Com causa
desconhecida, a AIJ é um conjunto de subtipos de doenças que afetam joelhos,
punhos, pés, mãos e cotovelos
Apesar de muito conhecida entre a população adulta,
a artrite — doença inflamatória crônica que afeta diversas articulações —
também prejudica crianças e adolescentes, podendo surgir desde o primeiro ano
de vida. A Artrite Idiopática Juvenil (AIJ), também conhecida como doença de
Still ou Artrite Reumatóide Juvenil, é um conjunto de doenças autoimunes que
aparecem antes dos 16 anos de idade, atingindo as articulações e outros órgãos,
como a pele, os olhos e o coração.
A causa da AIJ ainda não é conhecida, e até mesmo
sua incidência não é exata em nosso país. No entanto, estudos recentes
comprovam que além da tendência familiar, fatores externos como infecções
virais e bacterianas, estresse emocional e traumatismos articulares atuam como
gatilhos para o desencadeamento da doença, cujos principais sintomas são dores,
rigidez, inchaço e vermelhidão nas articulações.
Seu diagnóstico é clínico, baseado na presença de
artrite em uma ou mais articulações com duração de, no mínimo, seis semanas.
Não é fácil identificar casos de AIJ, visto que seus principais sintomas são comuns
em inúmeras doenças, como as infecções. Por isso, além das dores e inflamações,
outros fatores levados em consideração para um diagnóstico preciso são: rigidez
matinal, fraqueza ou a falta de capacidade na mobilização das articulações,
além de febre alta diária por mais de duas semanas.
Classificada em diversas categorias, os três tipos
mais comuns de Artrite Idiopática Juvenil são pauciarticular — ou
oligoarticular —, em que são atingidas até quatro articulações, causando também
a inflamação dos olhos, o que demanda consultas regulares ao
oftalmologista; poliarticular, em que são afetadas cinco ou mais
articulações, principalmente joelhos, tornozelos, punhos, cotovelos e pequenas
juntas das mãos e pés; e sistêmica, que se caracteriza através da presença de
artrite junto à febre alta, erupção na pele, serosite e aumento de fígado e
baço. Outros tipos de AIJ são artrite psoriásica infantil, artrite relacionada
à entesite e indiferenciada.
A boa notícia é que, apesar das dificuldades, uma
vez diagnosticada a doença e iniciados os tratamentos de maneira precoce, as
inflamações são controladas e os pacientes conseguem retornar às atividades
normalmente. Em alguns casos, é necessário fisioterapia e, nos mais extremos,
recomenda-se o acompanhamento psicológico, visto que a doença crônica impacta
diretamente vários âmbitos da vida da criança e dos familiares.
É muito importante que os pais e professores
mantenham-se atentos a sinais de alteração de comportamento nos pequenos. Além
dos indícios físicos, como dificuldade na movimentação, os pacientes
frequentemente possuem modificações de humor por conta das dores, apresentando
picos de tristeza ou raiva.
Dra. Cláudia Goldenstein Schainberg - especialista
em Reumatologia e Reumatologia Pediátrica. Possui graduação em Medicina pela
Universidade Federal da Bahia, mestrado e doutorado em Medicina (Reumatologia)
pela Universidade de São Paulo, especialização nos EUA e Canadá. Atualmente é
professora e mentora de novos profissionais na Universidade de São Paulo.
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