Potencial aumento da carga tributária sobre bebidas alcoólicas e açucaradas reacende debates sobre saúde e impacto econômico no maior feriado do Brasil
O Imposto Seletivo, popularmente denominado
"imposto do pecado", foi instituído pela reforma tributária com o
objetivo de desestimular o consumo de produtos considerados prejudiciais à
saúde, como cigarros, bebidas alcoólicas e bebidas açucaradas. A medida busca,
simultaneamente, reduzir o consumo desses itens, promovendo a saúde pública, e
ampliar a arrecadação tributária.
Com a proximidade do Carnaval, período
caracterizado pelo aumento expressivo no consumo de bebidas alcoólicas, as
discussões em torno do tema ganham relevância, especialmente no que se refere
ao potencial impacto da tributação na redução do consumo excessivo.
Os defensores do Imposto Seletivo sustentam que a
tributação sobre bebidas alcoólicas e açucaradas é justificada pelo impacto
negativo desses produtos na saúde pública, uma vez que estão associados a
doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, além de contribuírem para o
aumento de acidentes de trânsito e índices de violência.
Por outro lado, a medida também desperta críticas,
sobretudo em razão de seus efeitos econômicos. Pequenos comerciantes e empresas
do setor de bebidas alertam que a elevação da carga tributária pode comprometer
significativamente seus negócios, encarecendo os produtos e reduzindo as
vendas.
"Embora o propósito do Imposto Seletivo seja
legítimo ao buscar a redução do consumo de itens nocivos à saúde, é fundamental
avaliar seus impactos econômicos e sociais, sobretudo para os setores
diretamente dependentes da comercialização desses produtos", destaca o Dr.
Jorge Coutinho, especialista em Direito Tributário do escritório Jorge Ponsoni
Anorozo & Advogados Associados.
A tributação de bebidas açucaradas, em particular,
gera debates adicionais. Embora a medida tenha como objetivo reduzir o consumo
excessivo de açúcar, especialistas argumentam que grande parte da ingestão
dessa substância não decorre exclusivamente de bebidas industrializadas, mas
também do açúcar adicionado diretamente aos alimentos preparados em residências.
Essa circunstância levanta questionamentos sobre a efetividade da medida na
mudança dos hábitos alimentares da população.
"A tributação deve ser aplicada de maneira
equilibrada, de modo a evitar impactos desproporcionais sobre setores
específicos, o que poderia gerar prejuízos econômicos para toda a
sociedade", ressalta Coutinho.
Diante dos desdobramentos dessa política
tributária, torna-se essencial acompanhar as discussões do Imposto Seletivo,
considerando seus impactos diretos sobre diferentes setores da economia e
consumidores. Além das questões econômicas, a medida impõe desafios jurídicos e
fiscais para empresas do ramo de bebidas, varejistas e distribuidores, que
precisarão se adequar às novas regras.
"O equilíbrio entre promoção da saúde pública,
impacto econômico e segurança jurídica será determinante para a efetividade
parafiscal do Imposto Seletivo nos próximos anos", conclui o advogado.
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