Arquiteta Júlia Guadix direciona o que levar em conta antes de
escolher geladeira, fogão, forno, micro-ondas, coifa e máquina lava-louça para
o ambiente
A cozinha
vai muito além de armários e revestimentos de encher os olhos.
Levando em conta que esse é um dos ambientes da casa que mais pede
funcionalidade e praticidade no dia a dia, a escolha certa dos
eletrodomésticos é primordial para facilitar essa rotina, que
vai desde o armazenamento até o preparo dos alimentos.
Entusiasta
pela evolução dos equipamentos que a indústria tem desenvolvido, a arquiteta Júlia
Guadix, do escritório de arquitetura Liv’n Arquitetura,
acompanha as novidades e gosta de contar com as características dos modelos e
as necessidades de cada residência para especificar em projeto. Com tantas
opções no mercado, ela condiciona como o primeiro passo o preparo de uma lista
com os itens que não podem fazer na cozinha. “Em um projeto de cozinha, sempre começamos com a
escolha dos eletrodomésticos. Assim conseguimos adequar a parte elétrica e a
marcenaria de acordo com as necessidades de cada aparelho”, explica
Júlia.
A
profissional também coloca como papel do profissional de arquitetura o suporte
para avaliar questões técnicas como medidas para o planejamento
da marcenaria e o posicionamento das tomadas, bem como observar as voltagens
que estão diretamente relacionadas ao quadro de energia da casa. Além disso,
uma interrogação final colocada por Júlia deve ser respondida sem nenhuma
dúvida: as aquisições se encaixarão, e sobretudo atenderão a rotina dos
moradores?
A seguir,
acompanhe o check list preparado pela arquiteta:
Geladeira:
Nesse
projeto a geladeira está embutida no nicho da marcenaria com uma altura de
1,95m/Foto: Guilherme Pucci
Quando o
assunto é a escolha da geladeira, Júlia logo enfatiza que o modelo
deve apresentar a tecnologia Frost Free, que por
conta do sistema de refrigeração controlado eletronicamente garante a não
formação de gelo nas paredes e elimina o degelo. Quanto às
medidas, é preciso levar em conta não apenas o vão de encaixe,
mas também o espaço para ‘respiro’ do eletrodoméstico, que é indicado no manual
do produto elaborado pelos fabricantes, e o espaço para abertura das portas.
Com o
advento da indústria, os modelos com freezer invertido se tornaram uma grande
vantagem em função da praticidade e do conforto para a abertura da porta do
refrigerador. “Gosto muito das versões inverse, que trazem o freezer na parte de
baixo do aparelho e permite que os itens da área mais usada – o refrigerador –
fiquem aos olhos do usuário”, destaca a arquiteta. Como adicional,
alguns modelos com tecnologia inverter também garantem menor consumo de energia
elétrica, sem reduzir a eficiência de performance.
Como
adicionais, os modelos mais recentes ainda agregam funções como produção de
gelo automático e água fresca – diretamente na porta. “Imagina
nunca mais encher uma garrafa de água ou forminhas de gelo? É um dos meus
sonhos de consumo!”, brinca a arquiteta.
Linha
branca ou acabamento inox? Essa é uma dúvida que paira na mente dos
consumidores em função da durabilidade. De maneira geral, ambos oferecem a
mesma longevidade em função dos cuidados semelhantes: limpeza
com pano macio e detergente neutro, sem a utilização de nenhum produto abrasivo.
“Em
geral, dou preferência para os acabamentos de inox, que além de conferir
modernidade e elegância aos ambientes, envelhecem melhor. As geladeiras brancas
possuem elementos em plástico branco que amarelam com o tempo e denunciam a
idade do equipamento. Em nenhum dos dois acabamentos recomendo a bucha
dupla face para não aparecerem riscos indesejados”, esclarece
Júlia.
Cooktop e
Forno:
Nesse
projeto, o cooktop e o fogão são elétricos, práticos para limpar e controlar a
temperatura. O forno, embutido no móvel sob o cooktop, facilita o
dia-a-dia/Foto: Guilherme Pucci
As
cozinhas atuais seguem com a tendência de posicionar cooktop e forno
de forma separada. Em relação à fonte de energia –
a gás (por botijão ou natural, de forma encanada) ou elétrico –, são definidos
de acordo com a preferência dos clientes, como pelas condições oferecidas no
projeto.
A
arquiteta revela a predileção pelo sistema elétrico, já que a
indução se traduz como mais eficiente e seguro na rotina diária. “Fico
muito mais tranquila de pensar que a ‘boca’ desse cooktop só esquenta quando a
panela está posicionada no local”, diz a arquiteta. Além disso,
esfria mais rápido e é muito prático para limpar, já que não apresenta os
relevos do fogão tradicional, os bocais e as grades. O modelo também é muito
vantajoso em projetos como extensão da bancada.
Olhando
para os fornos, Júlia também avalia os elétricos como mais
apropriados, pois promovem aquecimento uniforme e descomplica o acendimento e
controle da temperatura. Os modelos de embutir, que podem ser elétricos ou a
gás, se revelam mais ergonômicos, pois podem ser colocados na marcenaria em uma
altura que facilita o manuseio na colocação e retirada de assadeiras e
refratários. “Poder integrar cooktop e forno aos móveis e bancada, além de trazer
uma estética muito elegante e contemporânea, ainda otimiza a área útil, já que
em muitas situações a cozinha é pequena. Separar o forno e o cooktop também
permite montar um layout mais funcional e com circulação melhor dentro da
cozinhal”, enfatiza Júlia.
Ponderar
todos esses detalhes permite realizar as adequações indicadas pelos fabricantes
em relação à fiação e aos disjuntores, no caso do elétrico, assim como
providenciar as condições para a conexão com o gás.
Micro-ondas:
Aqui
nessa cozinha o micro-ondas foi embutido no móvel, seguindo as recomendações da
altura de 1,40 m do piso/Foto: Guilherme Pucci
Foi-se o
tempo que o micro-ondas era utilizado somente para esquentar
pratos e estourar pipoca. Essencial para o bom funcionamento da cozinha, o
tamanho, em litros, deve ser avaliado antes da compra. Para casais ou
para quem mora sozinho, a arquiteta indica um modelo de 20 a 25
litros. Porém, se a ideia for fazer preparos maiores e a
se casa apresentar mais habitantes, a indicação é por versões acima de
30 litros.
Por se
tratar de um aparelho com diferentes funções e potências, é preciso avaliar as
novas opções existentes, como o grill, para dourar e gratinar, e a função Air Cook,
que realiza a fritura de alimentos com o ar quente. “A
evolução é tão grande que o mercado oferece modelos que mantém os pratos
aquecidos e também tiram o odor depois de estourar uma pipoca”,
brinca Júlia.
Sobre sua
colocação na cozinha, o modelo de embutir configura-se como esteticamente mais
bonito, todavia registra um preço superior ao tradicional e demanda um móvel
planejado e de acordo. O modelo de mesa é mais acessível e conta com a
praticidade de precisar apenas de um apoio e uma tomada.
A
instalação do micro-ondas também pede atenção especial, já que a altura
correta permite que o usuário possa enxergar por completo o
interior do eletrodoméstico e retirar o prato quente sem o risco de queimaduras
ou de derrubar sobre si. Para tanto, utilize a referência de 1,40m entre o piso e a
base do aparelho ou verifique a melhor altura com vistas a
garantir acessibilidade e segurança para pessoas de menor estatura ou com
necessidades especiais.
Lava-louças:
Nessa
cozinha, a lava-louça é apoiada no armário. É importante observar o modelo do
equipamento, pois isso irá influenciar nos móveis e nas bases de alvenaria/
Foto: Guilherme Pucci
Item
essencial para quem quer economizar água e ficar menos tempo arrumando a
cozinha, a máquina de lava-louça tem ganhado cada vez mais espaço
nos projetos e deve ser escolhida de acordo com o tamanho da
família. A redução do consumo do recurso
hídrico pode alcançar a m
arca de até 85%, principalmente
quando é ligada em sua capacidade máxima.
Quanto
menor a família, menor as dimensões da máquina e o tempo para encher e ativar o
início da lavagem. “Para duas pessoas, recomendo as máquinas de oito
ou 10 serviços”, expõe a arquiteta
Com dois
modelos no mercado, o de piso e o de apoio, a opção
interfere diretamente na execução dos armários e suas bases de alvenaria.
Definir, de antemão, a máquina de lavar louças permite efetuar os pontos de
água fria e de esgoto, prever o disjuntor exclusivo no quadro de luz e
considerar o espaço para colocação dentro da marcenaria.
Coifa:
Nesse
projeto, a coifa foi fixada na parede, renovando o ar da cozinha durante a
preparação dos alimentos/Foto: Guilherme Pucci
Com a
integração da cozinha com a área social ou até mesmo com a lavanderia, a coifa passou
a ser item fundamental no projeto devido à sua capacidade de filtrar a gordura
e eliminar os odores dos alimentos.
Muitos
pormenores devem ser levados em conta antes de determinar a coifa certa para o
projeto. Tanto no exaustor quanto no depurador, a
gordura é retida nos filtros metálicos que visualizamos de baixo para cima. A
diferença está no processo: enquanto o exaustor joga os odores e vapores para
o exterior por meio de um duto, o depurador leva esse ar
para um filtro de carvão e o devolve ao ambiente, eliminando a
necessidade do duto de ar.
“Mas para
ser eficiente, a vazão da coifa precisa ser capaz de renovar o ar do ambiente
12 vezes em uma hora. E, caso seja cozinha americana, é preciso levar em
consideração a área do ambiente todo. Ou seja, quanto maior o ambiente, maior
deve ser a vazão da coifa”, informa Júlia.
O tamanho
da coifa também gera muitas dúvidas: o modelo precisa ter comprimento igual ou
superior ao cooktop/fogão e deve ser instalada com 65 a 75
cm de altura acima destes para plena eficiência da sucção da
gordura, vapores e odores.
Por fim,
o projeto ainda deve considerar se a escolha se dará por meio da coifa de
parede, de ilha e de embutir – que fica quase invisível e deixa
o visual clean.
Liv’n
Arquitetura
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