Apoio psicológico e religioso podem caminhar juntos Divulgação / Internet |
Apesar do alto índice de suicídio entre os
jovens, são os idosos com mais de 70 anos que lideram o ranking no país
Considerado
um problema de saúde pública, o suicídio é a única causa de mortalidade que não
teve redução no número de casos nos últimos 50 anos. Entre 2000 e 2016, as
taxas de suicídio no Brasil aumentaram 73%, passando de 6.780 para 11.736,
segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. E, de acordo com dados da
Organizações das Nações Unidas (ONU), o suicídio é a segunda principal causa de
morte entre os jovens de 15 e 29 anos, ultrapassando 800 mil casos por ano em todo
o mundo, isto é, uma pessoa comete suicídio a cada quatro segundos.
Idealizada
pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) em 2014, a campanha ‘Setembro Amarelo’
é dedicada a conscientização e prevenção ao suicídio. Através de vídeos e
debates, a campanha alerta a população sobre a importância de sua discussão.
Para o Padre Reginaldo Manzotti, essa campanha alerta a sociedade e apresenta
formas para pais e educadores que lidam com jovens a tomarem as medidas
necessárias para situações que possam induzir ao suicídio. “Recebo muitos testemunhos pelo rádio de,
principalmente, jovens com pensamentos suicidas. É um problema muito grave e
que precisa da nossa atenção. ” Relata o sacerdote.
Tratado
como tabu, é difícil identificar os fatores e sentimentos que levam uma pessoa
a cometer um suicídio. Um aspecto que chama a atenção de diversos especialistas
é a dificuldade de realizar um acompanhamento prévio de uma pessoa com intenção
de atentar contra a própria vida.
Idosos
Dados
de 2017 divulgados pelo Ministério da Saúde mostraram que os idosos com mais de
70 anos lideram o ranking de suicídio no País, o abandono é uma das principais
causas. Com a pandemia esse cenário só tende a piorar, pois os idosos são do
grupo de risco da COVID-19 e permanecem isolados e com medo constante da
morte.
Pensando
nisso, a Pastoral da Pessoa Idosa da CNBB e a Pascom do Brasil também listaram
10 pequenos gestos que todos nós podemos realizar e ajudar no cuidado com os
idosos neste momento de pandemia do coronavírus:
1 –
Mantenha os idosos em distanciamento social, para evitar a contaminação;
2 –
Não deixe de dar atenção e verificar todas as necessidades da pessoa
idosa;
3 –
Observe se na vizinhança há algum idoso precisando de ajuda e apoio neste
momento de dificuldade;
4 –
Utilize as redes sociais e o telefone para monitorar e se fazer presente na
vida dos idosos;
5 –
Observe os cuidados do distanciamento e da higienização, como uso de máscaras e
álcool em gel;
6 –
Valorize a memória e a importância do idoso. Eles guardam não só lembranças,
mas o sentido, o sabor e a cultura da vida;
7 –
Escute os idosos com carinho e mantenha o contato afetivo para não ficarem
deprimidos durante o isolamento, pois isso pode afetar sua imunidade;
8 –
Olhe para eles com veneração, amor, respeito e admiração;
9 –
Faça com que se sintam importantes para a família, para não deixar que se
sintam descartáveis. Fazer preces e rezar com eles um Pai-nosso e uma Ave Maria
pode ser um gesto simples e efetivo para se sentirem fortalecidos;
10 –
Proteja os direitos dos idosos, especialmente a renda a que eles têm direito.
Direção
espiritual
Além
do atendimento realizado por médicos e especialistas, um envolvimento religioso
pode proporcionar uma rede de apoio e apresentar um novo vínculo com a vida. Segundo
uma pesquisa divulgada na Revista Contemplação, em 2017, 106 de 141 entrevistas
apresentaram uma associação positiva da religiosidade como fator de proteção ao
suicídio.
O
Padre Reginaldo Manzotti explica que a religião não deve ser vista como substituta
do acompanhamento psicológico, mas isso não significa que não se relacionem. “Todos somos diferentes e cada pessoa
reage de uma forma particular diante da dor emocional. Acredito que muitos de
nós, em algum momento, já pensamos em dar fim a própria vida. Mas filhos,
acreditem, Deus restaura sua força e sua alegria. Ele já pagou um alto preço
por nós e quer curar a sua dor. ”
Em
situações que apresentem necessidade intervenção, é indicado conversar com
tranquilidade. Além de ouvir com a mente aberta, não se deve oferecer
julgamentos ou opiniões vazias, pois de acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), nove em dez casos de suicídios poderiam ser prevenidos.