Empresários e trabalhadores têxteis e
de confecções fazem instalação de cemitério em frente à feira chinesa
Nos últimos 12 meses 14
mil postos foram fechados
Às 13h da
segunda-feira 27, um dia após o novo presidente do Brasil ter sido eleito, um
cemitério sugirá em São Paulo. A instalação de 150 cruzes que serão enfincadas
no canteiro central da Av. Otto Baumgaurten (Pavilhão Amarelo do Expo Center
Norte) representará os 14 mil postos de trabalho que foram fechados nos últimos
12 meses no setor têxtil e de confecção do Brasil. A localização do cemitério é
muito simbólica, pois será em frente a uma feira chinesa que já recebeu, no ano
passado, o primeiro protesto da indústria da moda. De lá para cá, as coisas só
pioraram. O ato não é contra a feira, mas para chamar a atenção do governo e da
sociedade para a falta de competição justa e o excesso de carga tributária
sobre o setor brasileiro.
A iniciativa envolve
a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit),Sindicato das Indústrias de Tecelagem de Americana, Nova Odessa, Santa
Bárbara d´Oeste e Sumaré (Sinditec), Sindicato de Fiação e Tecelagem de São
Paulo (Sinditêxtil-SP), Sindicato das Indústrias do Vestuário de São Paulo
(Sindivestuário), Confederação Nacional dos trabalhadores das Indústrias do
Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados (Conaccovest), Federação dos
Trabalhadores Têxteis (Fetratex) e Sindicato dos mestres e contramestres de São
Paulo (Sindmestres).
Segundo as entidades,
se o mercado é global, os meios e as práticas de produção também deveriam ser
globais. A competição se torna injusta uma vez que os asiáticos não
cumprem leis rígidas exigidas aos empresários brasileiros, como cuidados
ambientais, benefícios e salários dignos aos trabalhadores. No entanto, os
empresários asiáticos prosperam tranquilamente aqui no nosso país, enquanto o
setor fecha postos de trabalho.
Há mais de um ano, a
Abit apresentou uma proposta de Regime Tributário Competitivo para a Confecção
ao governo. No estudo feito, se o RTCC fosse implantado, até 2025 o setor
criaria mais 597 mil vagas e a produção cresceria 117%. Para tanto, a carga
atual de tributos que uma confecção paga hoje, em média de 18%, seria fixada em
5% para todos os tamanhos de empresa. O fortalecimento da confecção irá
alavancar toda a Cadeia têxtil.
Enquanto o governo
não atende ao pleito do setor, o volume de vestuário importado cresceu 25 vezes
na última década. Nos primeiros nove meses do ano, as importações de têxteis e
confeccionados cresceram 5,7%, em valor, e as exportações caíram 6,1%, enquanto
que o aumento no déficit na balança comercial foi de 8,4%, em relação ao mesmo
período de 2013, segundo dados do MDIC. Somente as importações de vestuário
apresentaram aumento de 10,3%, em valor, comparativamente com o mesmo período
em 2013. Em toneladas essa variação foi de 7%.
Segundo dados do
CAGED, nos últimos 12 meses (setembro de 2013 a agosto de 2014), o saldo de
empregos no setor têxtil e de vestuário brasileiro ficou negativo em -14.082, enquanto que no período de setembro de 2012 a
agosto de 2013, o saldo foi de 11.690.
O saldo entre contratações
e demissões na indústria têxtil e de confecção (somente de empregados com
carteira assinada), em agosto, foi de 159 contra 2.840 em igual período de
2013, mostrando uma queda vertiginosa no ritmo de contratações, mesmo em época
de encomendas.
Nos primeiros oito
meses do ano (janeiro a agosto), o saldo de emprego ficou em 15.632 frente aos
33.958 de janeiro a agosto de 2013. Menos da metade do ritmo que o setor
desempenhava nesse período
Os índices de
produção também são preocupantes, tendo reagido poucas vezes nesse ano. Segundo
dados do IBGE, de janeiro a agosto de
2014 houve
diminuição de - 2,9% na produção de
vestuário e de - 6,6% na de têxteis em
âmbito nacional.
Cemitério dos
Empregos: ato simbólico do setor têxtil
Dia 27/10 às 13h
Local: Avenida Otto
Baumgart, 1000 (em frente ao Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte)