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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Padre Reginaldo Manzotti desabafa: "Recebo muitos testemunhos pelo rádio de jovens com pensamentos suicidas"


 Apoio psicológico e religioso podem caminhar juntos 
Divulgação / Internet

Apesar do alto índice de suicídio entre os jovens, são os idosos com mais de 70 anos que lideram o ranking no país


Considerado um problema de saúde pública, o suicídio é a única causa de mortalidade que não teve redução no número de casos nos últimos 50 anos. Entre 2000 e 2016, as taxas de suicídio no Brasil aumentaram 73%, passando de 6.780 para 11.736, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. E, de acordo com dados da Organizações das Nações Unidas (ONU), o suicídio é a segunda principal causa de morte entre os jovens de 15 e 29 anos, ultrapassando 800 mil casos por ano em todo o mundo, isto é, uma pessoa comete suicídio a cada quatro segundos.  

Idealizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) em 2014, a campanha ‘Setembro Amarelo’ é dedicada a conscientização e prevenção ao suicídio. Através de vídeos e debates, a campanha alerta a população sobre a importância de sua discussão. Para o Padre Reginaldo Manzotti, essa campanha alerta a sociedade e apresenta formas para pais e educadores que lidam com jovens a tomarem as medidas necessárias para situações que possam induzir ao suicídio. Recebo muitos testemunhos pelo rádio de, principalmente, jovens com pensamentos suicidas. É um problema muito grave e que precisa da nossa atenção. ” Relata o sacerdote. 

Tratado como tabu, é difícil identificar os fatores e sentimentos que levam uma pessoa a cometer um suicídio. Um aspecto que chama a atenção de diversos especialistas é a dificuldade de realizar um acompanhamento prévio de uma pessoa com intenção de atentar contra a própria vida. 


Idosos

Dados de 2017 divulgados pelo Ministério da Saúde mostraram que os idosos com mais de 70 anos lideram o ranking de suicídio no País, o abandono é uma das principais causas. Com a pandemia esse cenário só tende a piorar, pois os idosos são do grupo de risco da COVID-19 e permanecem isolados e com medo constante da morte. 

Pensando nisso, a Pastoral da Pessoa Idosa da CNBB e a Pascom do Brasil também listaram 10 pequenos gestos que todos nós podemos realizar e ajudar no cuidado com os idosos neste momento de pandemia do coronavírus:

1 – Mantenha os idosos em distanciamento social, para evitar a contaminação; 

2 – Não deixe de dar atenção e verificar todas as necessidades da pessoa idosa; 

3 – Observe se na vizinhança há algum idoso precisando de ajuda e apoio neste momento de dificuldade; 

4 – Utilize as redes sociais e o telefone para monitorar e se fazer presente na vida dos idosos; 

5 – Observe os cuidados do distanciamento e da higienização, como uso de máscaras e álcool em gel; 

6 – Valorize a memória e a importância do idoso. Eles guardam não só lembranças, mas o sentido, o sabor e a cultura da vida; 

7 – Escute os idosos com carinho e mantenha o contato afetivo para não ficarem deprimidos durante o isolamento, pois isso pode afetar sua imunidade; 

8 – Olhe para eles com veneração, amor, respeito e admiração; 

9 – Faça com que se sintam importantes para a família, para não deixar que se sintam descartáveis. Fazer preces e rezar com eles um Pai-nosso e uma Ave Maria pode ser um gesto simples e efetivo para se sentirem fortalecidos; 

10 – Proteja os direitos dos idosos, especialmente a renda a que eles têm direito.


Direção espiritual

Além do atendimento realizado por médicos e especialistas, um envolvimento religioso pode proporcionar uma rede de apoio e apresentar um novo vínculo com a vida. Segundo uma pesquisa divulgada na Revista Contemplação, em 2017, 106 de 141 entrevistas apresentaram uma associação positiva da religiosidade como fator de proteção ao suicídio. 

O Padre Reginaldo Manzotti explica que a religião não deve ser vista como substituta do acompanhamento psicológico, mas isso não significa que não se relacionem. “Todos somos diferentes e cada pessoa reage de uma forma particular diante da dor emocional. Acredito que muitos de nós, em algum momento, já pensamos em dar fim a própria vida. Mas filhos, acreditem, Deus restaura sua força e sua alegria. Ele já pagou um alto preço por nós e quer curar a sua dor. ”

Em situações que apresentem necessidade intervenção, é indicado conversar com tranquilidade. Além de ouvir com a mente aberta, não se deve oferecer julgamentos ou opiniões vazias, pois de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nove em dez casos de suicídios poderiam ser prevenidos.

O atendimento psicológico ou psiquiátrico é oferecido pelo Sistema Único de Saúde, através dos Centros de Atenção Psicossocial. Além disso, o CVV realiza apoio emocional e a prevenção ao suicídio 24 horas por dia, por telefone, e-mail e chat. O atendimento é voluntário e gratuito.


Crianças com TEA: estímulo de habilidades funcionais

O ensino de habilidades funcionais garantem mais autonomia e independência para as pessoas com TEA ou T21 (Síndrome de Down). E, mesmo com mais tempo em casa, é fundamental manter o incentivo a essas práticas na rotina com o objetivo de estimular o desenvolvimento. A neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto destaca que o ensino de tarefas básicas do dia a dia, como vestir-se, tomar banho, escovar os dentes, alimentar-se, calçar-se podem ser um grande desafio para as crianças com atraso no desenvolvimento e, por isso, são habilidades muito importantes de serem ensinadas. Abaixo, ela cita algumas dicas para manter esse estímulo:


🧩 Fazer levantamento do repertório das habilidades


🧩 Identificar o que já sabe fazer e que ainda precisa aprender


🧩 Montar programas de ensinos específicos através do encadeamento de respostas


🧩 Fornecer ajuda, quando necessário


🧩 Dividir uma tarefa maior em tarefas menores


🧩 Manter a pessoa motivada a conquistar autonomia e independência


🧩 Elogiar as conquistas


Que atividades devem ser realizadas? Bárbara indica abaixo:

1. LEITURA: Que tal escolherem um livro que a criança goste e criar uma contação de história especial? Use fantoches, crie personagens, ele vai adorar.
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2. COLE OS GRÃOS: É hora de pegar um punhadinho de feijão, milho e macarrão. Em uma folha desenhe algumas formas e peça para seu filho colar os grãos, no fim peça para que ele remova e separe os grãos por tipo.
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3. NÃO DEIXE A BEXIGA CAIR: Pegue um cobertor da família, encha alguns balões cada integrante da brincadeira fica responsável por uma ponta do pano. O objetivo é não deixá-las escapar enquanto tentam jogá-las para cima.
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4. PESCARIA EM CASA: Pegue uma bacia com água e cubos de gelo, coloque o gelo na bacia e peça para seu filho ou filha pescá-los com uma colher no menor tempo possível, dê um prêmio simbólico para quem conseguir pescar mais rápido.
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5. MASSINHA CASEIRA: Quem não gosta de massinha de modelar? Faça em casa e crie formas. Você vai precisar de 1 xícara de farinha de trigo, 1/2 xícara de chá de sal, corante alimentício ou um pacote de suco para dar cor, +-1/4 de xícara de água, 1 colher de sopa de óleo. Misture os ingredientes secos e depois coloque os líquidos aos poucos até ficar uma massa homogênea.


6. HABILIDADES FUNCIONAIS: Estimule atividades como abrir e fechar zíperes, abotoar e desabotoar camisas, amarrar laços nos tênis.


Em ano de Covid-19, Setembro Amarelo lembra da importância de combater suicídios

Psicóloga diz que pandemia pode potencializar casos de depressão

No mês da campanha de prevenção ao suicídio - setembro -, o Brasil completa seis meses de isolamento social, ainda que parcialmente, devido ao novo coronavírus. A pandemia aumenta a relevância do Setembro Amarelo, já que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma de suas principais causas é a depressão e a doença pode ser agravada pelo distanciamento entre as pessoas.

As estatísticas já mostravam um aumento no número de casos no Brasil antes da chegada da Covid-19. A OMS apontou 6,1 suicídios a cada 100 mil habitantes no país, em 2016, contra 5,7 suicídios em 2010. Considerando que mesmo com as medidas de flexibilização em curso, atividades cotidianas, profissionais e de lazer ainda não foram normalizadas, a psicóloga Claudia Pimentel, afirma que é preciso ter especial atenção às pessoas que apresentam predisposição à depressão e à ansiedade. "O isolamento social potencializa o que já estava acontecendo antes. Se já há questões emocionais com as quais elas têm dificuldades em lidar, com a privação pode piorar", afirma.

Em muitos casos, familiares e amigos se dizem surpresos, mas é possível identificar os sinais da doença. "Isolamento, agressividade, insônia, tristeza e desinteresse de tudo, mesmo das coisas que a pessoa gosta muito, são sinais de depressão. Quando apresenta esse quadro e ainda verbaliza que ‘não aguenta mais viver’, a pessoa pode estar realmente em risco", alerta Claudia.

A profissional ainda destaca que é fundamental não só levar os indícios à sério, mas também estimular conversas mais profundas. "Muitos de nós não prestamos atenção de fato ao que está acontecendo com o outro. Mas não é raro que a ideia (de suicídio) não seja manifestada claramente, o sofrimento é mais silencioso, a pessoa consegue escondê-lo", diz a psicóloga.

Assim como nosso corpo, a mente também pode adoecer, por isso é importante cuidar da saúde mental e saber lidar com as emoções. Ter uma rotina organizada, manter relações interpessoais (mesmo que remotamente), dormir e se alimentar bem e fazer atividades físicas são algumas das práticas aconselháveis para manter o bem-estar, além de considerar a procura por acompanhamento psicológico, especialmente após surgirem sintomas de desequilíbrio emocional.

 

 

 

Claudia Pimentel - Psicóloga clínica e Gestalt-terapeuta, é psicoterapeuta Sistêmica Familiar; psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental (TCC); especialista em Psicologia Positiva e Clínica Infantil. Claudia é life coach, Master Practitioner em Programação Neurolinguística (PNL) e hipnoterapeuta Ericksoniana.

Desfrute dos óleos essenciais como perfume funcional

Young Living Essential Oils - Lavender 
Divulgação Young Living Essential Oils


Substâncias aromaterápicas perfumam e levam conforto e relaxamento


Os óleos essenciais sintetizam em suas fragrâncias a pureza da natureza. Baseados na aromaterapia, eles são perfumes funcionais únicos pelo seu poder em reestabelecer o equilíbrio da mente e do corpo.  Líder mundial nesse segmento há 25 anos, a Young Living reúne o frescor de plantas, flores e frutos em suas linhas de produtos para tratamentos de autocuidado, com aromas que remetem ao conforto e à liberdade.

Em contato com a pele, óleos essenciais apresentam compostos que percorrem um longo caminho no organismo por meio da corrente sanguínea entregando seus mais diferentes benefícios de acordo com o óleo essencial escolhido para uso tópico. Pela inalação ou via difusor tem uma ação intensa e rápida, que acessam o sistema límbico, que controla a memória e as emoções. Por isso, são capazes de produzir e estimular sensações de bem-estar, apoiar no foco ou nas atividades, ou ainda no controle da ansiedade, entre outros benefícios.


Muito além da fragrância

Com notas fresca e florais, características de uma fragrância clássica, o óleo essencial Lavender inspira a calma e a combater eventuais tensões, suas propriedades ajudam a acalmar a mente e o corpo. Para renovar as energias e contribuir com a concentração, Peppermint, um dos best-sellers da Young Living, atua no hipocampo e diminui os níveis de cortisol, um hormônio ligado ao stress com aroma refrescante que ajuda a recuperar músculos cansados após atividade física.

Outro coadjuvante da perfumaria funcional é o Stress Away, que possui aroma cítrico com uma pitada adocicada por reunir óleo de limão e extrato de baunilha, além dos óleos de copaíba, lavanda e cedro. Ele é ideal para ajudar no ânimo das manhãs e estimular a sensação de conforto, sendo uma fragrância versátil para qualquer momento do dia. Peace & Calming tem uma fragrância reconfortante que cria uma atmosfera de paz e tranquilidade, um blend popular por ser sido desenvolvido pelo fundador da marca, Gary Young, combinando Ylang Ylang, Orange, Tangerine, Patchouli e Blue Tansy.

“O convite da perfumaria funcional é colocar esse aroma para trazer benefícios adicionais que vão além do cheiro, por atuar em diferentes regiões do cérebro como um neurotransmissor para estimular, apoiar e reequilibrar os estados emocionais”, segundo Paloma Doro, diretora de Marketing da Young Living Brasil.

Segundo Dr. Álvaro Machado Dias, neurocientista e professor livre-docente da Universidade Federal de São Paulo, os princípios ativos que compõem os óleos essenciais fazem um convite aos hábitos mais saudáveis e conduzem a jornadas afetivas e sensoriais que alteram nossas relações com o momento presente. “Esses compostos carregam moléculas que efetivamente adentram o organismo, afetando sua homeostase. Por isso, têm efeitos comprovados por estudos científicos”, finaliza.

 



Young Living Essential Oils

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Youtube: Óleos essenciais


Setembro Amarelo: 7 dicas para cuidar da saúde mental em tempos de pandemia

Especialista do CEJAM recomenda atenção especial na quarentena e dá dicas para fortalecer a saúde mental

 

Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das doenças mais incapacitantes do mundo, a depressão atinge mais de 12 milhões de brasileiros. Embora mais frequente entre mulheres, o transtorno não escolhe gênero, faixa etária ou classe social e pode, quando não tratada, levar ao surgimento de outras doenças e, até mesmo, ao suicídio.

De acordo com a psicóloga e Supervisora Técnica de Saúde Mental do CEJAM, Dra. Tatiana Mendes Alencar, o momento atual pede atenção redobrada para sinais que podem indicar depressão. "O isolamento social é uma medida sanitária e necessária para o enfrentamento de grandes pandemias. Contudo, ele pode desencadear ou agravar manifestações psicopatológicas, aumentando o risco do desenvolvimento de um quadro depressivo", alerta.

Entre os problemas que podem surgir nesse período, a especialista cita alterações do humor, ansiedade, estresse, alterações do sono (insônia ou sono em excesso), alteração no apetite (falta de apetite ou apetite em excesso), luto patológico, abuso de drogas, transtornos de adaptação, entre outros.

Diante da importância de trazer esclarecimento à população sobre o tema, a especialista traz recomendações que podem ser feitas em casa e que contribuem para reduzir, prevenir ou evitar essas condições.


7 dicas para fortalecer a saúde mental

1- Realize atividades prazerosas, como meditação, leitura, exercícios de respiração, artesanato, jardinagem, entre outros;

2- Evite a exposição excessiva às notícias diárias, sempre checando a veracidade das informações;

3- Pratique atividade física, que auxilia na redução dos níveis de estresse, além de liberar hormônios que trazem sensação de bem-estar físico e mental;

4- Mantenha contato com amigos e familiares, seja por telefone, videochamadas, redes sociais, etc., compartilhando sentimentos e anseios com pessoas de confiança;

5- Evite o consumo de álcool, tabaco e outras drogas para lidar com as emoções, a fim de não se torne um hábito e traga problemas futuros como a dependência de substâncias psicoativas;

6- Crie uma rotina e busque segui-la. Essa estrutura favorece o equilíbrio emocional e ajuda a reduzir a ansiedade. Isso inclui: refeições saudáveis em horários pré-determinados, manutenção do horário do sono e tempo destinado às atividades profissionais e de lazer em equilíbrio;

7- Compartilhe e participe de ações de cuidado e solidariedade, como por exemplo, campanhas solidárias ou mobilizações que o façam sentir-se parte do meio social.

Dra. Tatiana destaca, ainda, que é importante buscar ajuda especializada quando as estratégias adotadas não forem suficientes, mantendo-se atento caso os sintomas persistam ou se tornem mais intensos.


Tratamentos na rede pública

A especialista explica que o tratamento para depressão envolve diversas áreas, devendo ser feito por uma equipe multiprofissional que possibilite a troca de conhecimentos para a criação de um projeto terapêutico singular, focado nas necessidades específicas de cada paciente.

"Na Saúde Pública, há serviços na Atenção Primária e na Especializada que ofertam apoio em saúde mental. Entre eles há os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), nas modalidades Adulto, Infanto-juvenil e Álcool e Drogas", orienta.

Os CAPS são voltados ao atendimento de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo as enfermidades decorrentes do uso de substâncias psicoativas (álcool e outras drogas). "O CEJAM atua em diversas unidades de São Paulo, oferecendo acompanhamento em saúde mental à população geral, entre eles o CAPS AD III Jardim Ângela, o CAPS Infanto-juvenil II M´Boi Mirim, o Rede Hora Certa II M´Boi Mirim, as UBS com equipe NASF e AMA Especialidade, em Capão Redondo".

Em situações mais graves, a psicóloga ressalta que questões relacionadas à instabilidade financeira, vulnerabilidade social, desemprego, alterações abruptas da rotina entre outras adversidades ampliadas com o isolamento social podem contribuir para a piora de casos de depressão e riscos de suicídio.

"Nesse momento, é fundamental contarmos com estratégias preventivas para diminuir o impacto da pandemia na população. Um importante canal a ser divulgado é o serviço de apoio emocional e prevenção de suicídio do CVV (Centro de Valorização da Vida), acessível a qualquer pessoa pelo telefone 188 ou site http://www.cvv.org.br", reforça.

 


 

Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim - (CEJAM)

http://cejam.org.br/


MULHER CONFORME O DICIONÁRIO

Eu tinha dez anos e duas paixões. Uma se chamava Graça: loirinha, linda, dona do mundo, obrigava-me a manter limpa a bicicleta. Com ela, as coisas eram tratadas de igual para igual: comigo, com a professora, com quem quer que fosse. O nome da outra era Regina. Aluna mais sabida da sala, era, entretanto, tímida, jamais polemizava com alguém. Um dia Guida, colega com um pouco mais de idade, xingou Regina. Interferi. Guida injuriou-me de cavalo. No ato, insultei Guida de vaca.

 

Juro que só troquei uma invectiva por outra. Equivalência: animal por animal. Mas houve um alarido. Sem entender porque um quadrúpede era havido por menos honroso do que outro, ouvi sermão e ameaças de castigo por parte de uma professora furibunda. Só resisti valente ao alvoroço porque contava com o sorriso que Regina me dirigira. Ele me acompanhou por toda a batalha incompreendida que me travaram. Mas não me foi nada fácil sustentar aquela luta sem causa inteligível.

 

Apenas muito mais tarde compreendi, contudo pela metade, a confusão, e só porque ouvi uma senhora, com más caras, referindo-se a sua vizinha. Dizia, com ira na voz e faísca nos olhos: “aquela vaca”. Claro, concluí, vaca é palavrão. Mas o entendimento completo, com vaca querendo significar puta, isso só veio algum tempo depois. Daí – eureca! – o alvoroço da professora. Mas jamais entendi como ela não entendeu que eu não estava entendendo nada. E quase me permiti: “aquela vaca”.

 

Assim fui iniciado na percepção às diferenças. Notei que bastava estar associada ao masculino ou ao feminino para o significado de inúmeras palavras despegar-se completamente do seu sentido léxico oficial, tornando-se dignificador ou pejorativo. Acho curiosas as disciplinas que estudam as relações sociais de poder não nomearem essas distintas acepções. Gostaria de saber como analistas do discurso denominariam, se o fazem, esse fenômeno, que se me ressalta ser de gênero.

 

Há muitos exemplos dessa hedionda discriminação que refiro. O Houaiss me ajuda na demonstração. Tomemos o vocábulo mulher: “na tradição, como indivíduo e/ou coletivamente, representação de um ser sensível, delicado, afetivo, intuitivo; fraco fisicamente, indefeso (o 'sexo frágil'), idealmente belo (o 'belo sexo'), devotado ao lar e à família (mulher do lar) etc”. Já, homem é aquele ser “em que sobressaem qualidades como coragem, força, determinação, vigor sexual”. E o Houaiss é moderno.

 

O Aurélio não difere na carga minorante dos significados. O verbete mulher: “dotada das chamadas qualidade e sentimentos femininos (carinho, compreensão, dedicação ao lar e à família, intuição)”. Formando palavra composta: “mulher-dama; mulher-da-rótula; mulher-da-rua; mulher-da-vida; mulher-da-zona; mulher-de-amor; mulher-de-má-nota; mulher-de-ponta-de-rua; mulher-do-fandango; mulher-do-mundo; mulher-do-pala-aberto; mulher-errada”. Todas são categorizadas como meretriz.

 

Ainda o Aurélio, homem: “dotado das chamadas qualidades viris, como coragem, força, vigor sexual etc”. Em palavras compostas: homem da lei; homem da rua; homem de ação; homem de bem; homem de Deus; homem de empresa; homem de espírito; homem de Estado; homem de letras; homem de negócios; homem de palavra; homem de prol; homem de pulso; homem de sociedade; homem do mundo; homem do povo; homem público. Todas são palavras que enaltecem, proporcionam dignidade.

 

Um texto que roda na internet, denominado A Sociedade Feminina Brasileira queixa-se do tratamento machista, porém, mais ainda do que o dicionário, arremata a comprovação da minha suspeita. Não identifiquei o autor, talvez a manifestação seja da SFB, mas o escrito arrola exemplos bem-acabados do machismo que, na produção de sentido histórico e ideológico das palavras, habita o vocabulário vinculado a gênero nesse nosso caro Brasil. Transcrevo-o sem comentário. Ele fala por si:

 

Cão = melhor amigo do homem; Cadela = puta \\ Vagabundo = desocupado; Vagabunda = puta \\ Touro = homem forte; Vaca = puta \\ Pistoleiro = assassino; Pistoleira = puta \\ Aventureiro = destemido, desbravador; Aventureira = puta \\ Garoto de rua = menino que vive na rua; Garota de rua = puta \\ Homem da vida = pessoa com sabedoria; Mulher da vida = puta \\ O galinha = o "bonzão", que traça todas; A galinha = puta \\ Peixe = bom nadador; Piranha = puta \\ Puto = irritado, bravo; Puta = puta.

 

 

Léo Rosa de Andrade

Doutor em Direito pela UFSC.

Psicanalista e Jornalista.

O consumismo aumentou pois a ansiedade usa a compra como válvula de escape

O cientista e pesquisador Fabiano de Abreu diz que o varejo virtual lucra com a ansiedade

 

Vivemos na era do consumo, da compra, dos bens descartáveis. O ato de querer sempre mais quase perdeu o controle. O neuropsicólogo, psicanalista e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu atribui essa necessidade de obter os bens materiais como uma forma de colmatar outras situações da nossa vida.

 

"A ansiedade é um mecanismo de defesa natural, a pulsão necessária para resolvermos pendências. Hoje em dia não só estamos ansiosos devido ao medo e receio do futuro por causa da doença e da questão econômica, estamos mais ansiosos por diversos motivos incluindo o receio, também não estamos usando a ansiedade como utilizávamos já que não temos a mesma rotina causando assim uma pendência, uma falta, já que estávamos programados para o cotidiano repetido, há também o excesso de informações ao dedilhar a rede social e a internet num todo.", explica.

 

Segundo o especialista, o stress e a ansiedade são os gatilhos deste gênero de comportamentos.

 

"Ou seja, temos diversos gatilhos para potencializar a ansiedade gerando assim um stress, já que o stress não é um sentimento nem uma emoção e sim uma reação para uma ação que a ansiedade não resolve. Recebi diversos relatos em minha empresa de empresários que dizem estar faturando em dobro com compras online, inclusive há métodos para aumentar as vendas em uma situação dessas. As pessoas com esta ansiedade potencializada, com tantas pendências sem resolver, enganam o próprio organismo comprando, a compra libera dopamina, neurotransmissor da recompensa e assim disfarça a pendência de conquistas de metas que a liberam.", refere Abreu.

 

Ainda segundo o neuropsicólogo, devemos estar atentos a estas situações, especialmente porque elas podem estar a encobrir quadros mais graves e de difícil resolução.

 

"Somos um circuito que precisa funcionar e o mau funcionamento resulta em disfunções que levam a doenças, então, buscamos saídas mesmo que inconscientemente para “tapar o sol com a peneira” satisfazendo assim neurotransmissores viciantes como a dopamina e ativando outros neurotransmissores pois temos a necessidade de buscar a felicidade.", concluí.

 

 

 

Fabiano de Abreu - Neurofilósofo - neurocientista, neuropsicólogo, neuropsicanalista, neuroplasticista, psicanalista, psicopedagogo, jornalista, filósofo, nutricionista clínico, poeta e empresário. 

 

Registro e currículo como pesquisador: http://lattes.cnpq.br/1428461891222558

Especialistas alertam: cuidados com a saúde mental dos idosos evitam outras doenças



 Com o isolamento social, idosos estão mais sujeitos à ansiedade e estresse. Conforto de profissionais e familiares podem amenizar os danos à saúde. Foto: Arquivo/Solary


O isolamento ocasionado pelo coronavírus (COVID-19) está trazendo um alerta para famílias que têm idosos vivendo sozinhos em casa: o reflexo da saúde mental na saúde física. Profissionais da área de saúde que atuam no cuidado destes pacientes relatam o desenvolvimento de doenças que comprometem a saúde mental e podem afetar o restante do organismo, acarretando em um cenário favorável para o adoecimento físico. "Pessoas que enfrentam quadros de estresse, ansiedade e depressão são afetadas. Elas podem apresentar uma redução da imunidade, maior suscetibilidade de infecções, não só do covid-19, mas pneumonias e infecções urinárias que são mais frequentes em idosos", considera o geriatra Kleber Xavier. O isolamento ocasionado pelo coronavírus (COVID-19) está trazendo um alerta para famílias que têm idosos vivendo sozinhos em casa: o reflexo da saúde mental na saúde física. Profissionais da área de saúde que atuam no cuidado destes pacientes relatam o desenvolvimento de doenças que comprometem a saúde mental e podem afetar o restante do organismo, acarretando em um cenário favorável para o adoecimento físico. "Pessoas que enfrentam quadros de estresse, ansiedade e depressão são afetadas. Elas podem apresentar uma redução da imunidade, maior suscetibilidade de infecções, não só do covid-19, mas pneumonias e infecções urinárias que são mais frequentes em idosos", considera o geriatra Kleber Xavier. 

A psicóloga Regina Celebrone, doutora em Distúrbios da Comunicação que atende idosos há quase duas décadas, destaca a importância do afastamento dos corpos para evitar o contágio, mas da aproximação emocional para preservar a saúde física e psicológica. Para ela, as redes de apoio são fundamentais durante o distanciamento social. "A qualidade de pensamentos, de emoções e afetos atingem diretamente o corpo. A saúde mental está ligada ao biopsicossocial. Neste momento, como os relacionamentos sociais estão tolhidos, cerceados, isso vai interferir na qualidade psicológica e física", explica Regina.


ATENÇÃO E CUIDADOS - Os familiares dos idosos podem contribuir muito para amenizar os riscos de desenvolvimento de doenças durante a pandemia. Conversas interessantes sobre histórias antigas e inclusão em atividades interativas são exemplos de acolhimento. 

Para o geriatra, os idosos que estão vivendo o isolamento acompanhados têm apresentado uma resposta melhor aos desafios do que aqueles que estão completamente sozinhos. "A gente observa que idosos que estão em quarentena com outros idosos, casais, familiares e Casas de Repouso, têm estímulos para contato, estão produzindo e tendo algum tipo de resposta na questão psicossocial", explica Kleber. 


ALTERNATIVA QUE FAZ BEM - Para familiares que não podem estar perto dos idosos constantemente, as casas de hospedagem são uma boa opção. Muitas delas adaptaram o atendimento para proteger os seus hóspedes da contaminação contra o COVID, mas intensificaram as atividades sociais, físicas e a interatividade com amigos e familiares. "Beijos e abraços foram suspensos temporariamente, mas incluímos chamadas de vídeo e áudio diária com os para que eles possam ver e ouvir mães e avós que estão hospedadas conosco", afirma a fundadora da Solary, Roberta Bombonatto. 

Ela conta ainda que o espaço está promovendo visitas pelo portão de entrada, onde a família vê a idosa com distância de três metros. "Nossas cuidadoras acompanham esse momento e garantem a proteção de todos. Também aumentamos as opções de atividades diárias para estimular e garantir a saúde física e mental das nossas moradoras", pontua. 


CUIDADOS ESPECIALIZADOS - Atividades físicas também fazem parte do cotidiano das idosas que participam de aulas de dança, música e fazem fisioterapia. "A interação aumenta para espantar a ansiedade, estresse, tristeza e sentimento de abandono. Doenças oportunistas podem ser geradas com idosos fragilizados. Nosso papel é fortalecê-las com cuidados, carinho e atenção", destaca Jane Mendes, responsável técnica da Solary.

No local, a convivência com pessoas da mesma idade e o acompanhamento integral de profissionais especializados são essenciais para o enfrentamento deste momento. A rotina das moradoras inclui uma série de atividades, como rodas de conversa, jogos de memória, bingos e dominós, e momentos de religiosidade para fortalecer a espiritualidade.

Precisamos fazer hoje o que queremos viver amanhã

Transitoriedade, finitude e imprevisibilidade. A pandemia trouxe impactos para a vida de todas as pessoas, em todo o mundo, e também explicitou para cada um de nós o quanto tudo é transitório, finito e imprevisível. Diante de uma realidade para a qual ninguém estava preparado, com rapidez, tivemos que entender e internalizar essa constatação. Em relação à transitoriedade, muito do que tínhamos ou fazíamos deixou de ter importância - e os modelos e formas de viver se transformaram ou sofreram adaptações. Sobre a finitude, com as notícias da morte de milhares de pessoas, nos lembrando diariamente que nossa vida tem um fim, não há também como não imaginar que tudo, inclusive as coisas, terminarão um dia. E de uma hora para outra, imprevisivelmente, fomos obrigados a dar um turning point, uma virada de 360 graus.

Para algumas pessoas, ou alguns setores, um ou outro aspecto citado acima pode impactar mais ou menos que outros. No caso da Educação, a imprevisibilidade foi o que atingiu em cheio escolas e profissionais dessa área. Nenhuma escola estava preparada para o que aconteceu. Nenhum planejamento realizado para o ano letivo de 2020, que mal havia começado, se encaixou na realidade repentina. E diante disso, muitas lições estão sendo aprendidas, não apenas no plano pessoal, mas também no profissional e educacional. A primeira delas é que o projeto pedagógico de uma escola é um instrumento vivo. Mais do que um documento que muitos imaginavam existir apenas para ser apresentado quando necessário, ele se mostrou realmente como um elemento vivo, que deve ser alterado e adaptado sempre que for preciso. 

Se ele precisar sofrer mudanças todo ano, não há nenhum problema, porque a realidade também pode mudar de um ano para outro (ou em questão de poucos dias). Apenas dessa forma ele conseguirá ser uma ferramenta de apoio e ajuda aos professores, mostrando como atingir os objetivos, chegar às metas definidas e fazer com que os alunos aprendam. Manter um projeto pedagógico, sem fazer alterações, pela simples comodidade do fato de que ele já está pronto, é o que de pior uma escola pode fazer. Ele precisa representar não apenas a escola, mas um contexto, deve dialogar com a realidade e se adaptar a ela. Essa foi a primeira lição que as escolas aprenderam nessa pandemia. 

Outra lição que foi preciso ser aprendida às pressas foi que o uso das mídias digitais não pode mais ser ignorado no processo de aprendizagem. Mais do que nunca, se alguém ainda duvidava do fato de que uma aula pode ser realizada sem ser presencial, acho que agora já está provado que isso é possível. E dessa constatação, abre-se a reflexão para um outro aprendizado: é um erro querer dar uma aula on-line aplicando a mesma metodologia e modus operandi que se aplicaria na modalidade presencial. A tendência de muitos professores de querer fazer igual se faz presencialmente foi o que fez muita gente patinar no início da pandemia. Uma aula de 50 minutos presencial, com 40 alunos numa sala é uma coisa. Querer aplicar a mesma aula, com a mesma prática, na modalidade on-line é diferente. Nem alunos, nem professor conseguirão cumprir seus papéis como fazem quando estão interagindo entre si num mesmo espaço. Então, está claro que não é a mesma coisa, mas não é impossível de se realizar e se obter resultados positivos. Basta adaptar a metodologia. 

Por isso mesmo é que o ensino híbrido se apresentou como uma opção que veio para ficar. Um ensino híbrido integra o melhor das modalidades offline e on-line. E é muito importante que as escolas não esqueçam essa lição depois que tudo isso passar. Essa será uma herança positiva da pandemia para a Educação. Os alunos não serão os mesmos quando as aulas presenciais forem retomadas, após toda essa experiência de interação pedagógica com as mídias digitais. Então, não poderemos continuar oferecendo o mesmo que era oferecido antes da pandemia. A tecnologia a serviço dos processos de aprendizagem será uma realidade ainda maior.

E numa época em que se fala tanto em protagonismo do aluno, essa situação de ensino remoto elevou essa condição. O estudante teve que assumir a responsabilidade de estudar sozinho, fazer pesquisas, formular ideias sem aquela troca natural de experiências e impressões que é possível em sala de aula, com o professor e seus colegas. Mais do que nunca, o aluno se tornou o protagonista do seu processo de aprendizagem. É claro que não se pode deixá-lo sozinho nessa caminhada, largado à própria sorte e, por isso mesmo, escolas e professores precisam (e vão precisar sempre) oferecer a este aluno as melhores possibilidades de aprendizagem, dando orientações e fazendo intervenções.

Por fim, acho que a reflexão que devemos fazer para a Educação é que as escolas foram desafiadas a viver o hoje, o presente. Escolas sempre se apoiaram muito no passado, recorrendo a ele para avaliar quais as melhores experiências, o que deu certo e deve ser mantido (o que também é importante). E além disso, sempre se preocuparam muito com o futuro, com um planejamento para o que está por vir. E aí, chega uma pandemia e mostra que todos nós precisamos dar conta do presente. E isso é muito desafiador. Podemos prever, planejar muitas coisas, mas o que temos de real mesmo é o dia de hoje. Então devemos cuidar do hoje. Precisamos fazer hoje o que queremos viver amanhã.




 Joseph Razouk Junior - diretor editorial do Sistema Positivo de Ensino

 

É preciso se reinventar na carreira e nos negócios

Momento pede que profissionais se reposicionem e se adequem de forma rápida e inovadora


Presente nas principais pautas da atualidade, o pós-pandemia pode ser entendido como um “novo agora”, porém, muito mais exigente. A demanda por inovação e gestão às empresas e profissionais da Medicina Veterinária já era uma realidade, que foi potencializada, mesmo em segmentos menos impactos pela crise.

“As novas demandas, na verdade, são velhas. O que acontece, agora, é que houve uma aceleração em decorrência do digital, impulsionada pela necessidade do isolamento social durante a pandemia”, comenta o professor livre-docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, Marco Antonio Gioso.

Para o professor, as frequentes mudanças de atitudes na carreira e nos negócios são um caminho sem volta. “É indispensável que as empresas e profissionais se permitam uma mentalidade aberta para a gestão”, diz ele, que frisa, ainda, que os setores agro e pet estão entre os poucos que cresceram mesmo durante a pandemia.

“Mas, porque alguns faliram, mesmo nestes setores?”, indaga Gioso. Na opinião do professor, a resposta está no fato de que o dinamismo da atualidade não dá chances aos que não se estruturam com planejamento e estratégia e, principalmente, propósito.


É tempo de inovar!

O argumento da consultora do Sebrae-SP, Jane Albinati Malaguti, vai na mesma direção: “reposicionar-se e adequar-se de forma rápida e inovadora é a tônica”. Portanto, este é o caminho a ser percorrido para aumentar as possibilidades de crescimento nos próximos anos. “É preciso pensar em novas formas de atendimento e de oferecer serviços e produtos.”

Neste sentido, Gioso comenta que apresentar soluções para as “dores” dos diversos públicos é uma dica. “Quais os problemas do tutor do seu paciente você pode ajudar a sanar? Quando focamos em oferecer solução, em vez de reforçar a presença do problema, passamos a ser mais necessários e valorizados no mercado.”


Habilidades essenciais

Consultora de carreira, Danielle Lima considera que a pandemia foi a “prova de fogo” para, pelo menos, três habilidades cruciais: resiliência, disponibilidade para aprender continuamente e autorresponsabilidade por decisões e atitudes. “É necessário sair do modo piloto automático.”

Para isso, a sugestão de Danielle aos profissionais é que invistam no autoconhecimento. “Quando sabemos o que queremos e quais são nossos valores, prioridades e limites, fica mais fácil colocar as três habilidade essenciais em prática e obtermos resultados positivos”, frisa.


Questionar-se é passo importante para estas descobertas

Diante da dificuldade, muitos negócios e profissionais ficaram estáticos, outros se realinharam e, uma parcela, ainda, enxergou novos campos a serem explorados. A possibilidade de escolha é uma dádiva, mas, também, um grande problema quando não se sabe para onde se quer ir.

Neste sentido, Jane faz algumas provocações: “suas escolhas permitirão que você saia desta crise mais preparado? Que novas habilidades e competências você precisa desenvolver?”. Comportamentos mais assertivos, muitas vezes, dependem da capacidade de observar, questionar, compreender e decidir o caminho a seguir para o futuro.


Quer saber mais?

Marco Antonio Gioso, Jane Albinati Malaguti e Danielle Lima falarão mais sobre o assunto durante o painel “Profissionais e negócios no pós-pandemia”, no dia 09/09, das 19h às 21h, Dia do Médico-veterinário! O evento on-line faz parte da 4ª Semana do Médico-veterinário do CRMV-SP. Participe!

Inscreva-se em https://www.sympla.com.br/profissionais-e-negocios-pos-pandemia__955336


Sobre o CRMV-SP

O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do estado de São Paulo, com mais de 39 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, estados e municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.


Brasil e Dinamarca assinam acordo de cooperação para aperfeiçoar o atendimento e reduzir custos na saúde pública

Medidas têm por objetivo reduzir custos, melhorar a gestão do SUS e atendimento aos pacientes, além de integrar as informações pelo prontuário eletrônico

 

Brasil e Dinamarca assinaram a segunda etapa do acordo de cooperação para desenvolvimento de um sistema de classificação de pacientes brasileiros. Essa cooperação terá duração de três anos (2020-2022) e prevê medidas para aperfeiçoar o sistema de financiamento da atenção especializada em saúde e reduzir custos, somando-se aos esforços do Ministério da Saúde na melhoria da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), integração do prontuário eletrônico e atendimento à população. No início da próxima semana, o Ministério da Saúde publicará um edital para seleção interna dos profissionais que trabalharão com o Grupo de Diagnósticos Relacionados (DRG-SUS). Entre outras especialidades, estão previstas vagas para economistas, estatísticos, médicos, enfermeiros e equipes de TI.

O acordo aborda o aprimoramento do uso dos dados de saúde para melhorar o acesso da população a serviços de saúde de qualidade. Esse aprimoramento ocorrerá baseado em duas vertentes: construção de um sistema de classificação de pacientes pela metodologia de DRG-SUS e o aperfeiçoamento da transformação digital em saúde. “A metodologia possibilita uma mensuração precisa da performance dos hospitais e a realização de análises comparativas entre os serviços de saúde (benchmarking) disponíveis ao SUS”, diz a Dra. Cleusa Rodrigues Bernardo, diretora do Departamento de Regulação e Controle (DRAC), uma das peças fundamentais no desenvolvimento do DRG. “A implantação do sistema permitirá uma distribuição de recursos mais igualitária baseada em dados, otimizando os recursos disponíveis ao SUS e qualificando os serviços prestados à população brasileira”.

Nesta etapa, serão construídos e testados, em todos os estados e municípios, os algoritmos de todas as especialidades atendidas no sistema de saúde por meio do DRG-SUS. Os dois sistemas estruturantes da pasta, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e o Repositório em Terminologias em Saúde (RTS), também serão aperfeiçoados para viabilizar que o DGR-SUS entre em funcionamento. A previsão é que a metodologia seja implementada em todo o território nacional até o fim da cooperação.

SOBRE O DRG

O Grupo de Diagnósticos Relacionados é uma metodologia de classificação dos atendimentos de saúde, com características clínicas que permitem aperfeiçoar as análises das informações e a forma de remuneração dos serviços de saúde, trazendo mais segurança e transparência nos atendimentos oferecidos pelo SUS.

O trabalho com o sistema DRG exige uma abordagem integrada de conhecimentos e que envolve áreas especializadas do Ministério da Saúde: processos de validação clínica para construção dos agrupamentos DRG, com base nas informações disponíveis nos registros de atendimento; metodologias e apuração de custos; atribuição dos custos de atividade assistencial e cálculo de tarifas nacionais; aplicação dos algoritmos computacionais dos agrupamentos DRG; apuração e atribuição de custos e dos cálculos das tarifas nacionais.

PRIMEIRA ETAPA

A primeira fase do acordo previa três áreas complementares: o aperfeiçoamento dos dados de saúde e a unificação dos cadastros nacionais de saúde; o aprimoramento do sistema de classificação de risco dos pacientes no SUS pela metodologia de DRG; e a melhoria da gestão e padronização de terminologias médicas. 

As atividades desenvolvidas no projeto de cooperação possibilitam aos técnicos do Ministério da Saúde conhecimento mais aprofundado sobre o sistema, especialmente sobre a metodologia de levantamento dos custos das atividades desenvolvidas nos estabelecimentos de saúde. Assim, além de garantir um atendimento mais adequado, a ferramenta pode ajudar na gestão hospitalar e no melhor uso do recurso público.

Na primeira fase, técnicos dinamarqueses conheceram 25 estabelecimentos de saúde no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Maceió, Goiânia e Brasília. O objetivo foi acompanhar a coleta de informações, desde o registro até o armazenamento, processamento, análise e divulgação dos dados em diferentes estabelecimentos de saúde. Outro resultado importante desta cooperação foi a construção de um sistema DRG das especialidades de cardiologia e de ortopedia.

 


 

Gustavo Frasão, do NUCOM/SAES

 

Ministério da Saúde

 

Selic baixa, avanços tecnológicos e regulatórios, além de foco nos clientes ajudam na recuperação do mercado automobilístico

“Percebemos que, mesmo diante da pandemia, há uma retomada e o setor de veículos é um grande impulsionador dessa melhora”, pontuou Luis Eduardo da Costa Carvalho, Presidente da ACREFI

 

A taxa básica de juros, a Selic, com tendência de baixa, avanços tecnológicos e regulatórios, além de foco na demanda dos clientes são boas notícias para quem quer financiar veículo novo ou usado. Mesmo diante da pandemia, o setor sinaliza melhora e resiliência. De olho nestes movimentos, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (ACREFI) realizou o segundo dia de debates de um evento que teve como tema “Financiamento de Veículos: A hora e a vez da retomada”.

O encontro contou com a abertura de Luis Eduardo da Costa Carvalho, Presidente da ACREFI e sócio-fundador e presidente do conselho da Lecca Financeira, que agradeceu aos presentes. “Essa é uma das atividades mais relevantes da entidade, uma vez que grande maioria do nosso quadro atua neste segmento. Percebemos que, mesmo diante da pandemia, há uma retomada e o setor de veículos é um grande impulsionador dessa melhora”, pontuou Carvalho.

O presidente da entidade também falou sobre a importância do open banking nas negociações. “O mercado brasileiro está vivendo um momento especial. O Banco Central inseriu dois grandes projetos, o open banking e o Pix – que, como um novo meio de pagamentos, vai baratear o custo das operações de pagamentos e transferências. É um ganho importante para sociedade, ao consumidor. Já o open banking abre um leque de opções disponíveis para o consumidor e permite que ele tenha mais liberdade para levar suas informações financeiras para onde quiser - melhorando o ambiente de competitividade”, destacou Carvalho.

André Novaes, Diretor da Santander Financiamentos, afirmou que boa parte da retomada do crédito se deve a solidez do sistema. “O processo de digitalização, dessa transformação, é um grande auxiliar do segmento. O crédito de veículos impulsiona a participação da economia e os canais digitais melhoraram essa experiência do cliente pela simplicidade e agilidade em termos de atendimento”, destacou André.

Novaes reforçou sobre os benefícios do sistema PIX, que permitirá pagamentos e transferências bancárias 24 horas por dia, 7 dias por semana. “Já fazemos isso no Santander, com Gravames nos fins de semana, mas essa o PIX é um complemento nesse processo – que ajudará na interoperabilidade com outras instituições, não somente na qual o cliente e parceiro possui relacionamento. É um instrumento que trará outras possibilidades de negócio”, ponderou.

Alfredo Dassan, Diretor do Banco Bradesco Financiamentos, mencionou que é preciso estar atento na percepção do momento, até advindo do Covid-19. “O crédito não faltou e não faltará, pois há uma mudança positiva no segmento. Fizemos (sistema bancário e financeiras) movimentos importantes, como ofertas personalizadas e adequando ao fluxo de necessidade do cliente. Essa percepção, por parte do consumidor, incrementada pelo avanço dos canais digitais, foram  extremamente importantes. Trabalhamos com os dealers nesta intermediação e interlocução, focada em fomentar o crédito para empresas inclusive”, ressaltou.

Dassan avaliou ainda sobre o processo de retomada da indústria automotiva. “O mês de agosto deu forte indicativo de melhora, ou seja, a indústria se readaptou, evolui e já está crescendo. Estamos otimistas com o próximo ano – e já temos números e diversos setores que demonstram avanço. Projetamos um 2021 otimista e o mercado está preparado”, destacou.

Celso Rocha, Diretor de Distribuição e Varejo do Banco BV, comparou a situação atual ao período pré-Plano Real, salientando uma série de desafios e hiperinflação, antes do marco da estabilização. “O mercado aprendeu sobre resiliência e, esta construção, também impactou o cliente mais exigente: ele não aceita mais a demora e outras adversidades no atendimento. É uma mudança que, inclusive, envolve o comportamento de compra. É uma decisão diferente e, essa resiliência, exige que haja uma projeção de negócio diferente para sobreviver – temos decisões mais rápidas. O jogo hoje acontece de forma antecipada, já quando o cliente pensa na compra, e precisamos entender esse processo”, sugeriu Rocha.

Rocha fez também uma análise sobre a evolução das vendas, olhando para os EUA e Europa no contexto da evolução digital. “O brasileiro é diferente – a gente tinha uma venda calcada em relacionamento, na presença física. A Pandemia mudou essa percepção e, cada vez mais, precisamos sentar na cadeira do cliente e entender suas necessidades: a praticidade, a agilidade (no objeto de compra) e eficiência foram incorporadas ao processo”, exemplificou.

Enilson Sales, Vice-Presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), alertou que as vendas de veículos melhoraram consideravelmente. “Já projetamos setembro 12% acima e, os números de agosto, já estão se equiparando aos de 2019 – lembrando que, no ano passado, não tivemos uma pandemia que afetou nossa economia. Acreditamos que, se tudo ocorrer bem, podemos fechar como o ano passado”, disse Sales, mencionado que um dos entraves pode ser a falta de produtos.

Segundo ele, o mercado de multimarcas reagiu rapidamente. “Lá o caixa da loja está mais próximo do coração e bolso do dono, pois sente o impacto rapidamente. Foi preciso buscar alternativas, como vendas online e outros caminhos. O importante é que essa barreira foi ultrapassada”, ponderou.

Sales falou dos impactos dos fechamentos dos DETRANS. “O processo digital, cada vez mais, viverá harmonicamente com o cliente. A plataforma RENAVE – Registro Nacional de Veículos em Estoque – idealizado pela Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), com a participação da Fenabrave e da Anfavea, proporcionará maior segurança no comércio de veículos, com o uso de certificados eletrônicos e assinatura de documentos digitais. O objetivo é agilizar o processo de transferência, acelerando o trâmite e reduzindo os custos atuais, oferecendo maior transparência, segurança e benefícios para o setor e governo. Mesmo com resistência de alguns segmentos, em razão da burocracia, há um espaço e ambiente propício para romper essas barreiras. Mesmo que haja pessoas que querem viver no século passado, porque convém, essa barreira será ultrapassada”, alertou. 

Wilson Diniz, Superintendente Executivo do Banco PAN, mencionou que o Brasil é um país de riqueza e dimensão grande. “Temos uma distinção de clientes, diferente do passado, quando havia um atendimento padrão. Hoje o mercado se adequou, personalizam o atendimento (concessão de crédito) para atender qualquer nicho. Esse é um processo de eterna evolução, uma vez que cada cenário é um momento. Todos os mercados estão preparados para oferecer soluções com segurança e agilidade. A digitalização é um grande aliado nesse processo”, enfatizou.

Diniz falou que o mercado de motos sofreu por falta de produtos, não de consumidor. “Moto ainda havia um estoque, um soluço, mas que só aguentou até maio – depois começou a escassez e o mercado esfriou. Mas retomou em uma velocidade impressionante, em ‘V’, e precisamos lembrar que temos as principais montadoras de motos em Manaus (AM) – que foi um dos locais mais impactados do país no começo da pandemia e acabou parando para ajudar na produção de respiradores e, em seguida, retomou com vigor e baterá recordes. É um mercado que só vai crescer e é promissor”, avaliou.

Os painéis do evento foram mediados por Cleber Martins, Consultor de Operações/Comissões Técnicas da Acrefi. Os volumes de concessões mensais de financiamentos de veículos registraram R$ 9,1 bilhões e R$ 10,7 bilhões em Junho e Julho, respectivamente, volumes em linha com os registrados no pré-crise, afirmou.

 

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