Estresse,
ansiedade, bruxismo, refluxo gástrico, desidratação, tabagismo, escovação e
higienização inadequada e a ingestão continua e exagerada de alimentos cítricos
ou muito ácidos, cafeína, doces e bebidas destiladas e fermentadas são alguns
dos principais fatores que contribuem para o envelhecimento precoce dos dentes.
Ainda que as pessoas procurem a vida toda se prevenir contra a cárie e doenças
periodontais, elas esquecem que o desgaste dental e as lesões cervicais não
cariosas – que configuram os casos de enfraquecimento antecipado dos dentes –
também devem ser combatidas, pois, podem levar em situações mais graves, a
perda da carga dental.
Antes
encontrada somente em pessoas com mais de 70 anos, a doença não cariosa pode
ser diagnosticada em 30% dos jovens entre 25 e 30 anos, sendo caraterizada pela
perda anormal, gradual e irreversível da estrutura dental, sem estar
relacionada a cárie ou ao acúmulo bacteriano.
O
cirurgião dentista e especialista em endodontia e ortodontia, Carlos Cordeiro,
explica que a lesão não cariosa possui relação direta com o atual estilo de
vida da população e apresenta como principal sintoma a hipersensibilidade dos
dentes. “O processo de envelhecimento precoce dos dentes está ocorrendo cada
vez mais em pessoas de todas as idades, devido a hábitos diários da
modernidade, que são considerados benéficos a saúde corporal, mas que podem ser
prejudiciais a longo prazo para os dentes, como por exemplo, a ingestão de água
com limão, chás, sucos desintoxicantes e bebidas isotônicas, e a prática de
dietas como o jejum intermitente. Esse problema se desenvolve devido ao fato de
que tais rotinas acabam alterando e tornando mais ácido, o PH bucal”,
esclarece.
Ao
acometer todas as faces dos dentes, principalmente, em suas regiões cervicais,
as lesões não cariosas se dão quando o esmalte do dente é perdido, fazendo com
que a dentina fique exposta e isso consequentemente dá origem a dor. “Com o
agravamento do caso, a gengiva se retrai de forma prematura, e a lesão pode se
ampliar e virar uma cavidade, que ao se aprofundar causa a perda do dente”,
ressalta.
Segundo
o cirurgião dentista, outros aspectos que influem de maneira significativa para
a intensificação destas lesões são os problemas emocionais, como a ansiedade,
depressão e estresse, que são muito comuns a rotina acelerada e pesada do
cotidiano moderno. “A inquietação, agitação e nervosismo geram a diminuição do
fluxo salivar e este é um dos maiores implicadores no processo de
reconstituição dos minerais perdidos pelos dentes. Além deste efeito, as
características emocionais dos pacientes também podem contribuir para a
ocorrência de casos de apertamento e bruxismo, que atuam diretamente no
surgimento de fraturas e desgaste dos dentes”, conta.
Carlos
Cordeiro ainda aponta que o desgaste dental e as lesões não cariosas também
podem surgir com maior frequência em quem já fez uso de aparelhos ortodônticos;
pacientes com doenças gástricas, como o refluxo e úlcera; indivíduos que foram
submetidos a cirurgia bariátrica ou fazem uso do balão intragástrico; e pessoas
que mantêm o uso contínuo de medicamentos e tratamentos invasivos, como
quimioterapia e radioterapia.
Para
prevenir o envelhecimento precoce dos dentes também é preciso que a escovação
receba grande atenção. “As pessoas costumam escovar os dentes logo após as
refeições e isso é bastante nocivo, pois, ao longo do almoço ou jantar, o pH da
boca se altera, fazendo com que os dentes fiquem suscetíveis à perda de
minerais. Para que não ocorra a corrosão dos dentes, o correto é esperar ao
menos 20 minutos, isso porque depois desse período, o pH da área se reequilibra
e os dentes adquirem a preparação necessária para receber o atrito da escova”,
recomenda.
O cirurgião
dentista orienta que o diagnóstico do problema seja realizado por um
especialista qualificado. Caso o problema seja constatado, é preciso que sejam
estabelecidas mudanças nos hábitos alimentares e ações que reduzam o nervosismo
e apreensão diária. “A prescrição de cremes dentais de ação anticorrosiva e
placa miorrelaxante também pode ser relevante para o tratamento desta condição.
Já para situações de maior gravidade, podem ser indicadas restaurações,
clareamentos ou mesmo a colocação de facetas. Por fim, é preciso deixar claro
que a melhor medida é a prevenção, pois, o esmalte dos dentes não se regenera”,
conclui.
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