Entre outros
pontos, o especialista aborda o que muda a partir da nova Lei Geral de Proteção
de Dados Pessoais - LGPD, em vigor desde esta sexta-feira (18)
Neste artigo, Marcelo Leal, da TransUnion*,
endereça questões que surgiram no webinar “Fraude de Identidade – Quais os
impactos para empresas e consumidores em meio à digitalização?”, promovido pela
companhia
O comércio eletrônico e os negócios digitais já
apresentavam crescimento consistente ao longo dos últimos anos. No entanto, a
partir da pandemia da COVID-19 e do isolamento social a que o mundo inteiro foi
relegado, a transformação digital de empresas e pessoas foi acelerada. Dito
isso, naturalmente as transações on-line se tornaram uma das atividades mais
populares, globalmente. Somente no Brasil, no segundo trimestre de 2020¹, 5,7
milhões de pessoas que nunca haviam feito uma única compra online se tornaram
clientes das lojas virtuais, o que representa 23% em relação ao total de
consumidores que adquiriram produtos neste mesmo período.
Isso levanta uma questão importante: como tornar
possível a confiança na ausência de interações presenciais? Novos processos
baseados em dados e dispositivos eletrônicos estão moldando a forma como
pessoas, empresas e governos interagem e trocam informações. As soluções tecnológicas
estão capacitando os consumidores e redefinindo responsabilidades em torno da
propriedade de dados. A maneira como os consumidores gerenciam suas informações
e entendem a privacidade está em evolução contínua. O que nos leva a mais um
tópico estratégico: como construir um ambiente para a gestão segura de dados,
considerando esses muitos fatores influentes?
Dialogar é uma das melhores formas de começar a
enxergar uma solução. Por isso, frente à pandemia e como uma companhia global
de soluções de informações e insights de dados, promovemos uma série de
webinars que teve como primeiro tema “Fraude de Identidade – Quais os impactos
para empresas e consumidores em meio à digitalização?”. Num formato aberto e
com grande interação do público, pude analisar em profundidade a complexidade
do tema, ao lado da convidada Bianca Lopes, especialista em dados e
identidade, autora e co-fundadora da Talle. A partir dessa rica
discussão, compartilho abaixo insights e respostas aos principais
questionamentos pontuados pelos participantes.
No cenário atual, em meio ao processo de
aculturamento da população para o mundo digital, como você entende e descreve o
mercado brasileiro no quesito soluções de prevenção à fraude com foco em
dispositivos eletrônicos?
Um estudo de 2019 da TransUnion, conduzido pela
Forrester Consulting, já apontava que aproximadamente 70% dos clientes das
empresas de serviços financeiros preferiam usar canais digitais para efetuar
suas operações. Por outro lado, 64% das instituições indicavam que o crescimento
das interações on-line com os clientes aumentou o risco de fraudes e roubo de
identidades. Quando esse risco não é compreendido em sua profundidade, nem
mitigado, ele é revertido em aumento de preço para os bons consumidores.
Essa fragilidade no combate a violações
cibernéticas pode ser exemplificada pelo fato de que muitos varejistas que
possuem comércio eletrônico avaliam o risco de eventuais crimes somente no
ponto da transação, adotando uma medida reativa em vez de proativa. A solução
que lhes traria ganhos significativos seria o investimento em soluções de
detecção e prevenção a fraudes que verificam a identidade do usuário e a
realização de referência cruzada com dados suspeitos antes de permitir qualquer
transação.
A maioria dos métodos antifraudes pode onerar ou
causar algum tipo de impacto na jornada dos clientes, assim como a tentativa de
prever infrações – o que também pode causar atrito junto aos bons consumidores.
A partir da combinação de dados, inteligência e tecnologias é possível realizar
transações de forma mais segura e integrada no ambiente digital. Em todos os
casos, os dados podem ser mais inteligentes ou, pelo menos, usados de maneira
mais perspicaz para verificar identidades e detectar fraudes virtuais antes que
cheguem ao ponto de conclusão.
Soluções como a IDvison
com Iovation, da TransUnion, possibilitam que, em apenas alguns segundos,
os dados sejam referenciados, verificados e usados para impedir transações
fraudulenta – economizando tempo, dinheiro e recursos – enquanto permite que
clientes legítimos concluam uma venda com facilidade e eficiência.
Como você avalia a LGPD no Brasil?
A TransUnion tem como Propósito e Missão Ajudar a
Melhorar a Qualidade de Vida das Pessoas, viabilizando o acesso a bens e serviços,
por meio de soluções para a tomada de decisão no relacionamento das
organizações com seus clientes e parceiros. Em linha com esse
Propósito e Missão, nos importamos com a proteção da privacidade dos indivíduos
e somos comprometidos em processar dados pessoais de forma transparente, justa
e respeitosa, sempre de acordo com as leis das localidades em que atuamos.
A nova Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais –
LGPD confere maior autonomia e transparência aos cidadãos, que terão mecanismos
mais transparentes para entender como seus dados pessoais são processados.
Terão ainda novos canais de interação com as empresas que operam bancos de
dados. Essas novas regras trazem maior segurança jurídica às operações dessas
corporações, encerrando a confusão criada por dezenas de leis esparsas que
tratavam do tema.
É importante dizer que a utilização de dados sem
comprovação de sua origem ou provenientes de fontes duvidosas pode acarretar
dificuldades operacionais, com desagradáveis consequências financeiras e para a
imagem da empresa junto aos seus clientes, potenciais clientes, parceiros,
colaboradores e outras partes interessadas. Isso reforça a importância de se
trabalhar com fornecedores idôneos, de acordo com a nova lei.
Com base em sua experiência e presença global, a
TransUnion oferece – também no Brasil – as melhores práticas de governança
empresarial, segurança cibernética e proteção de dados, para oferecer aos seus
clientes soluções e serviços de alta tecnologia, em conformidade com a lei, que
trará muitos benefícios. Tendo em vista que a lei entrou em vigor no último dia
27, é urgente que as empresas estejam preparadas.
Você acredita que se o estabelecimento tiver um
sistema de conciliação, pode mitigar muito a possibilidade de fraudes no
varejo?
Num momento de crise mundial, com redução de renda
e desemprego aliados ao crescimento exponencial de transações on-line e do uso
das redes sociais, passamos a lidar com novos criminosos, além dos fraudadores
contumazes, que enxergaram neste cenário uma oportunidade de agir e com grande
disposição ao risco. Muitos, inclusive, utilizando termos referentes à própria
pandemia.
Em um recente estudo global, a TransUnion
verificou-se que a porcentagem de transações digitais suspeitas de fraude
aumentou 5% quando se comparam os períodos de 1 de janeiro a 10 de março e 11
de março (quando o contágio da COVID-19 foi declarado uma pandemia pela
Organização Mundial de Saúde) a 28 de abril deste ano. Identificamos mais de
100 milhões de transações suspeitas de fraude entre 11 de março e 28 de abril.
Além disso, desde o início do ano foram descobertos
mais de 40 mil domínios de altíssimo risco com as palavras-chave “covid” ou
“corona”². Nesse contexto, duas grandes plataformas de e-commerce removeram 250
mil anúncios e 15 milhões de produtos por serem de procedência ou identificação
duvidosa. Na Alemanha, mais de 10 milhões de máscaras, em um montante de €15
milhões foram vendidas e nunca chegaram. Problemas logísticos ou vítimas de
fraude?
Felizmente, dados mais inteligentes podem ajudar a
eliminar esses problemas, principalmente na verificação de identidades logo no
momento de criação da conta do usuário. Todas as transações deixam rastros,
mesmo as fraudulentas. Toda movimentação de comércio eletrônico envolve dados -
um nome, endereço de entrega, número do cartão de crédito ou outras informações
pessoais. Eles alimentam a transação ajudando a definir, autenticar e verificar
identidades, garantindo que a pessoa certa receba os bens e serviços que
solicitou.
Considerando todos esses fatores, concluímos que a
inovação nos processos de identificação é uma grande aliada na transformação do
relacionamento entre empresas e consumidores. Soluções que unem análise de
dados e tecnologia, oferecendo insights sobre o comportamento do consumidor,
proveem mais segurança para as empresas automatizarem seus processos de
abertura de conta, vendas e concessão de crédito. Dessa forma, são evitadas
fraudes, ao mesmo tempo em que é garantida uma jornada de compra sem processos
morosos de identificação nem interrupções para o usuário. O resultado é a
fidelização de clientes e o consequente aumento das vendas e da
competitividade.
Confira neste
link o webinar on demand.
Marcelo
Leal - Diretor do ISG - Área de Soluções e Inovação da TransUnion Brasil
¹Informações do relatório da empresa de
inteligência de mercado focada em e-commerce Neotrust/Compre&Confie
sobre o período de abril a junho de 2020
²pt,euronews.com