Dados do Datasus de 2019 indicam que o
trânsito é a principal causa de morte de crianças entre 1 e 14 anos. Em SP,
corresponde a 37% dos falecimentos nesta faixa etária
Especialistas comentam os melhores modelos do mercado e ensinam o passo a
passo para a escolha da cadeirinha ideal
Frente
ao expressivo número de mortes de crianças no trânsito, a cadeirinha continua
sendo um dos principais itens do enxoval
Depois de quase dois anos de pandemia,
com aulas e trabalho à distância, é certo que diminuíram muito as saídas de
casa com os bebês e crianças. Mais um motivo para sentar e entender qual o
modelo ideal para os pequenos e pequenas da família.
Importante lembrar que não é exagero
esse cuidado no trânsito. Segundo dados do Datasus de 2019, o que mais mata
crianças entre 1 e 14 anos são os acidentes na estrada. No estado de São Paulo,
essa porcentagem chega a 37% das causas de morte.
Dra. Natasha Vogel, ortopedista
pediátrica, e Lory Buffara, consultora de enxoval da Mommys Concierge, são
unânimes em dizer que esse item do enxoval é prioridade. “Além de ser um
produto extremamente necessário, pois o bebê não pode andar no carro sem uma
cadeira até os 10 anos de idade, ele pode salvar a vida do seu filho. Se tem um
item que eu recomendo a não economizar no enxoval de bebê é a cadeira do carro,
pois renunciar à qualidade e segurança por algo mais econômico, pode ter graves
consequências”, alerta Lory.
Sua compra e instalação não podem ficar
para próximo do parto. A médica Natasha, mãe de duas crianças, relata que
deixou a cadeirinha no porta-malas até o momento de deixar o hospital com seu
primeiro filho. “De repente, meu marido, meu irmão e eu nos deparamos com o
desafio de instalar a cadeirinha e foi uma verdadeira luta. Mas uma boa alma
surgiu. O manobrista do estacionamento da maternidade, vendo a dificuldade,
ofereceu ajuda e disse que a situação era comum. Por isso, já estava acostumado
com todos os modelos”.
Para que ninguém mais passe por essa
espera, com um recém-nascido no colo, vamos às dicas certeiras dessas
profissionais e da Fabiana Milan, gerente de marketing da Alô Bebê, que possui
diversos modelos à venda. Um diferencial da rede é que o cliente sai com a
cadeirinha instalada no carro, mesmo comprando online esse é um diferencial da
Alô Bebê que faz a instalação para o cliente.
Vamos às dicas:
1 -- Atenção, pais: vocês são os
responsáveis pela segurança do seu filho também no trânsito. Então, saiba que o
uso da cadeirinha está previsto por lei e até os 10 anos ou/e atingir 1,45 m
não há por que descuidar. A última mudança na lei ocorreu em 2021. “Antes, era
obrigatório o uso até os 7 anos e meio. Mas, desde o início do ano, foi
estendido aos 10”, informa a médica.
2 -- Existem diversos modelos que
acompanham o desenvolvimento da criança. É importante checar o mais indicado
para a idade e como instalar adequadamente. “Os assentos de segurança não podem
ficar nem folgados e nem muito apertados”, recorda Natasha.
3 -- Observe se há selo do INMETRO.
Isso demonstra que o equipamento obteve aprovação nos testes exigidos pelas
normas técnicas de fabricação e segurança.
4 -- Nunca transporte a criança no
banco da frente, tanto em carros com airbag -- que oferecem risco de
ferimentos graves -- como pelo fato de ser sabido que o local mais seguro é na
parte central do banco de trás -- por estar mais distante dos vidros traseiros
também. “Nessa posição há até́ 24% menos risco de morte do que nas posições
laterais. Mas ele só pode ser transportado no centro do banco se tiver um cinto
de 3 pontos ou ISOFIX. Caso contrário, a cadeirinha deve ser colocada onde
tenha esse cinto”, explica a ortopedista pediátrica.
Natasha explica que “desde 2020, os
automóveis devem possuir uma ancoragem inferior, que é o famoso ISOFIX, e só
ele não basta. O carro deve ter uma ancoragem do tirante superior também ou um
dispositivo de fixação para retenção da criança em um dos assentos do banco
traseiro”. O ISOFIX é uma ferramenta que permite uma acoplagem mais fácil ao
banco, aumenta a eficiência do sistema, além de conferir maior estabilidade
lateral e rigidez da fixação e, no caso de colisão, a desaceleração será a
mesma da cadeira e do carro.
5 -- As cadeirinhas necessitam ser
presas com o cinto de segurança sempre e, em hipótese alguma, deve-se colocar o
cinto de 3 pontos por baixo do braço da criança ou por trás das costas dela.
“Nem precisamos dizer que os pequenos não devem ficar de pé entre os bancos,
enquanto o carro estiver em momento, e os bebês não podem ser levados no colo”,
pontua a médica.
Para cada idade, há modelos mais
indicados:
- Recém-nascidos até 1 ano:
devem ser transportados com as costas voltadas para a frente do carro na
cadeirinha de segurança no banco de trás, presa ao banco com o cinto de 3
pontos ou ISOFIX. “O bebê ficará olhando o banco de trás do carro. Por isso,
espelhos são úteis quando há só o motorista e o bebê no carro. Para garantir a
segurança, a cadeirinha não pode se mover mais do que 2 cm de um lado para o
outro; e deve ter um espaço de folga de 1 dedo entre o pequeno e o cinto. Para
aqueles que ainda não sustentam a cabeça ou não conseguem manter o seu
equilíbrio, o assento deve ter o formato de concha, mantendo uma leve
inclinação com a cabeça mais elevada que os pés. Esse assento pode ser
utilizado desde o nascimento até 1 ano de idade e pesar 9 kg, na maioria dos
casos”, detalha a médica.
Para Lory, a primeira escolha a fazer é
decidir entre um bebê conforto ou uma cadeira de carro para o seu bebê que está
para nascer. O bebê conforto é uma cadeira de carro portátil, que é usada desde
recém-nascido até 1 ano. É usado tanto no carro quanto na estrutura do carrinho
de bebê. Já a cadeira do carro é um produto com uso por mais tempo, pois vai
desde recém-nascido até 4,6 kg ou 10 anos, dependendo do modelo. Fica no carro
o tempo todo e pode virar tanto de costas (até o primeiro ano) ou de frente. “A
minha dica é: se está com orçamento mais flexível, opte por um bebê conforto,
pois ele vai ser mais prático para o bebê e os pais. Após um ano de uso, faça
um upgrade para uma cadeira de carro. Agora, se o orçamento for
reduzido, a cadeira de carro é interessante, pois ocorrerá a compra de um
produto que durará muito tempo”, explica a consultadora de enxoval.
- De 1 até os 4 anos: ficam
voltadas para a frente do carro, também presas ao banco com cinto de 3 pontos
ou ISOFIX. Esse sistema possui um suporte alto para a cabeça; pode ser
semirreclinado e suporta crianças de até 13 kg.
- Dos 4 até os 10 anos:
pode-se trocar a cadeirinha por assento de elevação, os boosters. Eles
adequam a altura da criança ao cinto de segurança do carro, mantendo a tira
superior no ombro e a inferior na cintura (abaixo da barriga). O uso desse
assento é indicado até a criança atingir 36 kg, 1,45 m e, aproximadamente, 10
anos. “Caso a criança comece a usar o cinto do carro, mas ele passe no seu
abdómen e entre o pescoço e face, isso pode predispor lesões no abdómen e na
coluna cervical, em caso de colisão. Então, evite essa posição”, alerta
Natasha.
- Com mais de 10 anos e 1,45 m de
altura: podem ser transportadas com o cinto de 3 pontos no banco traseiro.
“Devemos sempre dar o exemplo. Então, você adulto, sempre use o cinto de
segurança”, reforça a médica.
Ao chegar na loja, o que é necessário
avaliar:
1 -- Veja quais são os itens de
segurança que a cadeira apresenta: observe a base, o cinto de segurança,
proteções laterais, como é o material interno da cadeira e o selo do Inmetro.
2 -- Confirme a praticidade para
instalar. “O ideal é que seja fácil de instalar e desinstalar, para mudança de
carro. O sistema ISOFIX é o mais prático e seguro, porque suas presilhas se
conectam diretamente no assento do seu carro. Essas presilhas garantem a
instalação correta da cadeira. Não são todas as cadeiras de carro que vem com
esse sistema. Por isso, preste atenção antes de fazer a escolha. Verifique
também se o seu carro tem esse mesmo sistema ISOFIX”, indica Lory.
3 -- Certifique-se de que o tecido da
cadeira é fácil de limpar. “Deve ter toque delicado e proporcionar conforto
para o bebê”, indica a consultora.
4 -- Procure modelos com itens como:
base giratória (facilita na hora de colocar o bebê); base com pé (proporciona
uma segurança extra); e sistema que detecta se o bebê abriu o cinto de
segurança, ou se ficou esquecido no carro.
“No momento da escolha da cadeirinha
ideal, o primeiro ponto a ser levado em consideração é se o carro onde ela será
instalada possui o sistema ISOFIX ou não. Algumas cadeiras como a Multifix e a
Only One, por exemplo se encaixam tanto no ISOFIX, quanto no cinto de
segurança. Outras, como a Spin e a Seat4Fix só se encaixam no sistema ISOFIX. O
recline e o peso indicado também devem ser pontos de atenção para que o bebê ou
a criança fique o mais confortável e segura possível durante o passeio”,
explica Fabiana Milan, gerente de marketing da Alô Bebê.
Dra.
Natasha Vogel - Médica Assistente em Ortopedia e Traumatologia do
HSPM-SP São Paulo, Brasil Mestrado em Ciências do Sistema
Muscoesquelético. Universidade de
São Paulo, USP São Paulo, Brasil. Especialização -- Residência Médica Universidade de São Paulo, USP São Paulo, Brasil,
Título: Ortopedia
Pediátrica. Especialização -- Residência Médica. Hospital
do Servidor Público Municipal, HSPM/SP São Paulo, Brasil
Título: Ortopedia
e Traumatologia. Graduação em Medicina Faculdade de Medicina de Jundiaí, FMJ Jundiai/SP,
Brasil