“Percebemos que, mesmo diante da pandemia, há uma retomada e o
setor de veículos é um grande impulsionador dessa melhora”, pontuou Luis Eduardo
da Costa Carvalho, Presidente da ACREFI
A taxa básica de juros, a
Selic, com tendência de baixa, avanços
tecnológicos e regulatórios, além de foco na demanda dos
clientes são boas notícias para quem quer financiar veículo novo ou usado.
Mesmo diante da pandemia, o setor sinaliza melhora e resiliência. De olho
nestes movimentos, a Associação Nacional das Instituições de Crédito,
Financiamento e Investimento (ACREFI) realizou o segundo dia de debates de um
evento que teve como tema “Financiamento de Veículos: A hora e a vez da
retomada”.
O encontro contou com a abertura de Luis Eduardo da Costa
Carvalho, Presidente da ACREFI e sócio-fundador e presidente do conselho da
Lecca Financeira, que agradeceu aos presentes. “Essa é uma das atividades mais
relevantes da entidade, uma vez que grande maioria do nosso quadro atua neste
segmento. Percebemos que, mesmo diante da pandemia, há uma retomada e o setor
de veículos é um grande impulsionador dessa melhora”, pontuou Carvalho.
O presidente da entidade também falou sobre a importância do open
banking nas negociações. “O mercado brasileiro está vivendo um momento
especial. O Banco Central inseriu dois grandes projetos, o open banking e o Pix
– que, como um novo meio de pagamentos, vai baratear o custo das operações de
pagamentos e transferências. É um ganho importante para sociedade, ao
consumidor. Já o open banking abre um leque de opções disponíveis para o
consumidor e permite que ele tenha mais liberdade para levar suas informações
financeiras para onde quiser - melhorando o ambiente de competitividade”,
destacou Carvalho.
André Novaes, Diretor da Santander Financiamentos, afirmou que boa
parte da retomada do crédito se deve a solidez do sistema. “O processo de digitalização,
dessa transformação, é um grande auxiliar do segmento. O crédito de veículos
impulsiona a participação da economia e os canais digitais melhoraram essa
experiência do cliente pela simplicidade e agilidade em termos de atendimento”,
destacou André.
Novaes reforçou sobre os benefícios do
sistema PIX, que permitirá pagamentos e transferências bancárias 24 horas por
dia, 7 dias por semana. “Já fazemos isso no Santander, com Gravames nos fins de
semana, mas essa o PIX é um complemento nesse processo – que ajudará na
interoperabilidade com outras instituições, não somente na qual o cliente e
parceiro possui relacionamento. É um instrumento que trará outras
possibilidades de negócio”, ponderou.
Alfredo Dassan, Diretor do Banco Bradesco Financiamentos,
mencionou que é preciso estar atento na percepção do momento, até advindo do
Covid-19. “O crédito não faltou e não faltará, pois há uma mudança positiva no
segmento. Fizemos (sistema bancário e financeiras) movimentos importantes, como
ofertas personalizadas e adequando ao fluxo de necessidade do cliente. Essa
percepção, por parte do consumidor, incrementada pelo avanço dos canais
digitais, foram extremamente importantes. Trabalhamos com os dealers
nesta intermediação e interlocução, focada em fomentar o crédito para empresas
inclusive”, ressaltou.
Dassan avaliou ainda sobre o processo de retomada da indústria automotiva. “O mês de agosto deu forte indicativo de melhora, ou seja, a indústria se readaptou, evolui e já está crescendo. Estamos otimistas com o próximo ano – e já temos números e diversos setores que demonstram avanço. Projetamos um 2021 otimista e o mercado está preparado”, destacou.
Celso Rocha, Diretor de Distribuição e Varejo do Banco BV,
comparou a situação atual ao período pré-Plano Real, salientando uma série de
desafios e hiperinflação, antes do marco da estabilização. “O mercado aprendeu
sobre resiliência e, esta construção, também impactou o cliente mais exigente:
ele não aceita mais a demora e outras adversidades no atendimento. É uma
mudança que, inclusive, envolve o comportamento de compra. É uma decisão
diferente e, essa resiliência, exige que haja uma projeção de negócio diferente
para sobreviver – temos decisões mais rápidas. O jogo hoje acontece de forma
antecipada, já quando o cliente pensa na compra, e precisamos entender esse
processo”, sugeriu Rocha.
Rocha fez também uma análise sobre a evolução das vendas, olhando para os EUA e Europa no contexto da evolução digital. “O brasileiro é diferente – a gente tinha uma venda calcada em relacionamento, na presença física. A Pandemia mudou essa percepção e, cada vez mais, precisamos sentar na cadeira do cliente e entender suas necessidades: a praticidade, a agilidade (no objeto de compra) e eficiência foram incorporadas ao processo”, exemplificou.
Enilson Sales, Vice-Presidente da Federação Nacional das
Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), alertou que as
vendas de veículos melhoraram consideravelmente. “Já projetamos setembro 12%
acima e, os números de agosto, já estão se equiparando aos de 2019 – lembrando
que, no ano passado, não tivemos uma pandemia que afetou nossa economia.
Acreditamos que, se tudo ocorrer bem, podemos fechar como o ano passado”, disse
Sales, mencionado que um dos entraves pode ser a falta de produtos.
Segundo ele, o mercado de multimarcas reagiu rapidamente. “Lá o
caixa da loja está mais próximo do coração e bolso do dono, pois sente o
impacto rapidamente. Foi preciso buscar alternativas, como vendas online e
outros caminhos. O importante é que essa barreira foi ultrapassada”, ponderou.
Sales falou dos impactos dos fechamentos dos DETRANS. “O processo digital, cada vez mais, viverá harmonicamente com o cliente. A plataforma RENAVE – Registro Nacional de Veículos em Estoque – idealizado pela Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), com a participação da Fenabrave e da Anfavea, proporcionará maior segurança no comércio de veículos, com o uso de certificados eletrônicos e assinatura de documentos digitais. O objetivo é agilizar o processo de transferência, acelerando o trâmite e reduzindo os custos atuais, oferecendo maior transparência, segurança e benefícios para o setor e governo. Mesmo com resistência de alguns segmentos, em razão da burocracia, há um espaço e ambiente propício para romper essas barreiras. Mesmo que haja pessoas que querem viver no século passado, porque convém, essa barreira será ultrapassada”, alertou.
Wilson Diniz, Superintendente Executivo do Banco PAN, mencionou
que o Brasil é um país de riqueza e dimensão grande. “Temos uma distinção de
clientes, diferente do passado, quando havia um atendimento padrão. Hoje o
mercado se adequou, personalizam o atendimento (concessão de crédito) para
atender qualquer nicho. Esse é um processo de eterna evolução, uma vez que cada
cenário é um momento. Todos os mercados estão preparados para oferecer soluções
com segurança e agilidade. A digitalização é um grande aliado nesse processo”,
enfatizou.
Diniz falou que o mercado de motos sofreu por falta de produtos, não de consumidor. “Moto ainda havia um estoque, um soluço, mas que só aguentou até maio – depois começou a escassez e o mercado esfriou. Mas retomou em uma velocidade impressionante, em ‘V’, e precisamos lembrar que temos as principais montadoras de motos em Manaus (AM) – que foi um dos locais mais impactados do país no começo da pandemia e acabou parando para ajudar na produção de respiradores e, em seguida, retomou com vigor e baterá recordes. É um mercado que só vai crescer e é promissor”, avaliou.
Os painéis do evento foram
mediados por Cleber Martins, Consultor de Operações/Comissões Técnicas da
Acrefi. Os volumes de concessões mensais de financiamentos de veículos
registraram R$ 9,1 bilhões e R$ 10,7 bilhões em Junho e Julho, respectivamente,
volumes em linha com os registrados no pré-crise, afirmou.
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