Dados da FecomercioSP mostram
impacto da inflação no setor; passagens subiram quase 20% no mês, ajudando o
desempenho do segmento de transporte aéreo
O faturamento do turismo nacional alcançou R$17,5
bilhões, marcando o melhor desempenho para o mês de julho desde 2019.
Esse crescimento de 3,8% em relação ao mesmo período do ano anterior é reflexo
das férias escolares, que tradicionalmente aquecem o setor. Os dados da Federação
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP),
indicam que, no acumulado do ano, o faturamento chega a R$113,2 bilhões, com
alta de 2,2%.
O transporte aéreo de passageiros, segmento com
maior peso no levantamento, registrou um faturamento de R$4,62 bilhões, o que
representa um crescimento de 6,4% em relação a julho de 2023. Embora o
número de passageiros tenha registrado um aumento modesto de 1%, o que
totalizou 8,53 milhões de viajantes transportados no mês, a alta expressiva de
19,39% nos preços das passagens, de acordo com o IPCA do IBGE, contribuiu para
alavancar o faturamento do setor aéreo. De acordo com a Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac), a tarifa média real subiu de R$603, para R$633, em um
ano, ou seja, 5%, refletindo a pressão inflacionária que afeta a demanda.
TABELA 1
FATURAMENTO DO TURISMO
NACIONAL POR SERVIÇOS PRESTADOS
Julho de 2024
O segmento de locação de veículos obteve o maior
crescimento, com um faturamento de R$2,35 bilhões e alta de 9,8%. Esse resultado também foi beneficiado pelo aumento expressivo nos
preços: de 17,7% nas tarifas de locação que, somado à demanda durante as
férias, resultaram em um aumento tanto na quantidade, quanto no volume
financeiro.
As atividades culturais, recreativas e esportivas
apresentaram crescimento de 5,7%, totalizando R$1,3 bilhões, impulsionadas por
uma agenda rica em eventos durante as férias escolares. Já os setores de
hospedagem e alimentação mostraram altas de 2,2% e 2,9%, respectivamente, com
faturamentos de R$2,1 bilhões e R$2,7 bilhões. Embora essas variações sejam
mais modestas, elas refletem a continuidade da recuperação do setor, que já
havia visto um crescimento de 10,2% no ano anterior.
Entretanto, o panorama não é homogêneo. Os setores
de transporte rodoviário de passageiros e agências de viagens enfrentaram
dificuldades, com quedas de 1,7% e 0,7%, respectivamente. Isso ressalta que,
apesar do aumento geral do faturamento, muitas empresas ainda lidam com altos
custos operacionais, o que pode impactar sua rentabilidade. Nos balanços
financeiros do segundo trimestre, diversas empresas do setor relataram
prejuízos, indicando um cenário desafiador para a sustentabilidade financeira.
Por outro lado, o resultado de julho mostra a
solidez do turismo brasileiro com o aumento da demanda, mesmo com os preços
mais elevados ajudando no resultado. Os investimentos que estão sendo feitos na
indústria hoteleira, com o aumento da malha aérea, nacional e internacional, e
a renovação de frota das locadoras de veículos, cria um potencial de
crescimento importante para o turismo nacional, possibilitando alcançar novos
recordes, sem uma pressão sobre os preços, dado o aumento gradativo da oferta.
“As previsões para o turismo permanecem positivas,
com a expectativa de um mercado corporativo mais forte a partir de agosto,
acompanhando o desempenho do PIB, e investimentos contínuos em infraestrutura,
como a expansão da malha aérea e a renovação de frotas de veículos”, explica
Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP.
Dados Regionais
O faturamento do turismo nos estados, sem a
inclusão do transporte aéreo, somou R$12,9 bilhões, obtendo alta de 2,9% na
comparação com o mesmo período do ano passado. Sergipe e o Distrito Federal
foram os estados com os maiores crescimentos, de 13,8% e 11,6%,
respectivamente. São Paulo, responsável por 35% do faturamento nacional,
atingiu R$4,54 bilhões, com um crescimento de 5,1%, beneficiado principalmente
pelo transporte terrestre de passageiros.
Já no Rio Grande do Sul, houve redução de 5,5%. A
queda acumulada no período de maio a julho é de 11,7%. Em termos
absolutos, significa uma diminuição de R$254 milhões no faturamento.
TABELA
2
FATURAMENTO DO
TURISMO POR REGIÃO
Julho de 2024
Nota metodológica
O estudo se baseia nas informações da Pesquisa
Anual de Serviços, mediante dados atualizados com as variações da Pesquisa
Mensal de Serviços, ambas do IBGE. Os valores são corrigidos mensalmente pelo
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e foram escolhidas as atividades
que têm relação total ou parcial com o Turismo. Para as que têm relação
parcial, foram utilizados dados de emprego ou de entidades específicas para
realizar uma aproximação da participação do setor no total.
Em relação aos dados regionais, a base continua
sendo a PAS, mas foi adotado um procedimento estatístico distinto, de uso da
proporcionalidade nacional, para encontrar a receita das atividades nos Estados
e, na sequência, uma estimativa setorial para se chegar na receita operacional
líquida. Embora foram feitas estimativas segmentadas, a divulgação ficará
restrita ao total, pois o objetivo é obter uma dimensão geral do setor e
acompanhar o desempenho mensal. A correção monetária é feita pelo IPCA, e não
pelo índice específico, tal como ocorre no volume de serviços no IBGE.
O total do faturamento das Unidades Federativas
(UFs) não coincide com o total nacional do levantamento da FecomercioSP, por
não contabilizar o setor aéreo. Pelo fato de não haver clareza sobre como o
instituto trabalha o dado de transporte aéreo de passageiros, optou-se por não
usar neste momento. Quando houver uma indicação mais clara, haverá, certamente,
uma atualização.
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