- A doença de Wilson é caracterizada pelo excesso de cobre no
organismo, principalmente no fígado e no sistema nervoso central;
- Os pacientes sintomáticos podem apresentar problemas hepáticos, neurológicos e psiquiátricos;
- Estima-se que, mundialmente, a doença afeta uma a cada 30 mil
pessoas¹;
Essencial para a saúde imunológica, óssea e
neurológica, o cobre pode ser encontrado em alimentos frescos e levemente
processados, e em pequenas quantidades, contribui para o bom funcionamento do
corpo. Rara, a doença de Wilson impede o corpo de eliminar o cobre extra,
gerando acúmulo em órgãos como fígado, cérebro e olhos. Sem diagnóstico e
tratamento, o excesso do micronutriente gera sintomas de envenenamento,
prejudicando a função hepática, neurológica e psiquiátrica.
De origem genética, a doença de Wilson é classificada como autossômica
recessiva -- isto é, os pais biológicos portam o gene defeituoso e passam para
o filho afetado. Neste caso, o gene mutado é o ATP7B, responsável pelo
transporte do cobre. “Em um corpo saudável, o fígado filtra o cobre em excesso
e o excreta pela bile. Com a doença de Wilson, o fígado não consegue remover o
cobre extra de maneira adequada, o que gera acúmulo nos órgãos. Histórico
familiar, especialmente se um parente de primeiro grau - um pai, irmão ou filho
-- tiver a doença, serve como alerta, já que para apresentar os sintomas, o
corpo precisa atingir níveis elevados de cobre” explica Francisco de Assis
Aquino Gondim, professor associado em Neurologia da Universidade Federal do
Ceará.
Os sinais e sintomas da condição, geralmente, aparecem pela primeira vez entre
6 e 45 anos, com maior ocorrência na adolescência. Raros, mas registrados, são
os casos de bebês e idosos diagnosticados. As características incluem uma
combinação de doença hepática e problemas neurológicos e psiquiátricos.
O professor Gondim reforça que, os sintomas difusos, aliados ao desconhecimento
da doença, por muitas vezes atrasam o diagnóstico do paciente. “O
comprometimento hepático é tipicamente a característica inicial da doença de
Wilson. Os sintomas incluem pigmentação amarelada da pele ou da parte branca
dos olhos (icterícia), fadiga, perda de apetite e inchaço abdominal.
Neurologicamente, os pacientes também podem apresentar dificuldade para andar,
problemas de fala, capacidade de raciocínio prejudicada, além de depressão,
ansiedade e alterações de humor. Na diversidade dos sintomas, os pacientes
comumente enfrentam diagnósticos errôneos, como hepatite C, paralisia cerebral
ou distúrbios psiquiátricos.”
Outro importante sinal da doença de Wilson é o aparecimento do denominado anel
de Kayser-Fleischer - em muitos pacientes, os depósitos de cobre na superfície
frontal do olho formam um anel verde a acastanhado em volta da íris (parte
colorida do olho). Também podem ocorrer anormalidades nos movimentos dos olhos,
como capacidade restrita de olhar para cima.
O diagnóstico da doença deve ser confirmado por meio do estudo do histórico
médico da família e análise clínica, além de exames de sangue, por imagem e
biópsia do fígado -- quando realizado precocemente, permite um melhor
prognóstico ao paciente.
A doença de Wilson não tem cura, e uma vez diagnosticado, o indivíduo segue,
atualmente, em tratamento contínuo, feito por meio de medicamentos que eliminam
o excesso de cobre pelos intestinos e rins, suplementos de vitamina E, e dieta,
evitando alimentos que apresentam maior concentração de cobre, como chocolate e
frutos do mar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário