Pesquisar no Blog

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Câncer infantojuvenil avança mais rápido que em adultos e exige diagnóstico precoce

Para discutir o tema, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) convidou a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) para o episódio de setembro de O Patologista em Podcast, reunindo especialistas para orientar famílias e profissionais de saúde.


 

O câncer em crianças e jovens possui características diferentes de tumores em adultos e a principal delas é a velocidade com que a doença evolui. Em geral, nessa faixa etária as células cancerígenas tendem a se multiplicar rapidamente, o que exige ainda mais atenção aos sinais e sintomas e rapidez no diagnóstico e início do tratamento. Essa é uma das mensagens do Setembro Dourado, mês internacional de conscientização sobre o câncer infantojuvenil.

Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), Drª Mariana Michalowski, a agilidade no diagnóstico pode ser decisiva: “Quanto antes conseguimos identificar a doença, maiores são as chances de que a criança ou o jovem esteja menos adoecido, com uma doença mais localizada, o que significa um tratamento menos intensivo. O câncer da infância e da juventude é uma doença curável.”, pontua a médica oncologista pediátrica.

Segundo a especialista, que também é professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nas crianças e jovens, as leucemias são o tipo mais frequente de câncer, seguidas pelos tumores do sistema nervoso central e pelos linfomas, além do neuroblastoma (que se origina nas células nervosas periféricas), o tumor de Wilms (tumor renal), o retinoblastoma (câncer nos olhos) e os sarcomas (que atingem músculos, gorduras e outros tecidos, bem como os ossos).


Hereditariedade - Embora a maioria dos casos de câncer infantil não esteja ligada a causas herdadas, existem situações em que fatores genéticos podem aumentar o risco. Um exemplo é o retinoblastoma, tumor ocular que pode se manifestar em irmãos ou familiares próximos. “Algumas doenças genéticas aumentam a predisposição ao câncer, mas é importante reforçar que esses casos são uma minoria. Ainda assim, manter crianças com histórico familiar sob acompanhamento médico é fundamental.”, explica a Drª Mariana.O Dr. Pedro Henrique Pinto, médico patologista responsável técnico do Hospital da Criança de Brasília José Alencar e membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), explica que os sinais e sintomas podem ser variados e muitas vezes inespecíficos.“Nas leucemias, que correspondem a cerca de um terço dos casos pediátricos, é comum o paciente ter anemia, tendência a infecções e manchas roxas pelo corpo. É importante lembrar que esses sintomas também podem estar ligados a outras doenças benignas, mas não devem ser ignorados.”, detalha o especialista, que também é coordenador do Grupo de Estudos de Patologia Pediátrica, da Aliança AMARTE.

Mesmo assim, os especialistas chamam a atenção para outros sinais e sintomas que merecem avaliação médica, como o aumento persistente de gânglios (ínguas) ou inchaços pelo corpo, manchas roxas em locais onde a criança não costuma se machucar, dores de cabeça matinais acompanhadas de vômito e alteração na visão, como estrabismo repentino ou reflexo branco na pupila em fotos.


Diagnóstico precoce - O diagnóstico preciso depende do trabalho do patologista, médico responsável por analisar amostras de biópsia (tecidos coletados durante exames médicos) de diferentes tipos de tumores. “Vivemos hoje a era da medicina de precisão, na qual é esse especialista o responsável por identificar não apenas o tipo de tumor, mas também alterações moleculares que guiam o tratamento e o prognóstico”, afirma o Dr. Pedro.

A partir do diagnóstico, a Drª Mariana explica que o tratamento do câncer infantojuvenil pelo médico oncologista pediátrico costuma combinar diferentes abordagens, em geral, sendo a quimioterapia prioritária, também, a depender do caso, são realizados tratamentos como a cirurgia, radioterapia (em casos selecionados) e, mais recentemente, terapias-alvo e imunoterapias.

Além da técnica, a atenção em saúde exige o acolhimento dos profissionais de saúde às crianças e jovens e aos familiares. “O impacto emocional é enorme e precisa ser enfrentado com apoio psicológico, social e educacional”, ressalta a presidente da SOBOPE. “Buscamos manter a criança próxima da escola e das atividades lúdicas, preservando a normalidade possível durante o tratamento.”, complementa ela.

O Dr. Pedro acrescenta: “Não basta curar. O objetivo é garantir qualidade de vida a longo prazo, equilibrando eficácia do tratamento e minimização dos efeitos colaterais”. O patologista reitera, ainda, que o Setembro Dourado nasceu justamente para ampliar a conscientização da sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce para um tratamento adequado, possibilitando maiores chances de sucesso no tratamento e a qualidade de vida dos pacientes.

Para a Drª Mariana, a mensagem principal da data deve ser de esperança: “O câncer infantojuvenil, quando diagnosticado cedo, tem grandes chances de cura. Por isso, os sinais e sintomas não devem ser ignorados.” O Dr. Pedro reforça: “A informação de qualidade é nossa melhor ferramenta para salvar vidas. Famílias, profissionais de saúde e instituições precisam estar juntos nessa causa.”

 

Podcast Spotify
Link


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados