Terapia VNS
promove a reeducação do funcionamento do cérebro, atuando na melhora do
desenvolvimento cognitivo e do padrão emocional do paciente
Mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo
sofrem com a epilepsia, uma doença neurológica cujo impacto vai muito além da
sua saúde física. Trata-se de uma condição caracterizada por alterações
recorrentes da função cerebral, chamadas convulsões ou crises convulsivas, que
podem durar alguns segundos ou até minutos.
Segundo o neurocirurgião da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo Dr.
Sandro Natali, cerca de 30% a 40% dos pacientes não respondem aos medicamentos
e tratamentos convencionais, comprometendo diversos aspectos da vida.
“Nesses casos, chamados de epilepsia refratária, a quantidade de episódios
convulsivos pode variar, chegando a ocorrer diversas vezes num mesmo dia para
algumas pessoas. E isso provoca um impacto devastador na qualidade de vida do
paciente”, destaca.
O médico explica que a epilepsia refratária causa um grande efeito na vida do
paciente, interferindo em uma rotina comum, como o trabalho ou a escola. Além
disso, a doença carrega um estigma muito forte, o que tende a prejudicar suas
relações sociais, gerando disfunções psicológicas.
“Além do comprometimento cognitivo e outros problemas decorrentes da doença, o
medo e a vergonha de sofrer convulsões em público levam crianças e adultos ao
isolamento, o que contribui para o surgimento de outros distúrbios, como a
depressão e a ansiedade, por exemplo”, alerta.
Nesses casos, o acompanhamento multidisciplinar é fundamental e o tratamento
dependerá da avaliação individual do paciente.
“A epilepsia tem diversas causas possíveis e pode atuar de maneiras distintas
em cada pessoa. Por isso, aqui no Hospital São Camilo, nós criamos um Centro de
Referência no tratamento de epilepsias refratárias, reunindo serviços de
neurologia, neurocirurgia, neuropsicologia e nutrição, além do acesso às
especialidades relacionadas a cada caso em particular sempre que necessário”,
frisa o especialista.
Como funciona a Terapia VNS
Em situações que o paciente não responde bem à melhor terapia medicamentosa ou
à cirurgia, Dr. Sandro destaca que a indicação está no tratamento
neuromodulatório, feito por meio da terapia VNS (Vagus Nerve Stimulation,
ou em português Estimulação do Nervo Vago), um artefato que gera impulsos
elétricos programáveis.
“O dispositivo é implantado em um procedimento simples e rápido sob a pele na
área do peito, com fios que se conectam ao nervo vago no pescoço. A partir
daí, ele envia uma corrente por este nervo para o cérebro, podendo reduzir o
número de convulsões ou diminuir a gravidade de uma convulsão”, explica o
médico.
Essa foi a experiência vivida pela paciente Lara, de 11 anos, que nasceu com um
problema grave que a levava ter diversas convulsões diariamente. Seus pais,
Michelle e Denilson, contam que, antes de colocar o implante, as dificuldades
eram diárias. “Ela sofria muitas crises, o que a tornava uma criança muito
magrinha e com o desenvolvimento intelectual bem defasado.”
O procedimento foi realizado no Hospital São Camilo de São Paulo em agosto
deste ano e, de lá para cá, foram muitas as melhorias na saúde e,
principalmente, na qualidade de vida de Lara.
“No começo fiquei bem apreensiva quanto ao resultado, uma vez que ela fez
vários tratamentos medicamentosos, incluindo cinco cirurgias sem grandes
resultados, pois o tipo de epilepsia dela é de difícil controle”, detalha
Michele, destacando o cuidado e a atenção recebidos pela equipe de
especialistas durante todo o tratamento.
Dr. Sandro conta que, em geral, se espera que o ápice da melhora no paciente se
dê entre o 3º e 5º ano após o implante, mas o caso de Lara mostrou uma evolução
positiva precoce. “Em poucos meses, ela já apresenta uma evolução notável, com
uma resposta ao implante melhor do que a média”, comemora.
Ele explica que o VNS funciona como um reeducador do funcionamento do cérebro.
“Quando o paciente diminui a quantidade de convulsões, o cérebro consegue
voltar a se desenvolver, o que é muito impactante, sobretudo para crianças, que
são mais suscetíveis às alterações funcionais provocadas pela epilepsia.”
Essa é uma das principais vantagens do implante, que atua para melhorar o
padrão plástico, como protetor das células nervosas e, consequentemente, no
desenvolvimento cognitivo e do padrão emocional. “O paciente vivencia uma
mudança de vida, através da qual ele terá condições de ter maior autonomia e,
efetivamente, viver melhor”, ressalta o médico.
Os pais de Lara revelam que as crises, antes diárias, ficaram muito mais
esporádicas. “Tem semana que nem acontece”, vibra a mãe. E finaliza: “Hoje, eu
posso dizer que fico muito mais tranquila com o futuro dela, pois sei que vai
evoluir cada vez mais”.
Centro de Referência em Epilepsia Refratária da Rede de Hospitais São
Camilo de São Paulo
Agendamento de consultas e exames: (11) 3172-6800 / https://www.hospitalsaocamilosp.org.br/
Redes sociais: @hospitalsaocamilosp