Preparação dos vestibulandos deve contemplar a pandemia nas mais
diferentes áreas do conhecimento e na decisiva
redação
O impacto da pandemia na vida dos estudantes não ficará restrito à
suspensão de aulas presenciais e alterações no cronograma do Enem e de muitos
concursos vestibulares Brasil afora. A Covid-19 e seus desdobramentos serão tratados em diversas
questões de provas e concursos por muito tempo e professores das mais
diferentes disciplinas já estão trabalhando on-line os conteúdos
correlacionados com o atual momento.
Especialmente para quem vai
prestar vestibular, os professores do Curso Positivo Luiz Fernando Giacchero
(Química), Filipe Ferrari (Filosofia e Sociologia), Alexandre Detzel
(Geografia) e Diego Venantte (Biologia) sugerem uma forma de se preparar para
os diferentes tipos de questões: traçando uma linha do tempo da História e, de
forma interdisciplinar, estudar diferentes desafios enfrentados pela
humanidade. Da redação às disciplinas das Ciências da Natureza e Ciências
Humanas, os professores apontam alguns caminhos para os vestibulandos.
Alterações
no modo de vida, valorização da Ciência e preconceito permeando os temas das
redações
Na visão dos quatro professores, o modo de vida da humanidade foi revisto em cada crise - e essa não será diferente, o que pode render bons temas de redação. “O modo de vida que tivemos até agora foi o que potencializou a disseminação do novo coronavírus, tal qual o modo de vida de 1970/80 potencializou o HIV”, defende Venantte. “Hoje achamos normal chegar ao mercado ou farmácia e encontrar a comercialização de camisinhas, mas nem sempre foi assim”, exemplifica Detzel. Essa mudança de comportamento, bem como a capacidade do homem em superar crises e também o legado tecnológico podem render diversas abordagens para a elaboração das redações. “Hoje, estamos desenvolvendo novas técnicas e novos métodos forçados por conta de uma pandemia”, destaca Giacchero. “Sempre chamou a minha atenção como professor de Química o poder do ser humano de mudar o mundo pelo processo de fissão nuclear”, exemplifica.
Na visão dos quatro professores, o modo de vida da humanidade foi revisto em cada crise - e essa não será diferente, o que pode render bons temas de redação. “O modo de vida que tivemos até agora foi o que potencializou a disseminação do novo coronavírus, tal qual o modo de vida de 1970/80 potencializou o HIV”, defende Venantte. “Hoje achamos normal chegar ao mercado ou farmácia e encontrar a comercialização de camisinhas, mas nem sempre foi assim”, exemplifica Detzel. Essa mudança de comportamento, bem como a capacidade do homem em superar crises e também o legado tecnológico podem render diversas abordagens para a elaboração das redações. “Hoje, estamos desenvolvendo novas técnicas e novos métodos forçados por conta de uma pandemia”, destaca Giacchero. “Sempre chamou a minha atenção como professor de Química o poder do ser humano de mudar o mundo pelo processo de fissão nuclear”, exemplifica.
Segundo os especialistas, a
valorização da Ciência também pode inspirar
diversas argumentações. “Enquanto as informações das Ciências Biológicas
atreladas às Ciências Humanas não forem utilizadas, muitas estratégias serão em
vão ou pouco servirão para conter uma pandemia ou epidemia. Exemplo disso foi a
medida de fechar rodoviárias e aeroportos depois do Carnaval, quando o vírus já
estava circulando por aqui”, lembrou Venantte.
Outro tema que pode ser cobrado é a correlação entre doenças e a
onda de preconceitos que deriva da desinformação. Os educadores lembraram que,
da mesma forma que o HIV foi classificado como a "praga gay" em um
primeiro momento de completa falta de conhecimento sobre a transmissão, a Covid-19 também trouxe
uma onda de preconceitos contra chineses, motivada pela necessidade de rotular
e buscar culpados.
Ciências
Humanas: de olho na intervenção
do Estado, planos de recuperação e transformações econômicas
A intervenção do Estado, mesmo em países liberais como os Estados Unidos, pode gerar diversas questões de História, Geografia, Filosofia e Sociologia nas provas. Para o professor Ferrari, os alunos devem estabelecer comparações entre as crises de 1929, 2008 e a atual porque podem surgir questões nesse sentido. "As fraudes nos investimentos da Bolsa de Nova Iorque culminaram na Grande Depressão ou Crise de 1929. De 1921 até 1929, a bolsa norte-americana cresceu 500%. Em oito anos, a bolsa teve um crescimento maior do que a economia e as empresas dos Estados Unidos, isso indica uma bolha financeira”, explicou.
A intervenção do Estado, mesmo em países liberais como os Estados Unidos, pode gerar diversas questões de História, Geografia, Filosofia e Sociologia nas provas. Para o professor Ferrari, os alunos devem estabelecer comparações entre as crises de 1929, 2008 e a atual porque podem surgir questões nesse sentido. "As fraudes nos investimentos da Bolsa de Nova Iorque culminaram na Grande Depressão ou Crise de 1929. De 1921 até 1929, a bolsa norte-americana cresceu 500%. Em oito anos, a bolsa teve um crescimento maior do que a economia e as empresas dos Estados Unidos, isso indica uma bolha financeira”, explicou.
Tal situação desembocou na 2ª Guerra Mundial. “A intervenção do Estado na economia foi importante, tanto com o New Deal
(programas de recuperação da economia norte-americana de 1933 a 1937)
quanto na Crise de 2008 e nos dias
atuais”, contextualizou o professor de Sociologia e Filosofia. “Após a chamada
coronacrise, se fará necessário um novo pacto social, pois o Estado tem que
cuidar das pessoas quando elas estão em situação de fragilidade. Só que para o
Estado ajudar precisa ter dinheiro”, alerta.
Alguns exemplos de novos
pactos sociais oriundos dessas crises foi o processo de industrialização no
Brasil com a Crise de 1929, quando os EUA deixaram de comprar o café
brasileiro, e a precarização/uberização do trabalho com a crise de 2008.
Segundo o professor de Geografia, o processo de industrialização, aliado a
urbanização rápida e sem planejamento promoveu a favelização no Brasil e a
crise da Covid tende a agravar isso e os
riscos sanitários e ambientais. “Muitas doenças são transmitidas pela água e há
de se levar em consideração que a maior parte das favelas são desorganizadas
(classificadas pelo IBGE como “aglomerados subnormais”), aponta Detzel.
Outro ponto a ser
observado na reformulação dos pactos
sociais das grandes crises é o aumento da regulação das bolsas. “Os EUA
passaram a ter maior regulação e controle das bolsas. Se em 2008 também colocou
em xeque o controle, imagine em 1929”, ressalta. Ainda sobre a intervenção do
Estado, Ferrari esclareceu que, para ocorrer um Plano Marshall no Brasil, outro
país precisaria investir aqui. “Aí seria um novo Plano Marshall no Brasil, por
isso que essa ideia já sumiu. Mas um novo New Deal virá”, aposta. O referido
Plano Marshall foi o programa dos EUA para a recuperação da Europa após a 2ª
Guerra Mundial.
Ciências da
Natureza: pandemia x epidemia global e as razões da diferenciação do status
entre Covid-19 e HIV
Tanto as provas de Biologia, quanto Geografia e até a redação devem testar a compreensão dos vestibulandos sobre as razões da diferenciação entre pandemia e epidemia global para o novo coronavírus e o HIV. Isso porque o número de mortos pela Aids no mundo é muito mais elevado. Entre 1981 e 2018, cerca de 32 milhões pessoas morreram, sendo que 750 mil mortes foram em 2018, mesmo assim a OMS classifica a doença como epidemia global e a Covid-19 como pandemia.
Tanto as provas de Biologia, quanto Geografia e até a redação devem testar a compreensão dos vestibulandos sobre as razões da diferenciação entre pandemia e epidemia global para o novo coronavírus e o HIV. Isso porque o número de mortos pela Aids no mundo é muito mais elevado. Entre 1981 e 2018, cerca de 32 milhões pessoas morreram, sendo que 750 mil mortes foram em 2018, mesmo assim a OMS classifica a doença como epidemia global e a Covid-19 como pandemia.
Venantte esclarece que o
status depende do grau de transmissibilidade do vírus e das variações do número
de casos em diferentes regiões, em determinado intervalo de tempo. Segundo ele,
o HIV foi tratado como pandemia anteriormente porque a disseminação se dava
entre continentes, de forma global. “Hoje, o fluxo não é global, não há uma
ampla disseminação do HIV do Brasil para outro país, porque surgiram vários
subtipos e, em relação a outros vírus, a transmissibilidade baixou. A alteração
da OMS no status é para que os diferentes continentes adotem diferentes
medidas, ao contrário do que ocorre em caso de pandemia”, ensina.
O professor alerta que a OMS
já sinalizou para o risco da Covid-19 permanecer por anos e virar uma epidemia global.
A razão disso está relacionada com outro conteúdo da Biologia, a reprodução
celular. “A Covid é um RNA vírus e, ao se
multiplicar na célula, não há um reparo
das moléculas erradas - e então surgem moléculas alteradas, que dão origem a
novas linhagens, daí o risco da Covid-19 virar uma epidemia global, assim como a Aids. O
importante é juntar as Ciências para que possam trazer soluções e evitar que as
novas linhagens tragam a situação em que vivemos hoje”, defende.
Química
Do ponto de vista da Química, simples medidas como água e sabão e o hábito de lavar as mãos poderiam ter salvado milhões de vida ao longo das diferentes crises sanitárias enfrentadas pela humanidade. Segundo o professor Giacchero, tanto a Gripe Espanhola, que tem conexão com toda a sujeira do ambiente da 1ª Guerra Mundial, quanto a Covid-19 encontram no uso do sabão um dos principais instrumentos de prevenção. Para as questões de prova, o professor sugere dedicar atenção a dois produtos de higiene por conta de estarem inseridos no contexto de grandes crises: “a água oxigenada, a molécula simples do H2O2, foi fundamental para evitar infecções na 1ª Guerra. Já o sabão atua sobre o revestimento, o envelope viral, que destrói o vírus por meio de um hábito simples”, afirma Giacchero.
As crises e
o meio ambiente
Em relação à Crise de 1929, não se pode deixar de lado a associação à Biologia. A quebra dos EUA levou a uma séria questão de saúde, com o aumento nos casos de depressão e suicídio. Além disso, as condições de vida se tornaram miseráveis para algumas famílias de diferentes estados norte-americanos. Nessa nova configuração socioeconômica, ficou estabelecido um quadro favorável à disseminação de doenças, de bactérias e vírus, por conta de problemas sanitários relacionados à falta de água tratada e saneamento básico.
Paralelamente, o Brasil também
foi afetado com a queda nas exportações de café, causando um prejuízo enorme
para a economia brasileira e o consequente aumento da industrialização, como
solução para a crise. “Isso acarretou, no longo prazo, em um prejuízo direto a
determinados biomas, além do avanço para regiões onde não existiam indústrias,
o que contribuiu para um grande prejuízo ambiental”, afirma Venantte, que
provoca os estudantes a pensar nas consequências da Covid-19 para o meio ambiente.
Lives
Um exemplo dessa metodologia de aprendizagem envolvendo diferentes conteúdos em torno de um mesmo tema pode ser conferido na live “Como a humanidade superou as principais crises da história”, disponível no Canal do YouTube do Curso Positivo. A live reuniu os quatro professores que correlacionaram 1ª e 2ª Guerras Mundiais, Crise de 1929, HIV e Crise de 2008 com todos os aspectos econômicos, sociais, sanitários e ambientais envolvendo a pandemia da Covid-19. O canal traz ainda outros temas que os professores do Curso Positivo apostam que devem aparecer nas provas do Enem e dos vestibulares: inteligência artificial, cultura do cancelamento, democracia, entre outros.
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