O calor e a umidade das estações mais quentes do
ano podem ser um verdadeiro desafio para quem convive com hidradenite
supurativa (HS), uma doença inflamatória crônica da pele. A condição afeta
cerca de 0,4% da população brasileira, aproximadamente 850 mil pessoas[i],[ii].
De difícil diagnóstico – já que alguns pacientes podem levar até 10 anos para
receber a identificação correta[iii] –, a HS é caracterizada por lesões na
pele, frequentemente confundidas com furúnculos, abscessos, acne, cistos e
pelos encravados[iv].
Para muitos pacientes, o período mais quente se
torna um período desafiador. O aumento da transpiração e o atrito constante nas
áreas afetadas – como virilha, axilas, nádegas e mamas – podem desencadear
surtos mais graves da doença[v],[vi].
Outro fator que pode dificultar é a escolha da vestimenta. Roupas justas podem
agravar o quadro, enquanto roupas mais confortáveis podem não oferecer a
proteção necessária contra o calor e o suorv,vi.
Para falar sobre o tema, temos a dermatologista Dra.
Juliana Nakano, que conta que meses mais quentes do ano exigem
atenção especial para aqueles que vivem com HS e que, além da necessidade de
tratamento adequado, cuidados adicionais no dia a dia são essenciais para uma
melhor qualidade de vida.
Por isso, gostaria de trazer a história de uma
paciente que representa a dificuldade do diagnóstico e como é lidar com a
doença no calor. Abaixo deixo sua história de forma anônima. Mas, com o seu
interesse em produzir a pauta, liberaremos os dados dela e podemos agendar uma
entrevista:
MV é uma paciente, do sexo feminino, que começou com os primeiros sintomas muitos anos atrás. Inicialmente, acreditou que as lesões eram consequência do uso das roupas do balé. Sem um diagnóstico preciso, ela passou anos enfrentando crises dolorosas e sendo tratada erroneamente para furúnculos e acne. Somente anos depois, após intensa busca por informações na internet e redes sociais, descobriu que tinha HS.
[ii] Ianhez M, Schmitt JV, Miot HA. Prevalence of hidradenitis suppurativa in Brazil: a population survey. Int J Dermatology.
2018;57(5):618–20.
[iii] Garg A, Malviya N, Strunk A, Wright S, Alavi A, Alhusayen R, et al. Comorbidity screening in hidradenitis suppurativa: Evidence-based recommendations from the US and Canadian Hidradenitis Suppurativa Foundations. J Am Acad Dermatol. 2022;86(5):1092–101.
[iv] Alikhan A, Lynch PJ, Eisen DB. Hidradenitis suppurativa: a comprehensive review. J Am Acad Dermatol. 2009 Apr;60(4):539-61; quiz 562-3. doi: 10.1016/j.jaad.2008.11.911. PMID: 19293006.
[v] Singh R, Mohammed A, Senthilnathan A, Feldman SR, Pichardo RO. Hidradenitis suppurativa may impact clothing patterns even in patients with mild disease and symptoms: an observational study. Br J Dermatol. 2022 Aug;187(2):250-251. doi: 10.1111/bjd.21035. Epub 2022 May 24. PMID: 35084746.
[vi] Poondru S, Scott K, Riley JM. Wound care counseling of patients with hidradenitis suppurativa: perspectives of dermatologists. Int J Womens Dermatol. 2023 Jul 18;9(3):e096. doi: 10.1097/JW9.0000000000000096. PMID: 37469805; PMCID: PMC10353709.
Nenhum comentário:
Postar um comentário