Geralmente
acometendo homens acima dos 50 anos, causa da hiperplasia prostática benigna
(HPB) pode estar ligada a questões hormonais e genéticas
O assessor de comunicação G.T. vivia muito cansado, mesmo ao
despertar. Também pudera: não conseguia dormir ininterruptamente, tendo de
acordar várias vezes para urinar. E com isso, durante a madrugada, tinha
dificuldades para pegar no sono de novo. Em uma visita ao urologista, reclamou
do problema. Por recomendação e a pedido do especialista, submeteu-se a exames
e os resultados não deixaram dúvida: o volume de sua próstata estava maior,
dificultando a passagem da urina pela uretra. Hoje, com medicamento, fez as
pazes com o sono.
A noctúria – quando se tem de acordar diversas vezes para
urinar, interferindo na qualidade do sono – é um dos sintomas da hiperplasia
prostática benigna (HPB), denominação complicada de um dos problemas mais
comuns entre homens. Estudos da Sociedade Brasileira de Urologia mostram que a
patologia pode acometer até 80% das pessoas do sexo masculino com 50 anos ou
mais (equivalente a 14 milhões de brasileiros).
Segundo Tiago Soares Bissonho, médico urologista do Hapvida
Saúde, o aumento benigno da próstata pode estar ligado a questões hormonais e
genéticas. “A doença é provocada pela proliferação de células musculares lisas
e células glandulares das chamadas regiões periuretral e zona de transição da
próstata, que causam o aumento volumétrico do órgão”, esclarece. Considerado
por muitos cientistas uma condição natural e inflexível do envelhecimento
masculino, a taxa de mortalidade por HPB é baixa e se refere, principalmente,
as complicações pela falta de tratamento.
Sintomas – De acordo com o especialista, os sinais da doença são os
chamados sintomas do trato urinário inferior, que são divididos em
armazenamento da urina, esvaziamento de bexiga e pós-miccionais:
·
Sintomas de armazenamento: urgeincontinência (necessidade de esvaziar a bexiga rapidamente quando sente
vontade, não conseguindo chegar ao vaso sanitário a tempo); frequência (mais de
oito urinações por dia); urgência (quando a necessidade de urinar é inevitável,
mas é possível chegar a tempo no vaso sanitário); incontinência por
transbordamento (quando a bexiga fica tão cheia que chega a transbordar, ocorre
vazamento de uma pequena quantidade de urina que causa a impressão de
incontinência, quando na verdade é retenção urinária); e a já mencionado
noctúria.
·
Sintomas de esvaziamento:
hesitância (quando o primeiro jato de urina demora a sair); jato fraco (não há
força suficiente para o mictar, isto é, urinar); intermitência (o jato de urina
não é constante e ocorrem interrupções na micção); jato afilado (redução na
capacidade na impulsão da urina) e gotejamento terminal (gotejamento
involuntário da urina).
·
Sintomas pós-miccionais
(pós-urinar): esvaziamento vesical incompleto (permanência de volume residual
de urina anormal na bexiga após urinar) e gotejamento pós-miccional
(gotejamento automático depois que o paciente terminou a micção).
Diagnose – O diagnóstico da hiperplasia prostática benigna é feito mediante
perguntas direcionadas aos sintomas, para que o urologista dimensione a
gravidade da doença, além do resultado de exames, como o toque retal (avalia o
tamanho e forma da próstata), ultrassom, estudos do fluxo de urina e cistocopia
(analisa o interior da bexiga). “Todo o processo possui o objetivo de fornecer
uma avaliação completa, que contribui para a escolha do tratamento mais efetivo
para cada caso”, ressalta Bissonho.
Tratamento – O tratamento inicial, que na maioria dos casos são eficazes,
pode ser realizado com dois tipos de medicação que são utilizados isolados ou
combinados, sendo os mais prescritos na prática clínica os alfa-bloqueadores e
os inibidores da 5-alfa-redutase. “Recentemente, novos medicamentos foram
disponibilizados aos urologistas, os inibidores fosfodiesterase 5 (também
usados para o tratamento de disfunção erétil) e agonistas beta 3-adrenérgicos”,
explica o médico.
Nos casos em que os medicamentos não apresentam efeito, a
alternativa é o procedimento cirúrgico, que são de dois tipos: transuretrais
endoscópicos e cirurgia aberta. “Nas próstatas com peso entre 30g e 75g,
os métodos transuretrais (executados através da uretra) são os mais adequados.
Já nas próstatas com peso de 80g ou mais, o procedimento torna-se mais difícil
de ser realizado e os riscos de complicações aumentam. Neste caso, a cirurgia
aberta é a mais indicada”, orienta Bissonho.
As
possíveis complicações da HPB não tratada são a retenção urinária aguda, uso de
sonda, infecção urinária, cálculos de bexiga, hematúria (sangramento na urina),
descompensação vesical (bexiga sem funcionamento, com necessidade de uso de
sonda para esvaziá-la), hidronefrose (dilatação dos rins) e insuficiência
renal, podendo ser necessária a hemodiálise.