Segundo neurologista da Afya, o donanemabe representa um marco após 30 anos de pesquisas, mas seu uso exige avaliação cuidadosa e acesso precoce ao diagnóstico
Com a chegada de
setembro, mês mundial de conscientização sobre a Doença de Alzheimer — atualmente
a sétima principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS) —, um novo avanço no tratamento da doença acende uma luz de
esperança para pacientes, famílias e profissionais de saúde. Recentemente, a
Anvisa aprovou o donanemabe, primeiro medicamento no Brasil com potencial para
modificar a progressão da doença, especialmente em estágios iniciais.
Atualmente, o
Alzheimer e outras demências afetam cerca de 55 milhões de pessoas no mundo,
número que pode ultrapassar 150 milhões até 2050. No Brasil, 1,2 milhão de
pessoas convivem com algum tipo de demência, sendo o Alzheimer responsável por
até 60% desses casos. Estima-se que 8,5% da população idosa brasileira já seja
afetada pela doença, e as projeções apontam para mais de 5,7 milhões de casos
até 2050.
O neurologista da
Afya Educação Médica de Belo Horizonte, Dr Drusus Pérez Marques, explica que os
primeiros sinais da Doença de Alzheimer geralmente envolvem esquecimentos
ligados a fatos recentes, como compromissos do dia, conversas ou tarefas
simples e que a memória mais antiga, como lembranças da juventude, costuma
permanecer preservada no início.
“É comum, ainda,
certa desorientação em relação ao tempo e ao espaço, ou a repetição de
histórias em um curto intervalo. A história familiar também tem um peso
importante, já que fatores genéticos podem influenciar o risco, principalmente
em casos em que há parentes de primeiro grau com a doença. Além disso,
condições como hipertensão, diabetes, colesterol alto, sedentarismo, tabagismo
e consumo excessivo de álcool também estão associadas a um risco maior de
desenvolvimento da condição”, detalha o médico.
Para o
neurologista da Afya, um dos maiores desafios no enfrentamento do
Alzheimer é o diagnóstico precoce. A falta de informação sobre os sintomas
iniciais, muitas vezes confundidos com sinais naturais do envelhecimento,
retarda a busca por atendimento médico e dificulta o início precoce de
intervenções que poderiam preservar a autonomia e a qualidade de vida do
paciente.
“Normalmente os
primeiros sinais, como esquecimentos leves e lentidão no raciocínio, são vistos
como parte normal do envelhecimento. Mas, ao contrário das mudanças cognitivas
esperadas com a idade, no Alzheimer esses sintomas evoluem e começam a
interferir na rotina, comprometendo a capacidade da pessoa de manter sua
independência. Quando isso acontece, estamos diante de um quadro de demência,
sendo o Alzheimer a causa mais frequente”, explica.
Avanço
no tratamento
O Alzheimer é a
forma mais comum de demência no mundo, respondendo por cerca de 60% a 80% dos
casos. Recentemente, a Anvisa aprovou um novo medicamento para o tratamento do
Alzheimer: o donanemabe. A autorização foi baseada em um estudo clínico
envolvendo 1.736 pacientes em estágio inicial, incluindo casos de
comprometimento cognitivo leve e demência leve, todos com evidência de acúmulo
de proteína beta-amiloide, característica da doença.
Durante a
pesquisa, os participantes receberam 700 mg de donanemabe a cada quatro semanas
nas três primeiras doses, seguidos por 1.400 mg mensais (em 860 pacientes) ou
placebo (em 876 pacientes), por um período de até 72 semanas. O estudo avaliou
as mudanças na cognição e na funcionalidade dos pacientes ao longo do tratamento,
oferecendo novos dados promissores no enfrentamento da doença.
Segundo o
professor de neurologia, pela primeira vez, temos medicamentos que não apenas
aliviam os sintomas, como era feito até então, mas que demonstram potencial
para alterar a progressão da doença.“Infelizmente os medicamentos ainda não
estão disponíveis no Brasil, eles atuam melhor em fases pré-clínicas ou em
estágios muito leves da doença, como o comprometimento cognitivo leve. Para
isso, contamos com exames mais avançados, como a análise do líquor e exames de
imagem com PET scan que detectam o acúmulo da proteína beta-amiloide, uma das
características da doença. Com esses métodos, conseguimos identificar pacientes
que podem se beneficiar da medicação antes que os sintomas se agravem.”
O médico da Afya BH conclui que apesar de esses medicamentos representarem uma conquista após mais de 30 anos de pesquisa, os benefícios clínicos ainda são modestos. Eles não curam a doença, mas podem desacelerar sua progressão. Por isso, é fundamental que as famílias e os profissionais de saúde discutam com clareza os prós e contras antes de iniciar o tratamento. A decisão deve ser individualizada, considerando o estágio da doença, a expectativa de resposta e os recursos disponíveis.
Afya
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