Saiba
quais as principais bactérias resistentes a antibióticos e como prevenir
Um tratamento comum para infecções é o uso de antibióticos,
mas o que acontece quando o antibiótico deixa de funcionar? Uma pesquisa
publicada na revista científica The Lancet apontou que a resistência a
antibióticos pode causar mais de 39 milhões de mortes até 2050.
Infecções são causadas pela invasão de
microrganismos, como bactérias, vírus, fungos ou parasitas, no corpo humano. A
resposta natural do corpo a essa invasão pode causar sintomas variados, que vão
desde febre, dor, cansaço até sintomas mais graves, dependendo do tipo de
infecção e da saúde do indivíduo.
"As infecções resistentes a antibióticos
ocorrem quando as bactérias mudam de forma que os antibióticos comuns se tornam
ineficazes contra elas, ocasionando diversos perigos para a saúde
pública", explica Igor Marinho, infectologista na Rede de Hospitais São
Camilo de São Paulo.
Como os antibióticos
funcionam?
Os antibióticos são medicamentos essenciais para
combater infecções bacterianas e apoiar nossa saúde. Eles funcionam de diversas
maneiras, dependendo de sua classe e do tipo de bactéria que atacam. Alguns
antibióticos, por exemplo, atuam destruindo a parede celular das bactérias,
causando sua morte.
"Outros medicamentos impedem a reprodução das
bactérias ao interferirem na produção de proteínas ou no material genético
necessário para sua multiplicação. Ainda existem antibióticos que inibem a
capacidade das bactérias de sintetizar componentes vitais para sua
sobrevivência", comenta o especialista.
Diante disso, Igor Marinho elenca abaixo três
perigos da resistência a antibióticos:
- Tratamentos
Ineficazes:
Quando os antibióticos tradicionais não conseguem combater a infecção, o
tratamento torna-se mais longo e complicado. Isso pode resultar em maior
tempo de recuperação, aumento das complicações e uma chance maior de
disseminação da infecção para outras pessoas.
- Agravamento
da Doença:
Com a resistência aos antibióticos, doenças que antes eram facilmente
controladas podem se tornar mais graves e, em alguns casos, potencialmente
fatais.
- Impacto
na Saúde Pública: A disseminação de bactérias resistentes pode levar a surtos
incontroláveis de doenças, uma vez que opções de tratamento são limitadas.
Isso reforça a prioridade de políticas públicas voltadas para o controle e
prevenção dessas infecções.
"Além destes impactos, a infecção resistente a
antibióticos também pode ocasionar o agravamento das doenças, transformando
condições antes controláveis em doenças mais graves, e em alguns casos,
fatais", afirma Marinho.
Quais as bactérias resistentes
mais comuns?
Compreender as bactérias resistentes a antibióticos
é essencial para cuidar bem da nossa saúde e da saúde da nossa comunidade. O
infectologista, Igor Marinho, lista algumas bactérias mais comuns que podem
apresentar resistência a antibióticos no dia a dia:
- Staphylococcus
aureus:
Esta bactéria pode causar infecções na pele, e em casos mais graves,
infecções na corrente sanguínea, pulmões e outros órgãos. Ela está
presente no nariz e na pele de adultos saudáveis, portanto, o risco ocorre
quando ela entra no corpo. A bactéria é transmitida pelo contato direto
com alguém infectado, objeto contaminado ou gotículas no ar dispersas ao
tossir ou espirrar.
- Escherichia
coli (E. coli): Conhecida por causar infecções urinárias, algumas cepas de E.
coli são resistentes a múltiplos tipos de antibióticos e podem levar a
infecções graves. Ela é encontrada no intestino humano e nessa região do
corpo é inofensiva.
- Klebsiella
pneumoniae:
Esta bactéria pode causar pneumonia, infecções na corrente sanguínea e
infecções nos locais cirúrgicos, e tem mostrado resistência a vários
antibióticos. Ela também é comum no intestino humano, onde não ocasiona
doenças. A infecção pela Klebsiella pneumoniae é mais frequente em
pacientes internados que necessitam de dispositivos como respiradores ou
cateteres. Ela é transmitida pelo contato com secreções de pessoas
contaminadas e é mais comum em hospitais.
Como prevenir?
A resistência a esses antibióticos reforça a
importância da prevenção e do controle de infecções, por meio de práticas de
higiene adequadas e do uso racional de antibióticos. Além disso, pesquisa da
Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, publicada na revista Frontiers
in Microbiomes, apontou que mais de 600 vírus existem nas escovas de dentes e
chuveiros. Os vírus encontrados são conhecidos como bacteriófagos.
Segundo o estudo, os bacteriófagos infectam
bactérias, sendo inofensivos para seres humanos, e têm sido mais estudados
porque pode existir um potencial para o tratamento de infecções resistentes a
antibióticos por meio deles.
"Ainda assim, manter uma boa higiene pessoal e
ambiental também é uma prática essencial para prevenir infecções e,
consequentemente, reduzir a necessidade do uso de antibióticos. Lavar as mãos
regularmente, cuidar da limpeza dos ambientes, fazer uso consciente e racional
de antibióticos de acordo com a prescrição médica, além de ter hábitos de vida
saudáveis fazem toda a diferença na prevenção", finaliza Igor Marinho.
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