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terça-feira, 14 de novembro de 2017

Índice de gravidez na adolescência é um dos mais altos do mundo



A menina que se encontra nessa fase da vida, marcada por mudanças físicas e mentais, não está suficientemente preparada para a gestação

Apesar de toda a informação e as campanhas de conscientização, seja na TV, internet ou mesmos nas escolas públicas e privadas, o índice de adolescentes que engravidam na adolescência, entre os 12 aos 19 anos, no Brasil, ainda é bem grande. Os números se comparam a países onde é permitido o casamento infantil, tais como Sudão do Sul, Índia e Nigéria.

Segundo estudo divulgado em 2013, foi constatado que, no Brasil, 12% das adolescentes de 15 a 19 anos têm pelo menos um filho. Em 2000, foram 750.537 bebês nascidos por partos de adolescentes de 10 a 19 anos. Nesse mesmo ano, o Brasil estava em 54º lugar no ranking mundial do índice de fecundidade em meninas entre 15 e 19 anos. Outro dado alarmante é que cerca de 30% das meninas que engravidam na adolescência acabam tendo outro filho no primeiro ano pós-parto. Em recente pesquisa no Estado de São Paulo, devido as políticas públicas implementadas, o índice diminuiu em 34%, mas somente para este estado.

Valéria Ribeiro, coach familiar especializada em psicologia e desenvolvimento humano, destaca inúmeras consequências na saúde de uma gravidez na adolescência:


•       Anemia;

•       Maior índice de aborto natural;

•       Pressão alta durante a gravidez;

•       Dificuldade durante o parto por imaturidade da pelve;

•       Aumento no índice de rejeição ao bebê;

•       Aumento da possibilidade de depressão pós-parto;

•       Óbito da mãe e/ou do bebê.

Valéria conta que "a gravidez precoce também pode gerar conflito interior, pela insegurança financeira e as dificuldades em educar a criança, por isso, os adolescentes necessitam de cuidado, atenção e apoio dos pais. Entretanto, esse apoio da família nem sempre acontece, pois há pais que acabam, ainda nos dias de hoje, por expulsar suas filhas de casa, fato esse que acontece bem menos com meninos", explica.

A gravidez na adolescência leva vários adolescentes a deixarem de estudar e assumirem um relacionamento sério devido a gestação. Há também os que optam por abortar e, em alguns casos, ocorre o abandono do bebê logo após o nascimento. Na atualidade, 90% dos bebês que nascem de gravidez na adolescência acabam sob o cuidado dos avós, que cuidam e assumem a responsabilidade que não é deles, pois, os pais adolescentes ainda querem curtir a vida e viver como se nada tivesse acontecido. "Nesses casos é preciso encontrar um equilíbrio entre as responsabilidades dos pais e a ajuda dos avós, pois é preciso que esses adolescentes se conscientizem do ato cometido, para que, assim, não voltem a incorrer no mesmo problema", aconselha Valéria.

Muitas adolescentes quando se descobrem grávidas pensam em aborto e, muitas vezes, são incentivadas por seus parceiros que também são adolescentes. O aborto no Brasil é ilegal e põe em risco a vida da menina, pois esses procedimentos acontecem em lugares clandestinos. Nesses casos, é mais aconselhável deixar os bebês para adoção logo após o nascimento, assim poderão ter a oportunidade de terem um lar, bem como uma mãe e pai.
Cabe dizer, que essa não é uma decisão fácil e deve ser discutida entre os pais adolescentes e os avós do bebê que nascerá.

A gravidez na adolescência pode ocorrer por diversos fatores:

• Atividade sexual precoce e inconsequente;

• Violência sexual;

• Dificuldade no diálogo familiar sobre o assunto;

• Desconhecimento dos métodos para evitar a gravidez;

• O apelo midiático quando o assunto é sexo.

"Há diversos métodos contraceptivos, mas é principalmente recomendada a utilização de camisinha em todas as relações sexuais, não somente para evitar a gravidez, mas também para não contrariem doenças venéreas", alerta a especialista.

Porém, a melhor prevenção é que as jovens tenham uma boa educação sexual dentro do seio familiar. "É importante informar sobre os riscos e complicações da gravidez na adolescência e todas as mudanças que acontecem a partir do momento que engravida. O diálogo em família é essencial e deve haver uma conversa aberta e transparente para que as jovens tenham toda a informação ao seu alcance e possam ter atitudes responsáveis e não ter surpresas indesejadas", finaliza Valéria.




Valéria Ribeiro - Coach familiar, especializada desenvolvimento humano.



Puberdade precoce e suas consequências



Conhecido como o período de transição entre a infância e a adolescência, a puberdade marca as mudanças físicas e biológicas no corpo dos meninos e das meninas. Em geral, essa fase demora de dois a quatro anos e ocorre entre os 10 e os 13 para as garotas e entre os 12 e os 14 para os garotos. É nesse estágio que o crescimento se acelera e tem início a produção dos hormônios sexuais, estrógeno para o sexo feminino e testosterona para o masculino.

Entre as várias mudanças, é nesse período que os pelos aparecem pelo corpo, a pele fica passível de acnes e espinhas e o organismo se torna apto para procriar. Nas meninas, os seios crescem e surge a menstruação. Nos meninos, além dos primeiros fios de barba a voz engrossa, desponta o pomo de adão e eles passam a ejacular. Mas algumas crianças apresentam a puberdade precoce, ou seja, esses sinais se revelam em garotas de 8 anos e em garotos de 9.

“Com isso, surgem as mamas, os pelos pubianos, o crescimento
testicular ou peniano antes do tempo,”, explica a endocrinologista
Louise Cominato, secretária do Departamento Científico de Endocrinologia
da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Com a puberdade precoce e o desenvolvimento das características sexuais antecipadamente, há um reflexo no corpo da criança. “A velocidade de crescimento aumenta e ocorrem mudanças na composição corporal, com aumento da musculatura e distribuição de gordura diferenciada”, atesta a especialista.

Em contrapartida, ressalta a médica, existe consequência na altura final dessas crianças. “A perda de altura final é uma das principais complicações, pois, com o aparecimento da puberdade precoce, ocorre um avanço na idade óssea e fechamento da placa de crescimento, portanto a criança terá menos tempo para crescer e ficará com altura menor do que a esperada”, afirma.

Além das mudanças físicas, existem também alterações psicossociais.
“Como são jovens demais, as meninas e os meninos não têm maturidade
para as mudanças no corpo, além da disparidade com os colegas
da mesma idade”, confirma a endocrinologista.

A puberdade precoce pode ser causada por vários fatores como alterações no sistema nervoso central, problemas nas glândulas adrenais e tumores nos ovários ou nos testículos, e pode até ser genético. “As causas devem ser investigadas por um endocrinologista pediátrico, médico que também recomendará o tratamento adequado”, indica Louise Cominato.

Inicialmente, o endocrinologista pediátrico fará uma consulta para saber da história do paciente e um exame físico, além de pedir alguns exames laboratoriais e de imagem que irá auxiliá-lo no diagnostico da causa dessa precocidade. “O tratamento deve ser iniciado rapidamente. O acompanhamento deve ser feito a cada três ou quatro meses até o final do tratamento”, explica a médica.

Apesar de atingir mais as meninas, as decorrências são semelhantes. “O que difere é que o menino tem mais chance de que essa puberdade aconteça em consequência de uma doença mais grave, como um tumor de sistema nervoso central”, conclui a médica.




Diabetes aumenta no país e já atinge 9% dos brasileiros


Estudo recente do Ministério da Saúde mostra que em 10 anos índice cresceu 61% em maiores de 18 anos que moram em capitais. Ter hábito saudável é essencial para controlar a doença 


Em alusão ao Dia Mundial do Diabetes, o Ministério da Saúde reforça o alerta à população sobre o crescimento da doença no país. O diagnóstico da enfermidade aumentou 61,8% em 10 anos, segundo dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde.  Entre 2006 e 2016, o número de pessoas que dizem saber do diagnóstico de diabetes passou de 5,5% para 8,9%. As mulheres lideram o ranking: 9,9% da população feminina declarou possuir a doença contra 7,8% dos homens.

O crescimento do diabetes é uma tendência mundial, devido ao envelhecimento da população, mudanças dos hábitos alimentares e prática de atividade física. De acordo com a Pesquisa Vigitel, 18% da população das capitais brasileiras consomem alimentos doces em cinco ou mais dias da semana, sendo maior entre mulheres (19,7%) do que entre homens (16,0%). O comportamento é mais comum entre jovens de 18 a 24 (26,2%) seguido pela faixa etária de 25 a 34 (20,6%). O levantamento foi feito, a partir de perguntas que indagavam sobre a frequência semanal do consumo de sorvetes, chocolates, bolos, biscoitos ou doces. “Alimentação adequada e prática de exercícios físicos é essencial para conter a doença. Além da ampliação de acesso ao tratamento, temos atuado fortemente na promoção de hábitos saudáveis”, afirmou o ministro Ricardo Barros.

Para os que já têm diagnóstico de diabetes, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta gratuitamente, já na atenção básica - porta de entrada do SUS, atenção integral e gratuita, desenvolvendo ações de prevenção, detecção, controle e tratamento medicamentoso, inclusive com insulinas. Para monitoramento do índice glicêmico, ainda está disponível nas unidades de Atenção Básica de Saúde, reagentes e seringas.

O programa Aqui Tem Farmácia Popular, parceria do Ministério da Saúde com mais de 34 mil farmácias privadas em todo o país, também distribui medicamentos gratuitos, entre eles o cloridrato de metformina, glibenclamida e insulinas.


INCENTIVO A HÁBITOS SAUDÁVEIS –  O incentivo para uma alimentação saudável e balanceada e a prática de atividades físicas é prioridade do Governo Federal. Assim que assumiu o Ministério da Saúde, Ricardo Barros publicou uma Portaria proibindo venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o consumo dentro das dependências do Ministério.

O Ministério da Saúde também adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país. Durante o Encontro Regional para Enfrentamento da Obesidade Infantil, realizado em março em Brasília, o país assumiu como compromisso deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019, por meio de políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, até 2019; e ampliar em no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.

Outra ação para a promoção da alimentação saudável foi a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida mundialmente pela abordagem integral da promoção à nutrição adequada, a publicação orienta a população com recomendações sobre alimentação saudável e para fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação. O Governo Federal também incentiva a prática de atividades físicas por meio do Programa Academia da Saúde com aproximadamente 4 mil polos habilitados e 2.012 com obras concluídos.



Gabriela Rocha
Agência Saúde

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