A pandemia do COVID-19 e a
regulamentação da telemedicina aceleram um processo de transformação que já
vinha acontecendo na área da saúde, e, neste contexto, a adoção de ferramentas
e serviços digitais passou a ser fundamental para o futuro das instituições do
setor. De acordo com dados do International Data Corporation (IDC), somente na
América Latina, o investimento em tecnologias deve ultrapassar a marca de US$
1,9 bilhão em 2022. Agora, mais do que nunca, instituições de diversos
segmentos precisam se adaptar ao futuro digital, com suporte
a decisões clínicas, análise de dados criteriosa,
interoperabilidade e ainda às informações baseadas em evidências e envolvimento
eficaz do paciente.
Diante deste cenário, compreender as
forças que afetam o desenvolvimento do setor é fundamental para tornar as
tomadas de decisão mais eficazes nesta nova economia disruptiva para que as
instituições possam enfrentar estes desafios e melhorar a efetividade e a
satisfação do cliente na era digital pós-COVID. Neste contexto, listamos as
seis principais tendências para o crescimento do setor no contexto digital pós-pandêmico.
Gerar informações
a partir do Big Data
À medida que os sistemas de saúde se
transformam em culturas baseadas em dados, com objetivo de melhorar o
atendimento e reduzir custos, as instituições precisam desenvolver estratégias
de gerenciamento de informações claramente definidas para otimizar a aquisição,
agregação e a análise dos dados, a partir de análises preditivas.
Este tipo de análise tem o poder de
impulsionar o cuidado baseado em valor por meio de medidas preventivas. Desta
forma, a utilização do Big Data pode gerar informações antecipadas para prever
os fatores de risco e planejar medidas de prevenção mais adequadas.
Apesar da
COVID-19, a transformação disruptiva continua sendo regra na área da saúde
Embora a pandemia tenha alterado o
ecossistema de saúde, ela também acelerou quatro grandes oportunidades de
investimento no setor: a ampliação dos locais alternativos de atendimento, a
telemedicina, a modernização dos ensaios clínicos e a consolidação dos
provedores de saúde, conforme aponta um estudo recente da Bain & Company.
Todas estas mudanças estão
correlacionadas, de alguma forma, à adoção de tecnologias disruptivas para o
setor, seja para aprimorar as novas formas de atendimento ou para contribuir
com análise de dados em estudos clínicos. A união de tecnologia e dados permite
maior precisão nas tomadas de decisão e, consequentemente, conclusões mais
assertivas na gestão das instituições de saúde.
Expansão do papel
dos farmacêuticos
As necessidades consequentes da
COVID-19 estão ampliando o papel das farmácias - além da aquisição e
distribuição de medicamentos -- para testes no ponto de atendimento (POCT),
imunizações e aconselhamento médico básico. Embora muitas outras empresas tenham
fechado durante as aplicações de lockdown, as farmácias permaneceram abertas,
fornecendo respostas em tempo real para as perguntas dos pacientes sobre
cuidados com a saúde ou sobre medicamentos: pessoalmente ou por telefone.
A ampliação do papel dos farmacêuticos
durante a pandemia fornece uma prévia de como esses profissionais de saúde
podem contribuir para o avanço da saúde pública, seja para o atendimento de
pacientes com condições médicas crônicas, que requerem medicamentos e ajustes
ocasionais de dose, para informações sobre interações de medicamentos, para
realizar a recomendação de tratamentos para sintomas moderados como dor de
cabeça ou febre baixa, bem como avaliar sobre a necessidade de cuidados
específicos.
A crescente
importância da análise de dados
O crescimento da telemedicina demonstra
que as ferramentas digitais se tornaram indispensáveis para determinados
pacientes e bastante convenientes para os demais. Neste sentido, o sucesso das
instituições de saúde depende do aprimoramento dos sistemas da análise de dados
e do investimento na interoperabilidade do ecossistema, com objetivo de
oferecer suporte ao atendimento digital e impulsionar a atenção baseada em
valores, que ganhou espaço com a expansão dos meios virtuais de atendimento. Assim,
soluções tecnológicas confiáveis se tornarão indispensáveis para o desenvolvimento mais eficaz dos atendimentos,
tratamentos e, até mesmo, a aderência do paciente com relação
a estes tratamentos.
Os cuidados para
evitar aumento dos eventos adversos
Com envelhecimento da população, o
aumento constante de prescrições médicas e tratamentos cada vez mais complexos,
as farmácias enfrentarão desafios crescentes para atender a essas demandas, com
risco de eventos adversos evitáveis e erros de medicação cada vez
maiores.
Neste sentido, as ferramentas
tecnológicas de suporte à decisão clínica e terapêutica são as principais
aliadas dos profissionais do setor de saúde, sejam eles médicos ou
farmacêuticos. Estas soluções são responsáveis por reduzir os erros de
prescrições medicamentosas, aumentar a segurança do paciente e prover
informações mais completas e atualizadas para toda equipe multidisciplinar do
setor de saúde, desafogando, assim, as demandas do setor farmacêutico.
Estratégias de
envolvimento do paciente para melhorar a adesão ao tratamento
Aumentar o envolvimento do paciente e
ajudar a melhorar a adesão ao tratamento é crucial para o futuro da saúde e,
também, para a viabilidade das empresas que fabricam, comercializam e dispensam
medicamentos.
Desta forma, ferramentas digitais de
envolvimento do paciente, como portais de informação, mensagens de texto e
comunicações automatizadas em tempo real podem aumentar a adesão ao tratamento,
reduzindo, inclusive, a pressão sobre o sistema de saúde, uma vez que conduzir
corretamente o tratamento indica diminuir a frequência de atendimento a
pacientes já diagnosticados.
Portanto, a adoção de tecnologias
inovadoras e mais atualizadas é um fator decisivo para as instituições de saúde
neste momento, uma vez que as soluções de suporte à decisão clínica não só
fortalecem a base
de informações dos profissionais de saúde, como
garantem decisões assertivas e precisas no diagnóstico e tratamento dos
pacientes. Desta forma, ao investir em tecnologia, monitoramento e análises
preditivas, a instituição investe também em qualidade e oferece ao paciente um
tratamento mais humanizado.
Gabriela Coelho Brandão - Gerente de Relacionamento
com Clientes da unidade de
Efetividade Clínica da Wolters Kluwer, Health no Brasil.