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terça-feira, 20 de setembro de 2022

Dermatite Atópica pode ser tratada com medicamento moderno e seguro

23/09 – Dia de Conscientização da Dermatite Atópica

Médica dá dicas para o banho de quem tem a DA

 

A dermatite atópica pode trazer sérias complicações e impactar consideravelmente a qualidade de vida do paciente quando não está controlada. Cerca de 20% das crianças e 3% dos adultos são afetados pela dermatite atópica, e a doença se caracteriza por um processo inflamatório da pele com períodos alternados de melhora e piora. 

“Hoje o anticorpo monoclonal dupilumabe, aplicado por meio de infusões (injeções) e o inibidor de JAK Upadacitinibe (administrado por via oral) são medicamentos que representam a linha moderna e segura para tratamento da Dermatite Atópica (DA), principalmente nos casos em que a doença não é controlada adequadamente com tratamentos tópicos, ou quando estes tratamentos não são aconselhados para um determinado paciente”, explica Dr. Clóvis Galvão, médico alergista e imunologista da USP. 

A dermatite atópica é uma doença que envolve alterações genéticas associadas a mudanças do ambiente. É considerada crônica, normalmente associada à asma e rinite. 

Entre os sintomas da (DA) estão: ressecamento, vermelhidão, ardor, inchaço, alteração de cor, manchas, formação de bolhas, feridas, rachaduras, crostas, descamação, entre outros. A DA se apresenta mais frequentemente nas dobras do corpo, como pescoço, cotovelo e atrás do joelho, porém pode se manifestar também nas mãos, nos pés, no rosto, nas costas, no peito e até mesmo no couro cabeludo.

 

Dicas para o banho do paciente com dermatite atópica 

Pessoas com algum tipo de alergia devem tomar alguns cuidados na hora do banho, principalmente aquelas que já sabem ter dermatite atópica. O alerta é da Dra. Mariele Morandin Lopes, médica alergista (USP). Segundo a especialista, a água do banho deve sempre estar em uma temperatura morna, ou seja, aquela quando não se percebe se está fria ou quente. 

“O banho não precisa ser rápido, como era orientado até pouco tempo atrás. Estamos vendo estudos que apontam que se a água estiver morna, o banho pode ser mais prolongado”, conta Dra. Mariele, que assim como o Dr. Clóvis também é médica da Clínica Croce, especializada em vacinação, infusões de medicamentos e no diagnóstico e tratamento nas áreas de Alergia, Imunologia e Endocrinologia. 

A bucha ou esponja deve ser dispensada na hora do banho pelas pessoas com dermatite atópica. Isso porque, ao passar a bucha pelo corpo, pode haver a remoção da camada protetora da pele. O sabonete deve ser neutro, o mais próximo possível do PH natural da pele. 

A hidratação, feita ao final do banho, é o momento mais importante desses cuidados. Ainda com a pele úmida, sem enxugar muito, passe o hidratante indicado pelo especialista (são loções próprias para esses pacientes). 

“A hidratação da pele pode ser feita várias vezes ao dia, não só no banho. Manter o controle da dermatite atópica pode evitar que outras doenças sejam desencadeadas, como a rinite alérgica e a asma, por exemplo. Por isso a importância do acompanhamento de um especialista em Alergia e Imunologia para evitar crises de dermatite atópica e demais doenças”, finaliza Dra. Mariele.

 

Clínica Croce

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Até 2030 Brasil terá mais de 7 milhões de crianças com obesidade


A obesidade infantil já é considerada uma epidemia mundial. Segundo o Atlas da Obesidade 2022, publicado pela World Obesity Federation (leia aqui). A estimativa é de que um bilhão de pessoas em todo o mundo - incluindo 1 em cada 5 mulheres e 1 em cada 7 homens - viverão com obesidade até 2030.

 

E as crianças também fazem parte dessas estimativas preocupantes. Segundo o mesmo estudo, prevê-se que 23,12% das crianças de 5 a 9 anos e 18,60% dos adolescentes de 10 a 19 anos serão afetados pela obesidade até 2030, totalizando 44 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos em todas as Américas. No Brasil, a estimativa é de 7,7 milhões de crianças com obesidade até 2030.

 

Crianças com obesidade são mais propensas a ter problemas de saúde na infância, incluindo hipertensão e distúrbios metabólicos. Muitas vezes, a obesidade infantil é levada até a idade adulta, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.

 

“A obesidade infantil também tem consequências para a saúde mental que levam a níveis mais baixos de autoestima e maior probabilidade de sofrer bullying”, alerta a endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato.

 

A especialista explica que, além dos fatores genéticos, responsáveis por 70% das causas da obesidade, há também o estilo de vida da criança. As telas dos smartphones e o vídeo games aliados à baixa qualidade nutricional dos alimentos consumidos pelas crianças e falta de exercícios físicos contribuem para que a obesidade infantil atinja patamares assustadores.

 

“Não é proibir, mas colocar limites para ficar na frente da televisão e celulares. Arrumar atividades que gastem energia, como andar de skate, brincar de pega-pega, o que fazíamos na nossa época de infância”, lembra a especialista.

 

Salgadinhos e excesso de doces são prejudiciais à saúde. “É preciso oferecer frutas, folhas verdes, legumes. É uma troca, nem sempre muito bem-vista pela criança, mas que aos poucos faz toda a diferença na qualidade de vida. E muito importante: a família deve dar o exemplo e se comprometer a seguir a mesma alimentação, já que crianças costumam copiar as atitudes dos pais”, explica a médica.


 

Dicas da Dra. Lorena Amato:

 

- Criança precisa de rotina, inclusive na hora de comer. Horários estabelecidos para as refeições, que ajudam a diminuir a chance de escapar e comer aquele salgadinho.

 

- Até para beber água é importante ter uma rotina, fique atento a isso. A água pode inibir a vontade de comer. Não beber água, pelo menos, 30 minutos antes das refeições.

 

- Outra estratégia é não comer doces e salgadinhos direto do pacote, coloque em um pote uma quantidade determinada para que não haja exagero!

 

- Comer um alimento de desejo de vez em quando não é o problema, desde que isso não se torne rotina.

 

- Deixar frutas à disposição e ao alcance da criança é uma ótima dica para incentivar a alimentação saudável.

 

Dra. Lorena Lima Amato - endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e doutora pela USP.

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Trombólise: técnica diminui risco de óbito por infarto em até 40%

Procedimento consiste na aplicação de medicamento que dissolve de forma rápida o coágulo que interrompe fluxo sanguíneo, deve ser administrado em até 12 horas a partir dos primeiros sintomas do paciente

 

O infarto voltou a ser, junto com o acidente vascular cerebral, a principal causa de morte entre os brasileiros. Voltou porque havia perdido o posto para a Covid-19 nos momentos mais críticos da pandemia. Hoje, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, aproximadamente 400 mil pessoas perdem a vida em função das doenças cardiovasculares por ano no país. Destes, são 120 mil mortes por infarto agudo do miocárdio. Ao sofrer um infarto, o tempo até buscar o atendimento médico é fator primordial para preservar a vida do paciente e a trombólise, técnica usada para a desobstrução da artéria no primeiro atendimento com a ajuda de medicamentos, é importante aliada nesse processo – uma vez que diminui o risco de mortes em até 40%, de acordo com estudo publicado no The Lancet.

 

No procedimento, o trombolítico (que é o nome dos medicamentos usados no tratamento) é injetado no paciente para dissolver rapidamente o trombo vermelho – uma espécie de “rolha” formada por plaquetas responsável pela interrupção do fluxo sanguíneo na região. Os medicamentos mais utilizados neste tratamento são a Estreptoquinase, Tenecteplaze e a Alteplase. “Após o procedimento de trombólise, o paciente poderá fazer um cateterismo cardíaco para melhor estudo do caso e complementar o tratamento com uma angioplastia coronariana, preferencialmente pelo menos duas horas após a aplicação do trombolítico, explica o Dr. Fernando Costa, cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais hubs de saúde de excelência do país.

 

O infarto, ou ataque cardíaco, ocorre quando toda artéria responsável por levar sangue do coração ao resto do corpo é totalmente obstruída. Nessa obstrução ocorre a formação de um trombo sanguíneo, mais conhecido como coágulo, que limita ou interrompe totalmente o fluxo normal do sangue, com início do sofrimento daquele grupo muscular que se não levara a morte do território irrigado por este vaso. “O tratamento para este problema é a desobstrução aguda em até 12 horas a partir do início dos sintomas, quando essa obstrução for total configura um tipo de infarto agudo do miocárdio definido como infarto com supra desnível de segmento ST”, afirma o médico.

 

O cardiologista aponta, no entanto, que a trombólise é importante para salvar a vida do paciente em um momento crítico, mas alerta que o tratamento precisa ser continuado com o encaminhamento a um serviço de hemodinâmica como o da BP. Segundo ele, o estudo do caso através do cateterismo cardíaco e a necessidade de uma angioplastia – desobstrução da artéria por meio de um cateter – é indispensável para aumentar a efetividade do tratamento. “Se o indivíduo tiver pressões arteriais muito altas no momento do infarto é necessário baixá-la antes de aplicar o trombolítico. Caso contrário, ele pode ser acometido por um derrame cerebral”, portanto todo cuidado no manejo é importante, lembrando que podemos esperar até 12 horas para fazer uso do trombolítico e neste período poderemos utilizar medicações para o controle da pressão arterial e depois fazer a medicação reduzindo os riscos de acidentes, orienta Costa. 

De acordo com o médico, apesar de seguro, o procedimento precisa ser realizado em local que ofereça a retaguarda necessária para possíveis intercorrências. As mais comuns neste tratamento são hemorragias, arritmias cardíacas e hipotensão (queda da pressão arterial). Quando uma artéria coronariana sofre uma interrupção aguda no seu fluxo com consequente sofrimento da área que recebe sangue por ela, o retorno do fluxo de sangue através do uso de trombolítico ou da angioplastia pode levar ao aparecimento de arritmias graves, chamadas de “arritmias de reperfusão” e por isso é necessário que os locais de atendimento ofereçam condições para o tratamento destas arritmias com uso de desfibriladores e monitores cardíacos.

 

BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo


Condor dá dicas de escovação para quem utiliza aparelho ortodôntico


Dúvidas sobre a higienização bucal para quem utiliza aparelhos ortodônticos são comuns em consultórios, o que também implica na escolha correta da escova para limpeza. Escovações rápidas e com escovas comuns podem prejudicar e atrasar o tratamento. Para auxiliar na manutenção de um processo correto, a Condor - empresa nacional e líder em diversas categorias dos segmentos de Limpeza, Higiene Bucal, Beleza e Pintura -- e o embaixador da marca, o dentista Hamilton Jr., destacam os principais cuidados para a higienização bucal correta de quem tem aparelho ortodôntico. 

“A rotina corrida que levamos hoje em dia, faz com que as pessoas não escovem os dentes entre as refeições e, quando realizada, é feita de maneira rápida. Porém, a rapidez pode tanto danificar o aparelho ortodôntico, quanto deixar resíduos que podem provocar sérios problemas como cáries, tártaros e gengivites”, alerta Hamilton Jr. 

Confira as dicas para realizar uma correta higienização:

 

1. Escolhendo o modelo certo de escova 

“Para quem faz tratamento ortodôntico é essencial escolher o modelo certo de escova, que deve ter cerdas distribuídas em V, o que permite que elas se encaixem entre os espaços dos dentes e bráquetes. Esse ajuste é fundamental para que a limpeza seja feita da maneira correta”, explica Hamilton Jr. Para isso, o profissional recomenda a Escova Dental Ortodôntica da Condor, que possui cerdas macias e seu formato permite que as cerdas inferiores no centro da escova acomodem os bráquetes do aparelho, enquanto as cerdas laterais superiores alcançam os dentes. Além disso, a escova possui cabo emborrachado e limpador de língua para uma limpeza completa.

 

2. Antes da escovação
 
Antes de iniciar a escovação, certifique-se que retirou todos os itens removíveis, como elásticos. Após retirá-los, iniciei a higienização com o fio dental, pois ele remove as partículas maiores e facilita o trabalho da escova. Também é recomendável utilizar um passador de fio para auxiliar o manejo do fio entre os dentes e o aparelho. “Recomendo o fio dental da Condor, porque ele possui uma tecnologia que não desfia, e, assim, desliza melhor entre os dentes. Ele ainda tem sabor menta, o que dá aquela sensação de refrescância, algo que interfere muito no conforto de quem usa aparelho”, explica.



3. Escovação 

Para iniciar a escovação, deve-se dividir a boca em quatro partes: dentes de cima do lado esquerdo, dentes de baixo esquerdo, dentes de cima do lado direito e dentes de baixo direito. “Outra dica importante é encaixar a escova em um ângulo de 45º graus nos bráquetes, isso irá facilitar a limpeza da parte superior e inferior, sem agredir a gengiva”, indica Hamilton. 

É importante dedicar pelo menos 30 segundos para a escovação de cada lado e 30 segundos para a escovação da língua. “A má higienização da língua pode levar ao acúmulo de placa bacteriana e mau hálito”, acrescenta.


4. Enxaguante bucal 

O enxaguante bucal é primordial para ajudar na limpeza dos aparelhos. Para isso, o produto deve ser sem álcool e com flúor, pois a substância diminui a probabilidade de cáries e tártaros.
 


5. Cuidados essenciais 

A troca da escova deve ser realizada a cada 3 meses, que é o tempo de vida útil do produto em uso. No entanto, os bráquetes do aparelho costumam desgastar as cerdas da escova, o que pode exigir a troca antes do período indicado. O Dr. Hamilton ressalta ainda que a higienização bucal de quem usa aparelho ortodôntico seja reforçada em consultório a cada seis meses. “O dentista tem recursos e conhecimento para realizar uma limpeza detalhada, removendo completamente a placa bacteriana. Além disso, nessas consultas periódicas, ele verifica a saúde dos dentes e das gengivas”, esclarece. Outro cuidado essencial é que o paciente evite o consumo de alimentos duros e ricos em açúcares, como doces como balas, chicletes e pirulitos. “Esses alimentos podem danificar o aparelho, assim como facilitar o aparecimento de cáries”, alerta.



Condor

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SAC: 0800 047 6666.


Artrite Idiopática Juvenil: Conheça a condição rara que atinge crianças e adolescentes

Com causa desconhecida, a AIJ é um conjunto de subtipos de doenças que afetam joelhos, punhos, pés, mãos e cotovelos


Apesar de muito conhecida entre a população adulta, a artrite — doença inflamatória crônica que afeta diversas articulações — também prejudica crianças e adolescentes, podendo surgir desde o primeiro ano de vida. A Artrite Idiopática Juvenil (AIJ), também conhecida como doença de Still ou Artrite Reumatóide Juvenil, é um conjunto de doenças autoimunes que aparecem antes dos 16 anos de idade, atingindo as articulações e outros órgãos, como a pele, os olhos e o coração.

A causa da AIJ ainda não é conhecida, e até mesmo sua incidência não é exata em nosso país. No entanto, estudos recentes comprovam que além da tendência familiar, fatores externos como infecções virais e bacterianas, estresse emocional e traumatismos articulares atuam como gatilhos para o desencadeamento da doença, cujos principais sintomas são dores, rigidez, inchaço e vermelhidão nas articulações.

Seu diagnóstico é clínico, baseado na presença de artrite em uma ou mais articulações com duração de, no mínimo, seis semanas. Não é fácil identificar casos de AIJ, visto que seus principais sintomas são comuns em inúmeras doenças, como as infecções. Por isso, além das dores e inflamações, outros fatores levados em consideração para um diagnóstico preciso são: rigidez matinal, fraqueza ou a falta de capacidade na mobilização das articulações, além de febre alta diária por mais de duas semanas.

Classificada em diversas categorias, os três tipos mais comuns de Artrite Idiopática Juvenil são pauciarticular — ou oligoarticular —, em que são atingidas até quatro articulações, causando também a inflamação dos olhos, o que demanda consultas regulares ao oftalmologista;  poliarticular,  em que são afetadas cinco ou mais articulações, principalmente joelhos, tornozelos, punhos, cotovelos e pequenas juntas das mãos e pés; e sistêmica, que se caracteriza através da presença de artrite junto à febre alta, erupção na pele, serosite e aumento de fígado e baço. Outros tipos de AIJ são artrite psoriásica infantil, artrite relacionada à entesite e indiferenciada.

A boa notícia é que, apesar das dificuldades, uma vez diagnosticada a doença e iniciados os tratamentos de maneira precoce, as inflamações são controladas e os pacientes conseguem retornar às atividades normalmente. Em alguns casos, é necessário fisioterapia e, nos mais extremos, recomenda-se o acompanhamento psicológico, visto que a doença crônica impacta diretamente vários âmbitos da vida da criança e dos familiares.

É muito importante que os pais e professores mantenham-se atentos a sinais de alteração de comportamento nos pequenos. Além dos indícios físicos, como dificuldade na movimentação, os pacientes frequentemente possuem modificações de humor por conta das dores, apresentando picos de tristeza ou raiva.

 

Dra. Cláudia Goldenstein Schainberg - especialista em Reumatologia e Reumatologia Pediátrica. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, mestrado e doutorado em Medicina (Reumatologia) pela Universidade de São Paulo, especialização nos EUA e Canadá. Atualmente é professora e mentora de novos profissionais na Universidade de São Paulo.


Pacientes bariátricos têm mais risco de desenvolverem osteoporose

Método cirúrgico mais indicado para obesos com IMC acima de 40 prejudica a absorção de nutrientes, impactando a saúde óssea

 

            De acordo com a revista acadêmica British Medical Journal, pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, para tratamento da obesidade, têm 30% mais chances de desenvolverem osteoporose. A diminuição da absorção de nutrientes, como cálcio e fósforo, resultado do procedimento, prejudica o metabolismo ósseo, tornando os ossos mais frágeis. 

            Uma projeção feita pela World Obesity Federation, organização internacional voltada para redução, prevenção e tratamento da obesidade, apresentou que, em 2030, cerca de 30% da população brasileira adulta terá obesidade. O quadro preocupa os especialistas em metabolismo ósseo, uma vez que a osteoporose já atinge, cerca de 10 milhões de brasileiros segundo a ABRASSO (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo). 

            “Além do prejuízo na absorção de nutrientes, alterações no padrão hormonal, como redução de insulina, e fatores de crescimento, como IGF1 e estrógeno, também contribuem para o prejuízo ósseo que se segue à cirurgia bariátrica. O tratamento cirúrgico é uma alternativa para a obesidade grave, que traz benefícios metabólicos e cardiovasculares, mas não é isenta de efeitos adversos. A perda óssea e o impacto negativo sobre a resistência dos ossos fazem parte da lista de complicações desse procedimento”, ressalta o endocrinologista e presidente da ABRASSO, Francisco de Paula. 

            Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o SUS (Sistema Único de Saúde) realizou, em 2019, 12.568 cirurgias bariátricas. A entidade salienta que, devido à pandemia da Covid-19, o número caiu para 3.772, em 2020, e 2.296, em 2021. Contudo, os dados vinham apresentando um aumento sequencial desde 2011, quando foram registrados 5.370 procedimentos.

 

Perda de massa óssea 

No pós-operatório, há aumento da atividade de remodelação óssea, que provoca um balanço negativo entre a formação e a reabsorção do osso, causando perda de massa óssea, o que pode, em longo prazo, levar à osteoporose. “No caso de pacientes com osteoporose diagnosticada antes da cirurgia, esse fator deve ser considerando na análise de benefícios e riscos do procedimento. Caso a opção cirúrgica seja mantida, o tratamento farmacológico deve ser considerado”, salienta Francisco de Paula. 

Há três métodos de cirurgia bariátrica, as restritivas, as mistas e as disabsortivas, além do tipo de gastroplastia que causa impactos diferentes no tecido ósseo do paciente. “Existem procedimentos que causam maior prejuízo de absorção  de nutrientes. Algumas cirurgias apenas diminuem o tamanho do estômago, enquanto outras diminuem a área de absorção do intestino delgado, que é onde ocorre a absorção do cálcio e da vitamina D, que atuam diretamente na formação óssea”, explica a clínica médica Melissa Premaor. 

Para ela, o tempo de imobilização pós-cirurgia deve ser o menor possível e o paciente deve ser orientado a realizar exercícios com carga, como caminhada, assim que puder. “Manter uma rotina de exercícios é essencial. A dieta também deve ser balanceada e cálcio e vitamina D repostos de forma apropriada, com acompanhamento médico permanente. Se o paciente apresentar osteoporose, a doença não dever ser negligenciada, mas sim tratada”, afirma Melissa Premaor.

 

Congresso de osteoporose 

            Para discutir os mais variados temas que envolvem o metabolismo ósseo, incluindo o impacto causado pela obesidade e procedimentos bariátricos, a ABRASSO realizará, de 19 a 22 de outubro, o 10º BRADOO (Congresso Brasileiro de Densitometria, Osteoporose e Osteometabolismo). O evento acontecerá no Windsor Oceânico Hotel, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ). Participarão médicos especialistas do Brasil e do exterior, que divulgarão trabalhos científicos e discutirão novas diretrizes sobre as doenças ósseas. 

            “Prevenção e tratamento da doença osteometabólica após cirurgia bariátrica” e “Magreza e obesidade – qual é mais tóxica” serão duas das aulas ministradas no segundo dia de congresso. Os temas serão apresentados por endocrinologistas, ortopedistas, reumatologistas, ginecologistas, geriatras, fisiatras, nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos e profissionais de áreas que “conversam”, direta ou indiretamente, com o metabolismo ósseo. Confira todos os tópicos em www.bradoo.com.br. 

            “Por conta da pandemia, decidimos adiar o congresso e fazê-lo no segundo semestre de 2022. A data coincidirá com o Dia Mundial de Prevenção e Combate a Osteoporose, celebrado no dia 20 de outubro. O BRADOO reúne sempre os maiores especialistas em saúde óssea do Brasil e do mundo”, conclui o endocrinologista e presidente do congresso, João Lindolfo Borges.

 

ABRASSO


Risco de mortalidade materna é 90 vezes maior na gravidez ectópica

Por ser rara e haver desinformação, a gravidez ectópica gera complicações que poderiam ser evitadas  

 

Segundo a FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a gravidez ectópica (fora do útero) acontece em 2% de todas as gestações do mundo, mas o risco de mortalidade materna é 90 vezes maior que uma gestação normal e o risco de o bebê falecer é de 95%. 

Por ser rara e haver desinformação, a gravidez ectópica gera complicações que poderiam ser evitadas. Para esclarecer as principais dúvidas sobre essa condição, o Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, Membro da FEBRASGO e Especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, e em Infertilidade e Ultrassom em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO, e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre; listou pontos essenciais:

 

O que é a gravidez ectópica

Segundo ele, em uma gestação normal, um óvulo fertilizado passa pelas trompas de falópio e chega ao útero, local em que se implanta e começa o processo de formação do bebê. “Já na gravidez ectópica, o óvulo fertilizado se implanta fora do útero, geralmente nas trompas de falópio. Quando isso acontece, a gestação não evolui, pois não há possibilidade de um embrião se desenvolver nesta região”.

 

Possíveis causas

- Infecção: se uma das trompas de falópio estiver infeccionada, ela pode ficar inteiramente ou parcialmente fechada. Sendo assim, o óvulo fertilizado não consegue chegar ao útero 

- Tecido cicatricial: o óvulo pode ter dificuldade de atravessar a trompa de falópio se o tecido cicatricial de uma infecção ou de uma cirurgia estiver bloqueando o percurso 

- O formato das trompas de falópio: algumas mulheres podem ter um problema congênito nas trompas, como o crescimento acima do comum. Nestes casos, o óvulo fertilizado pode ter dificuldades para chegar ao útero

 

Probabilidade de uma gravidez ectópica

- Mulher com mais de 35 anos de idade 

- Histórico de gravidez ectópica anterior 

- Histórico de cirurgia abdominal 

- Histórico de doença pélvica inflamatória 

- Gravidez após laqueadura ou com uso incorreto do DIU 

- Fumante 

- Histórico de endometriose

 

Sintomas

É possível notar sintomas diferentes de uma gestação normal, principalmente entre a 4ª e 12ª semanas. Os sintomas são: 

- Dor aguda na pelve, no abdômen ou até nos ombros e no pescoço 

- Sangramento intenso ou leve 

- Desconforto ao urinar ou defecar 

- Fraqueza, tontura ou desmaios

 

Diagnóstico

Os seguintes exames solicitados pelo médico podem identificar a gravidez ectópica: 

- Exame pélvico para avaliar dor, sensibilidade ou identificar massas no abdômen 

- Ultrassom para confirmar se a gestação está desenvolvendo no útero 

- Teste de urina ou de sangue para medir o nível do HCG, hormônio da gravidez. Se estiver abaixo do normal, será necessário investigar uma possível gravidez ectópica

 

Tratamento

Envolve a interrupção da gravidez por meio das seguintes opções: 

- Medicamento específico para absorção do tecido da gravidez ectópica 

- Cirurgia minimamente invasiva, como uma laparoscopia, para remoção do tecido remanescente da gravidez ectópica e reparação da trompa de falópio afetada 

- Remoção total ou parcial da trompa de falópio, caso tenha havido alargamento ou rompimento 

- Monitoramento médico e checagem do nível de HCG, garantindo que o tecido ectópico tenha sido completamente removido 

“Daí a importância de fazer o pré-natal adequadamente. Ao menor sinal de problemas adversos de uma gestação normal, acione seu médico imediatamente”, alerta Carlos Moraes.


Contra retinoblastoma e doenças da visão, o caminho é usar “informação com responsabilidade”, destaca presidente do CBO

Lançamento da campanha “De Olho nos Olhinhos”, idealizado pelo casal Tiago Leifert e Diana Garbin, reuniu entidades médicas e população, em São Paulo (SP)

 

Tendas instaladas no meio de uma das praças do Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP), abrigaram um momento histórico na vida dos jornalistas Tiago Leifert e Diana Garbin: o lançamento da campanha “De Olho nos Olhinhos”, que pretende chamar a atenção sobre o retinoblastoma, patologia a qual foi diagnosticada a filha do casal, Lua, aos 11 meses de vida. “A gente não sabia o que era essa doença, então fomos atrás de médicos para entender”, disse Diana. 

Diversas entidades abraçaram a causa, realizada no em 17 de setembro (sábado). Entre elas, constam: Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), que foi representado pelo seu presidente Cristiano Caixeta Umbelino. “Eventos como esse têm importância ímpar na conscientização e educação da população. Temos que trazer a informação com responsabilidade e com todo embasamento técnico científico necessário”, reforçou o presidente do Conselho, que também é professor da Santa Casa de São Paulo.

 

Publicação - Essa preocupação com a qualidade da informação também é compartilhada pelo casal Tiago e Diana, que elaborou uma cartilha com dados sobre o retinoblastoma. A publicação foi distribuída em massa para as pessoas que passaram pelo local, e que está disponível em formato digital. “As sociedades (médicas) nos ajudam para levar informações corretamente, para falar os termos técnicos corretamente e é importante tê-las conosco hoje”, disse Tiago Leifert, 

Na oportunidade, o presidente do CBO destacou ainda que, com a campanha promovida pelo casal de jornalistas, a abordagem do tema pode ser feita de maneira leve, mas comprometida com a qualidade. “A partir do momento que a população tem a informação de maneira correta, ela busca os canais adequados para ter sua doença diagnosticada e tratada. Lógico que ter eles (Tiago e Diana) como promotores da saúde, que é o que eles se tornaram, ajuda muito”, disse Cristiano Caixeta Umbelino.

 

Doença rara - De tantas patologias oftalmológicas que podem afetar bebês, o retinoblastoma é uma das mais raras. “A incidência acontece em 1 a cada 20 mil nascidos vivos e o diagnóstico precoce, sem sombra de dúvidas, é o principal fator que pode mudar o prognóstico daquela criança”, alerta o presidente do CBO. 

Segundo ele, muitas vezes, a criança não apresenta qualquer sintoma nas fases iniciais da doença. Porém, continuou, há casos em que é possível identificar alguns sinais, como a diminuição do brilho ocular, ou então a leucocoria, que é o olho branco que reflete a luz de um flash, também conhecido como olho de gato. 

Quando o assunto é saúde dos olhos, os pais devem ficar atentos a qualquer comportamento incomum de seus filhos dentro de casa, alertou o presidente do CBO. “Quando elas estiverem brincando, observe se elas tropeçam, caem ou esbarram muito nos móveis e objetos. São pequenos sinais que podem indicar a presença de problemas no aparelho da visão”, esclareceu.

 

Participação -- Para Caixeta Umbelino, o CBO tem no seu DNA as ações de promoção da saúde. “O principal objetivo dos conselhos de classe, além de promover atividades com foco na sociedade, é esclarecer a população, trazer a informação coerente com responsabilidade, ética acima de tudo e respeito ao paciente e à população”, disse. 

Além do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a campanha promovida por Tiago Leifert e Diana Garbin conta também com o apoio de outras instituições, como Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); Sociedade Brasileira de Oncologia em Oftalmologia (SBOO); Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE); Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP). 

Outros apoiadores são: Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Escola Paulista de Medicina (EPM) /Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca), Agência Ogilvy, 828 Eventos, Editora Sextante, Show da Luna, e Hasbro do Brasil.

 

Doença - O retinoblastoma é o tumor intraocular maligno primário mais comum entre as crianças. Ele é originário das células da retina, e pode ocorrer em um olho (unilateral) ou em ambos (bilateral). Geralmente ocorre em crianças com menos de cinco anos de idade, e afeta, aproximadamente, anualmente, 6 mil crianças no mundo, ocorrendo igualmente em meninos e meninas. 

Fique atento aos sinais de alerta do retinoblastoma:

  • Reflexo branco, leucocoria, olho de gato
  • Diminuição da visão
  • Movimentos irregulares dos olhos
  • Estrabismo

Chegada da primavera abre a temporada de alergias e espirros

Saiba como cuidar da saúde nesta época do ano


A primavera, que começa neste dia 22 de setembro e para muitos é lembrada como a época das flores que exalam um cheiro bom no ar, pode ser para algumas pessoas o início de um período de espirros e alergias diversas. A nova estação demanda alguns cuidados para quem é mais suscetível aos sintomas típicos desta fase que marca o fim das temperaturas baixas. Os aromas ou até mesmo o pólen que vem das flores, por exemplo, podem causar alguns incômodos para a saúde, como coceiras e manchas na pele.
 

De acordo com Karina Santos, médica da família da Sami, operadora que é a revolução dos planos de saúde, as manifestações alérgicas ocorrem com maior frequência nessa época do ano em função da mudança brusca de temperatura e do ressecamento do ar que, aliados à presença de pólen no ar, acabam deixando muita gente doente. “Essa combinação de fatores pode desencadear problemas respiratórios especialmente nos organismos mais sensíveis, como o de crianças e idosos”, explica.

Pessoas com histórico de rinite e asma devem redobrar os cuidados. “Com a umidade do ar mais baixa, é comum que os pacientes precisem recorrer ao médico para minimizar sintomas como espirros, obstrução nasal, coriza e tosse. A falta de hidratação adequada é um dos causadores desses sintomas”, ressalta Santos.

A profissional de saúde da Sami lista cuidados que podem ser tomados nesta época do ano para minimizar problemas. “Lave as mãos com maior frequência, mantenha os ambientes ventilados, evite produtos químicos com cheiros fortes, evite limpeza com vassouras e espanadores, redobre a atenção com bichos de pelúcia e cobertores, mantenha-se hidratado”, esclarece a médica, que finaliza: “caso o paciente apresente sintomas de alergia que durem mais do que dois dias, a recomendação é procurar um médico imediatamente”.

Sami


Automedicação pode provocar sérios problemas de saúde

A utilização de remédios por conta própria é considerada um problema de saúde pública
 

O uso de medicação sem prescrição ou orientação médica é um fenômeno universal, mas pode ser muito perigoso. Estudos clássicos mundiais revelam que a cada mês, considerando uma população de mil pessoas, cerca de 750 destes indivíduos vão sentir algum problema de saúde e apenas 250 vão procurar assistência médica, o que significa que muitos utilizarão medicamentos por conta própria. 

Segundo Dr. Martim Elviro de Medeiros Junior, Médico de Família e docente do curso de Medicina da Faculdade Santa Marcelina, essa questão pode ser particularmente perigosa quando temos sintomas ou doenças que a pessoa nunca sentiu ou quando estas vierem de forma mais intensa ou acompanhadas de sinais de alerta (perda da consciência, diminuição da capacidade de se comunicar, aumento da frequência respiratória, dificuldade para respirar e queda da pressão, por exemplo) ou quando os sintomas, mesmo que já tenham aparecido antes, persistirem por mais tempo que o normalmente. 

“Nestas situações a automedicação é muito perigosa. Mesmo quando a doença não é potencialmente grave, o uso contínuo e abusivo de medicamentos como anti-inflamatórios, analgésicos, antiespasmódicos, medicamentos para perder peso, medicamentos que induzem o sono entre muitos outros, podem provocar sérios problemas renais, hepáticos, hemorragias, além da possibilidade de reações alérgicas graves pelo uso de drogas com doses inadequadas”, explica. 

A automedicação é um problema muito sério, e situações que facilitem a comunicação entre pacientes e médicos, mesmo de forma virtual, quando feita de forma ética e padronizadas é uma excelente ferramenta para minorar este importante problema de saúde pública, finaliza Dr. Martim.
 

Faculdade Santa Marcelina


Médicos do Tráfego devem auxiliar motoristas idosos a dirigirem com segurança

Especialista Ricardo Hegele fala sobre a importância da saúde física e mental no trânsito 

 

Com o aumento da expectativa de vida, envelhecer com autonomia e independência tem sido um dos grandes anseios e desafios da população.

De 2011 a 2020, a proporção de condutores com mais de 61 anos de idade saltou de 11% para 17% no universo de motoristas do país.

O envelhecimento é um aspecto natural da vida humana e fisiológico, porém ele pode trazer limitações físicas e mentais aos motoristas. Não há uma idade imposta pelo Código de Trânsito Brasileiro para que o idoso pare de dirigir. Por isso deve ser dada uma atenção especial a esse segmento da população.

De acordo com o especialista em Medicina do Tráfego, Dr. Ricardo Hegele, a concessão da habilitação não pode ser baseada somente na idade cronológica. As limitações nesta faixa etária podem aparecer de forma precoce ou mesmo tardiamente.

“Quando o problema é físico e o idoso apresenta deficiências de mobilidade ou deficiências visuais e/ou auditivas será mais provável que ele se conscientize de forma mais fácil e perceba que não pode dirigir como antes e tome a iniciativa de parar a direção veicular. Essa conscientização é mais difícil quando fatores cognitivos como perdas de atenção, concentração e capacidade de avaliação se apresentam na forma de diversas doenças e o idoso não percebe a perda das habilidades essenciais para a condução do veículo. Nesses casos deve haver a atuação do médico, juntamente com o apoio e informações da família do idoso”, explica Hegele.

O Código de Trânsito Brasileiro, alterado pela lei 14.071 de 13 de outubro de 2020, trata no artigo 147, parágrafo 2º, da periodicidade do exame de aptidão física e mental que é realizado nos motoristas para a obtenção e renovação da habilitação. A cada 5 anos para condutores com idade igual ou superior a 50 anos e inferior a 70 anos e a cada 3 anos para condutores com idade igual ou superior a 70 anos.  Nesse artigo 147, no parágrafo 4º, também há uma informação importante que muitos ainda desconhecem. Quando houver indícios de deficiência física ou mental ou de progressividade de doença que possa diminuir a capacidade para conduzir o veículo, os prazos previstos nos incisos 1,2 e 3 do parágrafo 2º, eles poderão ser diminuídos por proposta do perito examinador.

“Quando falamos em mobilidade humana, mobilidade urbana, mobilidade em geral, especialmente se tratando de idosos, nós temos que lembrar que a independência de muitos se caracteriza pelas habilidades para dirigir veículos automotores. Os idosos, muitas vezes, não têm família próxima, suporte que possa ajudá-los nas atividades de deslocamento e essa necessidade se torna premente. Por isso que é tão importante ter cuidado com as limitações, com as perdas do envelhecimento, para que o idoso possa permanecer com a capacidade da sua própria locomoção”, pondera o médico.

 

Responsabilidades X Limitações

Para o especialista Ricardo Hegele, segundo informações publicadas pela ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), os idosos em geral são mais cuidadosos na direção veicular. Eles não dirigem em excesso de velocidade ou alcoolizados, salvo exceções, utilizam cinto de segurança com mais frequência que os demais condutores, não cometem infrações conscientemente e cuidam da manutenção do veículo. “Mas ao mesmo tempo nós temos que lembrar que de forma não consciente esses idosos acabam desrespeitando algumas regras de trânsito porque não sinalizam manobras, acabam desobedecendo alguns sinais de paradas, nos semáforos e não circulam no lado direito da via, realizam certas conversões proibidas, e até retornos em locais proibidos. Então, essas são características da direção veicular por parte dos idosos”, comenta Ricardo.

Essas infrações que os idosos cometem na maioria das vezes se devem a um déficit de atenção, chamado também de atenção dividida, quando existem tarefas múltiplas mais complexas demandadas ao mesmo tempo. Outras doenças que acabam surgindo com o envelhecimento, como as osteoartroses, a redução da capacidade da acuidade visual e auditiva acabam afetando os idosos e também podem aumentar o risco da possibilidade de sinistros de trânsito.  

Além disso, é importante lembrar de algumas doenças que são prevalentes em idosos, especialmente as perdas visuais relacionadas ao glaucoma, catarata, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade. Com o passar do tempo o idoso passa a ter uma dificuldade maior de dirigir à noite. Ele tem um aumento no tempo de recuperação após ofuscamento e uma perda na adaptação à visão com pouca luminosidade. São situações em que há um prejuízo na acuidade visual.


Orientações importantes

Ricardo Hegele orienta que os veículos mais adequados para os idosos são, preferencialmente, os que possuem transmissão automática, que não exijam do idoso o esforço da troca das marchas e uso da embreagem. Assim como possuir também uma direção hidráulica ou elétrica assistida, que torna mais leves as manobras para a direção veicular. Pedais de acionamento de freio ou acelerador com uma superfície maior são importantes para que o idoso possa acessá-los e acioná-los com segurança. Outra recomendação importante são os espelhos retrovisores amplos, maiores, tantos internos quanto externos, para que o campo visual (que naturalmente reduz com a idade) seja mais adequado à segurança do idoso.

Além de um veículo com condições mais adequadas, vale salientar que os idosos devem evitar a direção veicular nos horários de pico, com baixa luminosidade, à noite, ou na mudança da noite para o dia e vice-versa, devido à penumbra. Essas modificações do dia para a noite, ou da noite para o dia podem trazer uma dificuldade maior para a acuidade visual da pessoa idosa.

“É importante deixar claro aos médicos do tráfego que façam uma avaliação com cuidado, sempre com muito respeito e muita atenção. Orientar, na medida do possível, todos os fatores de risco que o motorista idoso possa ter na direção veicular. É importante que a cada renovação da CNH, a cada avaliação que se faça desse motorista, ele seja orientado sobre todos os cuidados possíveis na direção veicular, inclusive com os cuidados da saúde, realizar revisões médicas periódicas no seu oftalmologista, no seu cardiologista, no seu clínico, no médico que o acompanha, além de ter os cuidados de manutenção do seu veículo. E sempre, a qualquer sinal de alerta que possa trazer risco à direção veicular, buscar a orientação do seu médico do tráfego. O nosso trânsito deve ser democrático, acessível ,inclusivo e oportunizar para que todos possam utilizá-lo com segurança”, conclui o especialista.

  


Dr. Ricardo Hegele - Graduado em Medicina e Direito. Especialista em Medicina do Tráfego e Especialista em Medicina do Trabalho. Vice-Presidente da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego). Membro Fundador da ABRAPSIT (Associação Brasileira de Psicologia de Tráfego). Membro de Câmaras Técnicas Junto ao CFM (Conselho Federal de Medicina), CREMERS ( Conselho Regional de Medicina do RS) e Conselho Nacional de Trânsito ( CONTRAN). Perito Médico do DETRAN há mais de 25 anos. Atua profissionalmente há mais de 27 anos com coordenação e gestão de saúde de motoristas, unindo a sólida formação em duas áreas técnicas e acadêmicas com a prática diária da avaliação da capacidade física e mental dos condutores de veículos automotores. Na área acadêmica, atuando como professor no ensino da pós-graduação médica e psicológica há mais de 20 anos. Autor de diversos trabalhos de pesquisa na área da saúde do motorista. Agraciado com o troféu “Hilário Veiga de Carvalho”, máxima honraria da Medicina do Tráfego no Brasil e, também, recebeu o troféu “Reinier Rozenstraten”, máxima honraria da Psicologia de Tráfego pela atuação e serviços prestados à Psicologia de Tráfego no Brasil. Reconhecido com o prêmio “Nils Bohlin” pelo trabalho realizado em prol da segurança no trânsito do Brasil. Autor de livros na área da Psicologia e Medicina do Tráfego e também na área do Direito Médico.
Instagram: @ricardohegele
Spotify - Podcast Medicina do Tráfego Sem Fronteiras, com Ricardo Hegele
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