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Estudo do IESS alerta para os impactos da doença, que consome até 3% do PIB, e aponta que soluções preventivas podem reduzir gastos e salvar vidas
A obesidade é a doença crônica mais prevalente do
mundo, afetando cerca de 650 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS). No Brasil, o cenário também é preocupante. O estudo Segurança
Social 2035 – Obesidade, divulgado em agosto pelo Instituto de Estudos de
Saúde Suplementar (IESS), mostra que a condição está diretamente ligada a
doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, apneia do sono e problemas
osteomusculares, reduzindo a expectativa de vida e impactando a produtividade
da população.
Segundo José Cechin, superintendente executivo do IESS, o objetivo
da instituição é produzir pesquisas, organizar seminários e desenvolver informações
que apoiem a gestão dos planos de saúde e o aperfeiçoamento do setor. A série
de relatórios “Caminhos da Saúde Suplementar: Perspectivas 2035”, que já trouxe
diferentes temas, foi criada para antecipar desafios como o envelhecimento da
população e o avanço das doenças crônicas.
Os custos associados à obesidade chamam atenção: a condição pode
gerar mais de R$ 60 bilhões em despesas para o sistema de saúde e operadoras
suplementares nos próximos anos. De acordo com Cechin, cerca de um quinto dos
gastos é direto, ligado à assistência, enquanto quatro quintos são indiretos,
relacionados à perda de produtividade, redução da longevidade e diminuição dos
anos de trabalho. Ele lembra que esses custos já superam 2% do PIB brasileiro e
caminham para 3%, patamar semelhante ao dos Estados Unidos.
O especialista também ressalta que fatores sociais e ambientais
pesam nesse quadro, como renda, educação, moradia, poluição e a configuração
das cidades, que muitas vezes dificultam a prática de atividade física. Além
disso, há os chamados desertos alimentares, regiões com escassez de alimentos
saudáveis e abundância de ultraprocessados. “Não devemos demonizar os
ultraprocessados, mas seu consumo cresceu para além dos limites saudáveis. Uma
das formas eficazes de reduzir esse consumo é pelo aumento de preço, por meio
de tributação diferenciada. Essa medida pode gerar receitas extras que poderiam
ser direcionadas ao sistema de saúde”, afirma.
Nesse contexto, novas soluções têm surgido como aliadas. A
Healthtech B2B brasileira SlimPass, fundada pelos cirurgiões bariátricos Igor
Castor e André Nassif, desenvolveu um programa 100% online que combina
acompanhamento nutricional, endocrinológico e psicológico, com foco em reduzir
a necessidade de cirurgias bariátricas e complicações associadas à obesidade. A
proposta já tem mostrado resultados expressivos em diferentes estados, por meio
de parcerias com mais de 11 operadoras de saúde, entre elas a Fundação Copel,
as Fundações Sanepar, Judicemed e FUPS no Paraná; CABERGS no Rio Grande do Sul;
PAS/Serpro, CASEMBRAPA e PLAS/JMU no Distrito Federal; CAMED Saúde no Ceará; e
APAS Fernandópolis em São Paulo.
Na Fundação Copel, por exemplo, a cada três pacientes com
indicação de cirurgia bariátrica, dois sairam da indicação em apenas seis meses
de acompanhamento pelo SlimPass. Foram 54 cirurgias evitadas, com economia de
R$ 2,16 milhões e retorno sobre investimento (ROI) de 759%. Em um subgrupo de
218 participantes, a perda média foi de 10,4 kg por paciente, com melhora de
comorbidades e ROI de 1.434%.
“Investir em prevenção é muito mais eficiente do que tratar apenas
as complicações da obesidade. Além de reduzir gastos, promovemos uma
transformação real na vida das pessoas, com ganhos clínicos, psicológicos e
financeiros”, afirma Castor.
Para
Cechin, mudanças estruturais no sistema ainda são urgentes. “Estamos diante de
uma tendência que traz severas consequências para as pessoas, para os sistemas
de saúde e para as empresas, com vidas encurtadas, sofrimento, perdas de
produção e altos custos. Boa parte desses impactos é evitável. Não será fácil
obter resultados, mas se não tentarmos, nunca os alcançaremos.”

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