É cada vez mais
recorrente as crianças desenvolverem bruxismo (do grego brýkhmós,
pronúncia-se “brucsismo”), ou seja, o hábito de ranger ou apertar muito os
dentes. A ação acontece de forma involuntária e, muitas vezes, durante o sono,
tendo despertado preocupação em muitos pais e responsáveis.
Apesar disso, antes dos seis anos de
idade, o bruxismo é considerado fisiológico, porque antes da erupção dos primeiros
molares – por uma tentativa de
busca de equilíbrio na mordida, já que alguns dentes ficam de tamanhos
diferentes –, a mandíbula se movimenta principalmente em lateralidade em busca
de um ponto de apoio. Porém,
é importante ficar atento caso a criança apresente dores na face e mandíbula e
também dores de cabeça, pois estes sintomas fogem da normalidade do bruxismo
fisiológico da idade e requer tratamento.
Ainda, o bruxismo pode resultar
em problemas mais sérios, como a síndrome da articulação têmporo-mandibular
(ATM) ou disfunção da ATM, estrutura que conecta a mandíbula aos ossos
temporais do crânio. A desordem na ATM ocasiona a impossibilidade do
funcionamento dessa estrutura muscular, sendo que o estalido é o indicativo
dessa disfunção e ocorre quando o disco articular se desloca de sua posição
fisiológica.
“O bruxismo tem cura, mas o tratamento
vai depender da causa e a partir disso é traçado um tratamento. As
principais causas são os fatores oclusais, ou seja, quando existe alguma
interferência e a mordida não tem um bom encaixe. Além disso, fatores de ordem
sistêmica, alteração na respiração, deficiências nutricionais, fatores
emocionais, estresse, uma criança hiperativa e até mesmo hábitos alimentares
inadequados podem ser fatores desencadeadores”, explica a pediatra do Hapvida,
Nicole Bezerra. A especialista ainda acrescenta que se trata de um tratamento
multidisciplinar: o paciente faz uma primeira avaliação com o pediatra para
descobrir a causa e depois é encaminhado para outros profissionais, como um
dentista para ver a questão da interferência dental.
Segundo o dentista do Hapvida, Rodrigo
Almeida da Costa, o tratamento apropriado
dependerá do que está causando o problema. Mediante perguntas e exames
detalhado dos dentes, o especialista pode ajudar o paciente sobre o melhor
tratamento a seguir. “O tratamento mais comum é o uso de placas que
impedem o contato entre os dentes, além de induzir o relaxamento da musculatura
da mandíbula e aliviar as articulações. Em muitos casos, os sintomas somem”,
declara Costa.
Também existe o tratamento
psicológico, que vai ajudar a criança a lidar com estresse, ansiedade
e hiperatividade, uma das maiores causas do bruxismo infantil noturno.
Além disso, há o tratamento com o fonoaudiólogo, que vai se atentar para a
maneira de como os pequenos estão reprimindo a mandíbula e ensinar a relaxar
ainda mais a mandíbula com exercícios.