como as licenças parentais, os auxílios oferecidos, a regulamentação da flexibilidade, entre outras soluções que acolham melhor quem exerce o papel de cuidador). “Levar essa discussão para uma rede social corporativa, sobretudo o LinkedIn, é derrubar alguns desses muros na prática”, completa Camila. 

Para além do engajamento na campanha, a consultoria defende outras formas de ‘colocar os filhos no currículo’, tais como: sinalizar no histórico profissional eventuais licenças ou pausas na carreira para dedicação aos filhos – períodos que, de acordo com Camila, não representam lacunas na trajetória profissional. Outra proposta é mais literal, incentivando a complementar a descrição do perfil profissional com um novo “cargo”: de pai, mãe ou similares. 


Como aderir à campanha: 

  • Acesse o site da campanha #meufilhonocurrículo e baixe o “post oficial” presente na página com diversas variações.
  • Reposte a imagem oficial da campanha no seu perfil do LinkedIn ou Instagram. 
  • No corpo do texto, reflita: “O que você aprendeu depois da chegada do seu filho(a) que agregou ao seu currículo?”. Ou só declare seu apoio ao movimento, marcando a hashtag oficial #meufilhonocurriculo 
  •  Desafie na legenda alguns @'s amigos para fazer o mesmo 

 

Entenda por que a fome vai além do prato

 

O hábito de nos alimentar é um grande ponto de atenção, uma vez que, embora corriqueiro e importante, passa despercebido e até irrefletido em nossa vida. Interpelado por essas e outras provocações, especialmente diante deste momento onde mais de 33 milhões de brasileiros estão inseridos em uma radical privação de alimento, divido reflexões com o objetivo de mostrar como a comida está intrinsecamente imbricada ao nosso cotidiano, a tudo o que somos e o que fazemos. 

Apesar da variedade nas abordagens sobre a alimentação, são inesgotáveis as possibilidades e perspectivas de se discorrer sobre o tema. Mas, o que de fato contribui para uma reflexão sobre a grandiosidade da questão está oculta em uma única palavra de impactantes quatro letras: fome. Quem já saiu de seu nicho cultural sabe quanto é estranho degustar paladares de outras culturas. Quando entramos na Casa de Assis e presenciamos a alegria de um migrante angolano diante de um prato de fufu (que é um prato tradicional de vários países da África), é perceptível a saudade do tempero de casa. 

Com isso, ao apresentarmos diferentes interpretações sobre a comida, podemos afirmar que não há uma única fome, tendo em vista que ela se apresenta de múltiplas formas. Quando uma pessoa é privada da alimentação básica para sua nutrição, ela não tem apenas a “dor de estômago”. Vai além… E, para entender o que significa o flagelo da fome e os seus porquês, apresento seis bases fundamentais acerca da comida que refuta seu conceito singular e ascende a pluralidade de quem convive com ela.



Comida como base da nutrição 

Alimento é uma substância que visa promover o crescimento e a produção de energia para as diversas funções do organismo. Na dimensão nutricional, a má qualidade ou escassez de alimentação está relacionada ao aumento de doenças que acometem especialmente grupos populacionais vulnerabilizados que atingem, de maneira diferenciada, grupos étnicos, extratos de renda e regiões. 



Comida como base da saúde 

Considerado um dos determinantes para a condição de saúde, a alimentação saudável tem influência de fatores afetivos, econômicos e culturais que são construídos ao longo da vida. Porém, a forma como cada um se alimenta não é escolha individual. A pobreza e a exclusão social restringem, em muitos casos, a possibilidade de uma alimentação adequada e saudável, que acaba focada em alimentos processados, ultraprocessados e produtos com muito agrotóxico. 



Comida como base econômica 

A projeção populacional para este ano é de 7,8 bilhões de habitantes no mundo e, mesmo com a produção de alimentos sendo suficiente para alimentar até 12 bilhões de pessoas, estima-se que 8,9% da população mundial está em situação de insegurança alimentar. Ou seja, a questão da fome não está na produção, mas no acesso aos alimentos produzidos, que deveriam ser um direito natural de todos, no entanto tornaram-se acessíveis apenas àqueles que podem pagar por eles. 



Comida como base política

O Direito Humano à alimentação adequada está contemplado na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Porém, infelizmente, tal direito não está entre as prioridades na agenda governamental, fazendo com que milhares de pessoas encontrem-se em situação de insegurança alimentar. 



Comida como base cultural 

Há uma diferença semântica entre alimento e comida que nos dá a possibilidade de afirmar que “toda substância nutritiva é alimento, mas nem todo alimento é comida”. O alimento é o que ingerimos para nos manter vivos, ao passo que a comida é um estilo, um jeito de alimentar-se, de criar uma identidade de grupo. O que se come, quanto, com quem, por que e por quem, transforma o alimento em comida, que está também associada à identidade e à memória de um povo, seja pela forma de preparar os alimentos, seja pelos hábitos criados em relação às refeições.



Comida como base da espiritualidade 

Nessa compreensão, o pão é o principal símbolo de sustento. Por isso, no que se refere à espiritualidade, ele (o pão) tornou-se o elemento central de uma fé que, desde seus primórdios, tem a vida como tema. Essa é a compreensão que estabelece o vínculo entre os alimentos (pão) e a confissão da fé. E, consequentemente, explica-se o porquê da preocupação de um líder espiritual com temas sociais, entre eles a alimentação. Essa relação não é uma particularidade exclusiva do cristianismo. Em outras matrizes religiosas também encontramos a relação entre alimento e divindade.



 Frei José Francisco de Cássia dos Santos - Ordenado padre e frade solene, o frei José Francisco é formado em filosofia e teologia. Há 13 treze anos está à frente do SEFRAS, que tem como premissa combater a fome e diminuir o número de pessoas afetadas por ela no Brasil. Desde setembro de 2000, a instituição atua diariamente no combate à fome, violação de direitos e inserção socioeconômica de populações em extrema vulnerabilidade social. Guiada pelos valores franciscanos de acolher, cuidar e defender,  atende mais de 4 mil pessoas todos os dias no Brasil. 


Depressão é um perigo silencioso

Iniciada no Brasil em 2015, a campanha Setembro Amarelo procura conscientizar a população sobre o suícidio.

Esta conscientização é fundamental, pois a maioria dos casos associados ao problema, tem relação com algum tipo de transtorno mental, como ansiedade e depressão, que podem se manifestar em qualquer fase de nossas vidas.

Além disso, a pandemia da Covid-19 foi determinante para o aumento em 25% de casos de pessoas com ansiedade e depressão, segundo a Organização Pan Americana da Saúde (OPAS).

Em outras palavras, 300 milhões de pessoas sofrem com depressão no mundo.

O período de isolamento e momentos de estresse gerados pela situação podem ajudar a explicar o crescimento significativo de casos, que atingem desde crianças até idosos.

A depressão afeta a qualidade e a regularidade do sono, assim como as atividades diárias de uma pessoa, incapacitando-a muitas vezes a sair de casa, estudar e trabalhar; no pior dos cenários, a depressão leva ao suicídio.

Apesar da existência de tratamentos individualizados, estima-se que menos da metade da população com depressão busca ajuda especializada, seja pelo preconceito – pelo medo de ser taxado de “louco” – seja pela falta de recursos financeiros.

Outro fator é o diagnóstico  incorreto, pois nem todos os acometidos por quadros depressivos possuem os mesmos sintomas.

Confundida muitas vezes com uma “tristeza”, a depressão se caracteriza por gerar um desânimo persistente e de grande duração.

De acordo com a OPAS, caso esse tipo de sintoma dure mais que duas semanas, isso é uma forte indicação de suspeita de depressão.

Ao notar esse e outros sintomas, como dificuldade de concentração, insônia, crises frequentes de ansiedade e pensamento suicida, devemos procurar com urgência ajuda de um médico psiquiatra.

Após avaliação e diagnóstico adequado, será ministrado o melhor tratamento medicamentoso, em conjunto com métodos e práticas psicoterapêuticas, que terão como objetivo único a recuperação total da saúde mental.

A continuidade ou mudança do tratamento dependerá unicamente do médico e jamais deverá ser interrompido por vontade própria do paciente.

Alguns casos deverão ter acompanhamento pela vida toda.

Diferente do que muitos julgam, depressão não é frescura e nossa saúde mental deve ser tratada com real atenção e cuidado, assim como fazemos com qualquer problema de enfermidade física que nos afeta.

Expor nossos sentimentos, medos e angústias é fundamental, e buscar auxílio e suporte profissional é o melhor caminho na busca de uma melhor qualidade de vida.

 

Saulo Barbosa - médico psiquiatra formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro com residência médica em psiquiatria pelo IPUB-RJ. Atende pacientes presencialmente em Minas Gerais, e on-line em todo Brasil e exterior.


No Dia das Crianças, como está a saúde mental das pessoas que lidam com elas?

Sejam pais, avós, professores, cuidadores, quem lida com o público infantil precisa estar atento às próprias questões mentais

 

 

No mês das crianças, mais que comemorar as alegrias da infância, é importante discutir o que fazer para que este período da vida seja o melhor de todos, sem estresse, ansiedade, depressão e, o mais grave, suicídio, o que infelizmente tem sido crescente entre o público mais jovem. Entre 1996 e 2021, foram contabilizados 3.285 casos de suicídio infantil (5 a 14 anos de idade) no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta aumento de 4,5% para 8%, em uma década, nos casos de depressão em crianças entre seis e 12 anos.  

Agressividade, cansaço excessivo, queixas de dores, pessimismo, dificuldade de concentração ou memória e falta de apetite estão entre os sinais que demandam maior atenção dos pais, responsáveis e educadores. Estes, portanto, precisam, em primeiro lugar, estar cientes de que crianças também podem ter sua saúde mental afetada; e, em segundo, mas não menos importante, devem estar em dia com a própria saúde mental.  

“É aquela máxima do estar bem primeiro para depois cuidar do outro. Pais e educadores, que estão bem perto das crianças, são responsáveis por construir ambientes saudáveis para a convivência dos pequenos, mas só conseguirão fazer isso se primeiro estiverem tendo atenção voltada para a própria saúde mental”, diz Lorena Soares, psicóloga e COO da Amar.elo Saúde Mental, que trabalha em prol do equilíbrio emocional nas empresas.  

A boa notícia, segundo ela, é que aos poucos este cuidado tem sido mais presente. Uma pesquisa realizada pela Microsoft diz que 53% dos profissionais no mundo consideram a saúde e o bem-estar prioridades, acima do trabalho. “Com a pandemia, as pessoas refletiram mais sobre o que é de fato importante em suas vidas, e por isso estão se colocando mais na agenda, cuidando mais de si mesmas. É um começo, mas um bom começo, e essa decisão vai impactar no relacionamento com as outras pessoas, incluindo as crianças”, afirma.  

Lorena afirma que um ambiente equilibrado emocionalmente, seja o de casa ou escolar, será favorável para que as crianças se desenvolvam bem, mais protegidas contra ansiedade, depressão e outros transtornos. “Vivemos em um ritmo acelerado e isso se reflete em todos os âmbitos, seja profissional ou familiar. Mesmo com a rotina do dia a dia dos adultos, é preciso dedicar um tempo de qualidade para realizar atividades com essas crianças e jovens. É importante lembrar que eles também foram impactados pelas mudanças e transtornos causados pela pandemia, tirando-os da rotina comum. Dar a atenção e o afeto necessário faz toda a diferença na formação de caráter e saúde integral desses indivíduos”, define.  

Para Lorena, fatores como exposição excessiva à telas, pouco convívio social e afetivo, as próprias alterações de fase, mudanças bruscas na dinâmica familiar ou escolares (baixo rendimento) podem impactar na saúde mental de crianças. “É preciso deixar a criança ser criança e o jovem ser jovem. Permitir que eles tenham seus momentos de brincadeiras, incentivá-los à prática esportiva e ao convívio com outras pessoas da mesma idade, e dentro de casa, com a família, é necessário existir a comunicação, falando, inclusive, sobre saúde mental, que não deve ser um tabu. Os adultos precisam aprender a ouvir e validar os sentimentos desses jovens e adolescentes, estabelecendo assim um ciclo de confiança de todas as partes”, acrescenta. 

No âmbito escolar, as cobranças de cada etapa fazem parte, inclusive, da preparação do indivíduo para lidar com o “mundo lá fora”. “Cabe, então, ao educador, preparar o terreno emocional das crianças para que elas saibam lidar bem tanto com o sucesso quanto com o fracasso, sabendo que ambos são comuns, embora sempre se busque minimizar os erros”, diz Lorena.  

“Neste Dia das Crianças, portanto, mais que presentes, pais, familiares, educadores têm a missão de proporcionar ambientes saudáveis emocionalmente, estando bem em primeiro lugar, apropriando-se do tema da saúde mental infantil, e trabalhando para reconhecer, quando necessário, sinais que pedem uma medida preventiva ou tratamento”, finaliza. 

 

Amar.elo Saúde Mental

www.amarelosaudemental.com.br


MITOS E VERDADES SOBRE DISLEXIA

5% da população brasileira tem este transtorno de aprendizagem; veja mitos e verdades sobre o assunto

 

O mês de Outubro é o período que os olhos do mundo se voltam para este transtorno que atinge mais de 17% da população mundial, segundo dados da Associação Brasileira de Dislexia, a ABD. No Brasil, mais de 10 milhões de pessoas têm dislexia, ou seja, 5% da população. Para quem não sabe, a dislexia é um transtorno específico da aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente das palavras e pela baixa habilidade de decodificação. 

Geralmente, as dificuldades derivam de um déficit no componente fonológico da linguagem, muitas vezes surpreendente quando comparado a outras habilidades cognitivas do indivíduo e às suas oportunidades educacionais. “Consequências secundárias podem incluir dificuldades na compreensão de texto e pouca experiência de leitura, podendo impedir o desenvolvimento do vocabulário e do conhecimento geral”, avalia Julia Braga, psicóloga com mestrado em educação inclusiva e gestora de educação do Instituto ABCD, organização social com o propósito de promover e disseminar projetos que impactem positivamente a vida de pessoas com Dislexia. 

O acesso ao diagnóstico é fundamental, pois quanto mais tardio maiores o impacto na aprendizagem e, com frequência, consequências emocionais. A avaliação geralmente é feita por equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, fonoaudiólogo emédico (pediatra, neuropediatra, neurologista e/ou psiquiatra. A vantagem da equipe multidisciplinar é garantir uma avaliação integral, em que cada profissional contribui com entendimentos e olhares específicos de sua área de conhecimento. Para que a avaliação multidisciplinar funcione, é fundamental que a equipe se reúna e compartilhe os resultados das avaliações especializadas, chegando a uma conclusão representativa das áreas investigadas. 

Nos adultos, a dislexia continua afetando a habilidade de ler e escrever corretamente do indivíduo. Sintomas comuns incluem erros ortográficos e dificuldades de leitura.

 

Conheça os Mitos e Verdades sobre o transtorno

 

Verdade ou Mito? Sinais de dislexia só aparecem no período da alfabetização.

MITO: Sinais de dislexia podem aparecer antes do período de alfabetização. Alguns incluem: atraso para começar a falar, dificuldade para identificar rimas e dificuldade para nomear números e cores.

 

Verdade ou Mito? A dislexia só é diagnosticada na infância.

MITO: A dislexia pode ser diagnosticada em qualquer idade. Inclusive, algumas pessoas só são diagnosticadas na vida adulta.

 

Fato ou Mito? A dislexia é causada pela falta de leitura.

MITO: Ter o hábito de ler em casa e na escola é muito importante para todas as crianças. Mas, a dislexia não é causada pela falta de leitura. A dislexia é um transtorno do neurodesenvolvimento de origem multifatorial.

 

Verdade ou Mito? Crianças pequenas com sinais de dislexia que praticam a consciência fonológica têm menos dificuldades de leitura no futuro.

Verdade: Pesquisas apontam que crianças com dislexia que praticam a consciência fonológica e a associação entre sons e letras apresentam menos problemas de leitura nos anos posteriores.

 

Verdade ou Mito? Quando a criança aprende a ler ela deixa de ser disléxica. 

Verdade: A dislexia é uma condição crônica que persiste ao longo da vida. Mesmo já alfabetizada, a pessoa continua tendo dislexia.

 

Verdade ou Mito? A dislexia é hereditária.

Verdade: A dislexia é uma condição neurológica hereditária. Entre e ½ das crianças com dislexia têm um parente disléxico. Às vezes este parente (geralmente pai ou mãe) nunca foi diagnosticado, mas é possível perceber a existência da dislexia através do histórico de dificuldades de leitura e ortografia.

 

Verdade ou Mito? A dislexia é uma doença.

MITO: A dislexia não é uma doença, apesar de muitos neurologistas, geneticistas, psiquiatras, neurologistas e pediatras terem nos ajudado a compreender este transtorno. A dislexia é uma condição que necessita de intervenção educacional e, muitas vezes, terapias especializadas.

 

Verdade ou Mito? Pessoas com dislexia podem ter sucesso na vida.

Verdade: Com um diagnóstico apropriado, uma intervenção de alta qualidade, esforço e apoio emocional, pessoas com dislexia conseguem alcançar sucesso na escola, no trabalho e na vida. Existem muitas pessoas com dislexia que conquistaram grande sucesso profissional, como o ator Tom Cruise, o empresário britânico Richard Branson, o chef de cozinha Jamie Oliver e o diretor de cinema Steven Spielberg.

 

Verdade ou Mito? Toda criança com dificuldade em leitura e escrita tem dislexia.

MITO: Nem toda dificuldade em leitura e escrita caracteriza uma dislexia. Na verdade, a dificuldade na leitura e escrita é bastante comum no Brasil. Dados da última Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) apontam que mais de 50% das crianças não alcançaram o nível desejado em leitura ao final do 3º ano do ensino fundamental. Como sabemos que a prevalência da dislexia é bem menor que isso, precisamos considerar que existem vários outros motivos pelos quais tantas crianças estão com  dificuldade para aprender a ler e escrever.

 

Verdade ou Mito? A dislexia pode ser causada por múltiplos fatores.

Verdade: Muitos autores atualmente defendem a ideia que múltiplos fatores podem funcionar juntos para causar dificuldades de leitura. O problema fonológico pode ser uma dificuldade primária, mas interage com outros fatores para aumentar ou reduzir a chance de dislexia. Este ponto de vista é chamado de modelo multifatorial das causas da dislexia.

  

Instituto ABCD 

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Mês das crianças

crédito: canva
Transtornos mentais infantis pouco conhecidos merecem atenção dos pais para diagnóstico precoce


De acordo com o Dr. Sérgio Rocha, médico psiquiatra e diretor da Clínica Revitalis, transtornos menos comuns precisam de atenção redobrada para não atrasar diagnóstico e tratamento adequado; conheça alguns deles


Diversos transtornos mentais afetam crianças e jovens no Brasil e no mundo, os mais comuns entre eles são o TEA (Transtorno do Espectro Autismo), que segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), atinge cerca de 2% da população no Brasil, e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que de acordo com a entidade, está presente em 4% das pessoas no país. 

Além desses “velhos conhecidos”- existem transtornos que também afetam as crianças e são relativamente comuns, mas não são tão conhecidos como o autismo ou o TDAH, fato que pode agravar a situação de alguns pacientes. “Diversos transtornos mentais afetam as crianças e os jovens e como qualquer outro, é importante que os pais estejam sempre atentos aos sinais para um diagnóstico precoce, facilitando o tratamento”, explica o Dr. Sérgio Rocha, médico psiquiatra e diretor da Clínica Revitalis. Nesse caso, podemos incluir o Transtorno Desafiador de Oposição, Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem e o Transtorno de Conduta. 

Quando os pais ou responsáveis notam algum comportamento diferente, é importante procurar um especialista o quanto antes, pois muitas vezes os sintomas podem ser confundidos com atitudes comuns da infância, dificultando o diagnóstico e, consequentemente, atrasando o tratamento. “Começar a tratar no início aumenta a chance de o transtorno ser controlado, possibilitando melhor qualidade de vida do paciente”. 

Mas afinal, que transtornos são esses e como identificar cada um? Para ajudar, o Dr. Sérgio listou alguns deles. Confira:
 

TOD

O Transtorno Desafiador de Oposição, ou Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD), apesar de relativamente comum, não é muito conhecido, ou seja, pouco se fala sobre ele. Segundo o Dr. Sérgio Rocha, essas crianças são respondonas e bastante teimosas, podendo desafiar outras pessoas. “Os sintomas do TOD , apesar de semelhantes, ainda não podem ser considerados traços maduros da personalidade”, comenta ele. 

Ainda de acordo com o especialista, as pessoas com TOD choram e se irritam com muita facilidade quando são contrariadas. “Isso acaba atrapalhando o convívio delas na escola, com a família e amigos”, complementa.

Entre os sintomas, podemos destacar o fato dessas crianças discutirem com jovens, importunar outras pessoas, provocar adultos e colegas, não saber expressar emoções intensas sem gritar e brigar com amigos.
 

TDL

Relacionado às dificuldades persistentes na fala e no desenvolvimento da linguagem de crianças, o Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL), pode estar relacionado a falta de incentivo da fala ou até mesmo ser um sintoma inicial do autismo. 

“Estamos falando de um transtorno menos comum do que o TOD, mas que afeta muitas crianças. O diagnóstico costuma acontecer por volta dos 3, quando os pais passam a estranham o atraso na fala dos filhos. Por isso, é muito importante ficar atento a isso, afinal, quanto antes o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento”, explica o Dr. Rocha.

 

Transtorno de Conduta

As crianças e os adolescentes que sofrem com o transtorno de conduta têm comportamentos inadequados, agindo de modo violento e egoísta. “Essas pessoas parecem não ficar constrangidas com atitudes como furtar objetos, gritar e fazer birra, praticar bullying e desrespeito regrar”, explica o Dr. Rocha.

O especialista comenta que, nos casos dos adolescentes, o transtorno pode ser perigoso, já que muitas vezes os jovens estão cometendo atos que podem render problemas com a lei. “Por isso é ainda mais importante o diagnóstico e tratamento precoce”, complementa ele. 

Na adolescência, as pessoas que possuem esse tipo de transtorno podem cometer furtos, roubos, destruir ou invadir propriedades alheias e cometer incêndios, entre outros.

 

Dr. Sérgio Rocha - Médico especialista em Psiquiatria, fez residência médica pela Marinha em 2006. Em 2007 fez pós graduação latu sensu em Psiquiatria pela PUC-Rio, sendo convidado em 2009 para ser professor de psicofarmacologia e coordenador da pós-graduação em Psiquiatria da PUC-Rio, atuando assim até 2017. Também é mestre em Neurociências pela IAEU, BAR -- Espanha (2015), especialista em Dependência Química pela UNIFESP (2017) e pós graduado em Psicopatologia Fenomenologica pela Santa Case de São Paulo (2019). Atuou na Clínica Revitalis como Diretor Técnico desde sua fundação em 2013.


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