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sábado, 23 de novembro de 2024

Sociedade Brasileira de Dermatologia não recomenda nenhum tipo de bronzeamento

Entidade manifesta repúdio ao projeto da Câmara Municipal do Rio que busca autorizar o uso de equipamentos de bronzeamento artificial 

 

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta que qualquer grau de exposição à radiação solar sem proteção vai determinar queimaduras solares, envelhecimento precoce e aumentar o risco de desenvolver câncer da pele. Os danos são ainda maiores, quando essa exposição é feita de forma artificial e por indivíduos com pele mais clara, com menor potencial de bronzeamento. 

Diante da aprovação, em primeira votação pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, de um projeto que autoriza o uso de equipamentos de bronzeamento artificial para fins estéticos, a SBD ressalta que desde 2009 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o bronzeamento em câmaras artificiais no Brasil para fins estéticos. A proibição tem como fundamento a classificação da radiação UV como cancerígena, feita pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Segundo dados do INCA (instituto Nacional do Câncer) o tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%)”. Embora os canceres não melanoma, sejam considerados menos graves, sua presença em áreas delicadas, como pálpebras, orelhas, lábios pode levar a cirurgias desfigurantes. 

O melanoma, representa cerca de 4 % dos canceres da pele, segundo a mesma instituição. Embora seja menos comum, ele é o mais grave pois tem alta chance de provocar metástases, isto é, disseminação para outros órgãos, levando ao óbito.

O Dezembro Laranja é uma parte do esforço da Sociedade Brasileira de Dermatologia para orientar a prevenção dessas formas de câncer, mas a liberação dos equipamentos de bronzeamento artificial vai na contramão dessa linha de atuação. 

“As máquinas de bronzeamento funcionam como um sol artificial, mas com alta concentração de radiação ultravioleta, muito superior ao que ocorre quando se está exposto ao sol de maneira natural durante período semelhante, provocando agressões significativas à pele, com graves consequências a médio e longo prazo, por isso reforçamos o perigo do uso desses equipamentos pela população”, diz o presidente da SBD, Heitor de Sá Gonçalves. 

As pessoas que se utilizam desses equipamentos expõem o corpo todo, aumentando a chance de canceres em áreas normalmente não expostas, além de provocar o envelhecimento da pele como um todo, com rugas profundas e manchas. Além disso, se essas pessoas forem tabagistas o impacto ainda é mais significativo”, explica Dra. Rosana Lazzarini, membro da diretoria da SBD. 

O Poder Judiciário já se manifestou a respeito do tema, declarando que a ANVISA não extrapola o seu poder de polícia regulamentar, ainda mais quando se sabe que a Resolução nº 56/2009 foi pautada em estudos científicos. O próprio STJ já se manifestou pela legalidade e legitimidade da ANVISA para impor limites em relação aos procedimentos que possam prejudicar a saúde humana, como é o caso da RDC nº 56/2009 – ANVISA. 

Ou seja, tanto o Poder Judiciário, quantos os órgãos de fiscalização, são pacíficos ao entender que permitir a utilização desses equipamentos expõe a população a sérios riscos, favorecendo o desenvolvimento de diversos tipos de câncer de pele. 

A SBD se posiciona veementemente contra essa liberação, enfatizando que tal decisão compromete a saúde pública e coloca em perigo a vida da população, reiterando-se o já exposto na nota técnica anteriormente publicada (https://www.sbd.org.br/consequencias-do-bronzeamento-para-a-pele-nota-tecnica-sbd/).

 

Formas saudáveis e seguras de bronzeamento   

A Sociedade Brasileira de Dermatologia não recomenda o bronzeamento. Mas, existem outras formas de se bronzear sem prejudicar a saúde da pele. Existem os autobronzeadores (removíveis após lavagem), que são cremes contendo substâncias corantes que não prejudicam a pele. Mas atenção: é preciso aplicá-lo o mais homogeneamente possível, para evitar manchas. 

Existem também os bronzeamentos a jato, chamado em alguns salões de jet bronze, quando são aplicadas substâncias que deixam a pele corada (mais permanente e que sai com o passar do tempo). É válido lembrar que o bronzeamento a jato não protege a pele do sol. As pessoas que optam por esse tipo de procedimento também precisam utilizar protetor solar (fator igual ou maior que 30) sempre que for se expor ao sol.


Confira algumas dicas:

1. Ingerir alimentos ricos em antioxidantes como betacaroteno, presente nas frutas e legumes alaranjados (mamão, cenoura, abóbora), faz com que ele se deposite nos tecidos de maneira uniforme, levando a uma tonalidade levemente alaranjada da pele. Lembrando que o uso desses alimentos não implica em segurança para exposição solar

2. Passar protetor solar com FPS maior ou igual a 30 e reaplicá-lo a cada duas horas sempre que for se expor ao sol e após contato com a água ou sudorese intensa. Isso ajuda na prevenção de doenças da pele, como queimaduras e câncer de pele. O FPS será maior quanto mais clara for a pele, sendo assim, peles muito claras devem usar produtos com proteção > 50.

3. Espalhar homogeneamente os autobronzeadores e protetores solares para evitar manchas e acidentes com a exposição solar, como queimaduras em áreas onde você esqueceu de aplicar o protetor (p.ex. dorso dos pés).

4. Evitar tomar sol entre 9h e 15h, devido aos altos índices de radiação ultravioleta.

5. Hidratar a pele após a exposição solar protegida.

Para saber mais sobre uma rotina adequada de cuidados com a pele, cabelos e unhas acesse as redes sociais @dermatologiasbd e o site www.sbd.org.br. Se informe e encontre um especialista associado à SBD na sua região.

 

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