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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Autoestima e qualidade de vida também fazem parte da luta contra o câncer de mama

Entre sonhos, carreira e família, mulheres enfrentam a doença com desafios únicos em cada etapa da vida, mostrando que o cuidado vai muito além do tumor e exige acolhimento, autoestima, esperança e uma rede multidisciplinar de apoio 

 

O câncer de mama é o tipo da doença mais comum entre mulheres no Brasil e nos últimos anos, vem chamando atenção por atingir cada vez mais pacientes jovens, especialmente entre 30 e 40 anos. Essa é uma fase marcada por conquistas profissionais, estabilidade financeira e planos familiares, mas que, diante do diagnóstico, pode ser transformada em um turbilhão de incertezas. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que o país deve registrar cerca de 73,6 mil novos casos por ano até 2025. Embora a maioria ainda aconteça após os 50 anos, especialistas já notam uma escalada de diagnósticos mais cedo. “Estamos observando um crescimento importante em mulheres jovens com tumores malignos nas mamas. No consultório é claro o número de diagnósticos antes dos 45 anos”, alerta o Dr. Pedro Exman, coordenador do Grupo de Tumores de Mama e Ginecológicos do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. 

Para quem está nessa faixa etária, o impacto vai além da saúde. Muitas vezes, o tratamento chega justamente no auge da vida produtiva e reprodutiva. O tratamento com de quimioterapia e outros recursos pode comprometer a fertilidade, temporária ou permanentemente, o que torna essencial conversar sobre preservação da fertilidade antes de iniciar o tratamento oncológico. “Garantir que a paciente possa, no futuro, exercer seu desejo de ser mãe é parte essencial de um cuidado humanizado”, reforça o especialista. 

Outro ponto que merece atenção é o câncer de mama hereditário. Entre 5% e 10% dos casos estão ligados a mutações genéticas, como nos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam consideravelmente o risco da doença em idades mais precoces. “É fundamental que o aconselhamento genético seja ampliado. Isso não orienta apenas a paciente, mas toda a família, permitindo escolhas mais seguras, informadas e personalizadas”, complementa o oncologista. 

Nos últimos anos, novas terapias vêm trazendo esperança e transformando o tratamento. Medicamentos inovadores já oferecem mais tempo de vida com menos efeitos colaterais, além de resultados melhores em casos com tumores agressivos, como o triplo negativo. “A oncologia vive um momento de inovação já temos tratamentos que permitem à paciente seguir sua vida e manter os planos mesmo diante de um diagnóstico tão desafiador”, explica Exman. 

Mas o câncer de mama não afeta apenas o corpo. Ele mexe profundamente com a autoestima, a sexualidade e as relações pessoais e intimas. As mudanças na imagem corporal, dor durante o contato íntimo e alterações no desejo sexual são comuns e precisam ser acolhidas sem tabu dentro do consultório. “Esse tema deve estar presente nas consultas, sem vergonha e sem preconceitos e sempre com o apoio do parceiro ou parceira, pois cuidar da paciente é muito mais do que tratar o tumor, é ajudar a reconstruir sua autoconfiança e manter sua identidade como mulher”, completa o oncologista. 

 

Menopausa e câncer de mama

A partir da quinta década de vida, as mulheres entram no período da menopausa, quando há o encerramento definitivo da menstruação, ovulação e fertilidade. A menopausa e pós-menopausa já trazem desafios físicos e emocionais às mulheres. Essa fase pode ser ainda mais desafiadora se houver a presença do câncer de mama. 

Na fase da vida marcada por mudanças hormonais, como ondas de calor, ressecamento vaginal e alterações no sono, o tratamento oncológico pode intensificar esses sintomas e provocar novas preocupações. Fragilidade óssea, queda da libido e desconfortos íntimos são questões frequentes que afetam diretamente a autoestima e a qualidade de vida. Estudos recentes reforçam a importância de olhar para a saúde óssea nesse contexto. Uma meta-análise publicada em 2022 pela The Lancet Oncology ou Journal of Clinical Oncology mostrou que o uso de bisfosfonatos, medicamentos usados na prevenção da osteoporose, em mulheres perimenopáusicas e pós-menopáusicas reduziu de forma significativa a recorrência local (36%), a metástase óssea (26%)e a metástase à distância (23%). Diretrizes atualizadas da ASCO, também em 2022, recomendam que todas as pacientes pós-menopáusicas discutam com seu médico o uso dessa classe de medicamentos como parte do tratamento adjuvante, e uma revisão clínica publicada em 2025 reforçou a eficácia de drogas como o ácido zoledrônico e o clodronato na redução de recidivas e na ampliação da sobrevida nesse grupo de pacientes. 

Mas o cuidado vai muito além da medicação e envolve olhar para o corpo como um todo. “A paciente precisa ser avaliada em sua totalidade. Cuidar dos ossos, do coração e da sexualidade é tão importante quanto tratar o câncer. A mulher não é apenas uma paciente oncológica, é um ser completo, com múltiplas dimensões que precisam ser respeitadas”, afirma o Dr. Pedro. 

Nesse cenário, o cuidado individualizado e multidisciplinar com oncologistas, ginecologistas, endocrinologistas, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas torna-se essencial para que a mulher possa atravessar o tratamento de forma mais saudável, preservando não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional e a confiança em si mesma. “O tratamento do câncer de mama precisa de um time inteiro. Nenhum profissional sozinho consegue oferecer tudo o que a paciente necessita. É a união de várias especialidades que permite um cuidado integral e mais humano”, reforça o especialista. 

Assim, a jornada contra o câncer de mama não define quem a mulher é, mas mostra sua força diante dos desafios de cada fase da vida. Em todas elas, a resiliência, o apoio e a esperança são tão importantes quanto a medicina. E é com esse olhar integral e humano que o Hospital Alemão Oswaldo Cruz reafirma seu compromisso diário: servir à vida, oferecendo cuidado de excelência para que cada paciente possa atravessar o tratamento com dignidade, confiança e esperança.

 

Novas recomendações

O Ministério da Saúde divulgou novas recomendações para a realização da mamografia na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de mama. Pela primeira vez, o exame passa a ser indicado “sob demanda” para mulheres entre 40 e 49 anos, mediante vontade da paciente e avaliação médica, revogando regras anteriores que restringiam o acesso a esse grupo. O objetivo é consolidar a maior rede de prevenção de câncer do mundo. Até então, o protocolo do Sistema Único de Saúde previa o exame apenas para mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos, mesmo sem sinais ou sintomas. Com as mudanças, o Ministério passa a recomendar mamografia com acesso garantido, mas sem rastreamento bienal obrigatório, para mulheres de 40 a 49 anos; rastreamento populacional a cada dois anos para mulheres de 50 a 74 anos; e decisão individualizada para aquelas com mais de 74 anos, considerando comorbidades e expectativa de vida.


Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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