Farmacêutica alerta para os riscos da "caixinha de remédios", perigo presente na maioria dos lares brasileiros
Hábito comum entre 77% dos brasileiros, segundo
informações do Conselho Federal de Farmácia (CFF), a automedicação pode agravar
doenças sérias e até mascarar sintomas importantes para que elas sejam
diagnosticadas.
Assim, a data de 5 de maio marca o Dia Nacional do Uso Racional de
Medicamentos, criada para conscientizar a sociedade e fortalecer os cuidados
que devem ser observados no uso de medicamentos.
De acordo com a farmacêutica Maria Cristina
Tavares, que atende nas Unidades Básicas de Saúde Vila Calu e Jardim
Caiçara, gerenciadas pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João
Amorim", ambas na zona sul de São Paulo, é necessário alertar a todos
acerca dos riscos que a ingestão inadequada de fármacos pode trazer à saúde.
“A prática de medicalização inadequada pode causar reações adversas à saúde da
população, impactando no crescimento de índices de intoxicação, resistências
bacterianas, interações medicamentosas e reações alérgicas”, destaca.
A especialista destaca ainda que a pandemia de Covid-19, que fez com que a
busca por medicamentos, sem eficácia comprovada contra a doença, aumentasse
bruscamente. “A prática pode agravar ainda mais o quadro da doença, inclusive,
desencadeando outras patologias graves”, afirma Maria Cristina.
Os riscos da “caixinha de remédios”
A veiculação de campanhas publicitárias de medicamentos e o livre acesso a
determinados fármacos estimulam um hábito bastante comum na maioria dos lares
brasileiros: a chamada “caixinha de remédios”, na qual é comum serem
encontrados fármacos como analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e até
remédios controlados.
“Algumas pessoas, inclusive, não saem de casa sem suas bolsinhas de remédios”,
ressalta a farmacêutica.
A prática não é recomendada, pois, além das questões já citadas, o uso de
certos remédios sem prescrição pode causar sérios efeitos colaterais,
dependência e até óbito, em casos de dosagem excedida ou fortes reações
alérgicas, por exemplo.
“Em casos de dores, mal-estar ou sintomas de quaisquer tipos de doenças, o
ideal é sempre consultar o médico. O profissional irá levar em consideração as
características do metabolismo de cada paciente para diagnosticar sintomas e,
assim, recomendar a melhor medicação”, complementa a especialista.
Na tentativa de acabar ou, ao menos, diminuir a cultura da automedicação, o
Conselho Regional de Farmácia (CRF) produz campanhas publicitárias educativas, principalmente
por meio folders, a fim de oferecer ferramentas que sirvam para conscientizar a
população sobre os riscos que ela pode trazer à saúde.
Assistência nas UBS
As Unidades Básicas de Saúde sob gestão do CEJAM implantaram o Acompanhamento
Farmacoterapêutico para gestantes e pacientes diabéticos insulinodependentes,
hipertensos e em tratamento da tuberculose.
“Ao desempenhar suas atribuições junto à equipe multidisciplinar no tratamento
farmacológico, o farmacêutico contribui ativamente para o controle da doença”,
explica Maria Cristina.
O acompanhamento farmacêutico dos pacientes é realizado por meio de consultas
individuais e visitas domiciliares, nas quais são observadas a adesão à
farmacoterapia. Na ocasião, os profissionais analisam o estilo de vida do
usuário e as interações com medicamentos de outras patologias, entre outras
questões.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”