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sábado, 26 de outubro de 2024

Jovens ostentam furtos nas redes sociais e adotam o termo #clepto: Médica psiquiatra alerta sobre os riscos da cleptomania


Recentemente, um comportamento preocupante vem ganhando espaço nas redes sociais, onde jovens estão compartilhando vídeos de furtos e utilizando a hashtag #clepto para ostentar suas ações. A apropriação do termo cleptomania, que é um transtorno psiquiátrico caracterizado por um impulso incontrolável de roubar, tem levantado preocupações entre especialistas da saúde mental, que alertam sobre a gravidade dessa condição. 

A cleptomania é um distúrbio do controle dos impulsos, em que a pessoa sente uma compulsão incontrolável de furtar objetos, muitas vezes de pouco valor ou sem utilidade pessoal. Segundo a médica psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental, esse não é apenas um comportamento social inadequado, mas uma condição médica que precisa ser tratada com seriedade. “Quando vemos jovens nas redes sociais glorificando furtos com o uso da hashtag #clepto, isso pode banalizar o transtorno e agravar comportamentos delinquentes", alerta. 

Ela explica que, diferentemente de um furto comum, onde o ato é planejado ou motivado por ganho financeiro, a cleptomania envolve uma sensação de ansiedade intensa antes do furto e alívio após a execução do ato, mesmo que o objeto roubado não tenha valor significativo. “A pessoa não tem o objetivo de se beneficiar materialmente, mas sim de reduzir a tensão interna, o que diferencia esse comportamento de um ato criminoso deliberado,” detalha a médica. 

As redes sociais, ao oferecerem visibilidade e validação social, podem estar exacerbando esses comportamentos impulsivos. Para alguns jovens, o ato de compartilhar vídeos com a hashtag #clepto nas plataformas pode reforçar uma imagem de "rebeldia" ou transgressão, o que atrai atenção e curtidas. “Esse comportamento pode mascarar a necessidade de atenção ou aceitação social, algo que, muitas vezes, está associado a dificuldades emocionais mais profundas, como baixa autoestima ou sentimentos de inadequação”, alerta a Dra. Jéssica. 

Ela enfatiza que cleptomania não deve ser romantizada ou tratada como uma “moda”. O transtorno, se não tratado, pode evoluir para outras complicações, como depressão, ansiedade e problemas legais. “O tratamento da cleptomania envolve uma combinação de terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, medicamentos para ajudar a controlar os impulsos. É fundamental que os jovens compreendam a gravidade de ostentar furtos e para que saibam identificar a cleptomania como um transtorno sério, que necessita de acompanhamento médico, não como algo a ser glorificado,” finaliza a psiquiatra.

  

Dra. Jéssica Martani – CRM 163249/ RQE 86127 - Médica psiquiatra, observership em neurociências pela Universidade de Columbia em Nova Iorque – EUA, graduada pela Universidade Cidade de São Paulo com residência médica em psiquiatria pela Secretaria Municipal de São Paulo e pós graduação em psiquiatria pelo Instituto Superior de Medicina e em endocrinologia pela CEMBRAP.


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