Especialista no assunto, Delfino Golfeto ainda explica como saborear e harmonizar pratos com a bebida
A cachaça,
também conhecida como marvada, cátia, cajibrina, pinga, mé ou branquinha, é um
destilado 100% brasileiro que provêm exclusivamente da cana-de-açúcar, com a
graduação alcoólica entre 38% e 48% em volume. Trata-se de uma bebida nobre,
que agrada a diversas camadas sociais, ainda sendo vendida em dose, seja em
bares nas periferias ou em restaurantes e cachaçarias. Dada a importância dessa
bebida tanto para o País quanto para a nossa cultura, no dia 13 de setembro é
celebrado o Dia da Cachaça. A data foi criada em 2009, pelo Instituto
Brasileiro da Cachaça (Ibrac).
Na Água Doce
Sabores do Brasil, por exemplo, o destilado é o protagonista de uma carta com
mais de 60 marcas, com rótulos selecionados que o cliente pode adquirir por
dose e em drinques. Em homenagem a data, Delfino Golfeto, especialista,
cachacier ou sommelier de cachaças, e fundador da rede com 80 restaurantes no
País desvenda curiosidades da bebida.
Consumo Mundial: Você sabia que a
cachaça é a terceira bebida destilada mais consumida no mundo e a primeira no
Brasil? Segundo dados do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Aguardente
de Cana, Caninha ou Cachaça (PBDAC), a produção é em torno de 1,3 bilhão de
litros por ano, sendo que cerca de 75% desse total é proveniente da fabricação
industrial e 25% artesanal. Além disso, de acordo com informações da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil consome quase toda a
produção de cachaça, ou seja, apenas cerca de 1% a 2% é exportado, o
equivalente a 2,5 milhões de litros. Neste caso, os principais países
compradores são Alemanha, Paraguai, Itália, Uruguai e Portugal.
Bebida histórica e cultural: De acordo com o
Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), a bebida faz parte de manifestações
folclóricas e religiosas, como bailes, folguedos, jogos, casamentos,
nascimentos, batizados, velórios, folias, novenas, ladainhas e rezas. Além
disso, por estar presente em todo o tipo de ambiente, no passado, a cachaça
serviu como veículo de comunicação de acontecimentos políticos e sociais por
meio dos seus rótulos.
Variedade de rótulos: Atualmente, existem
mais de 4 mil marcas de cachaça no mercado brasileiro. E no início de 2023 foi
lançada a mais cara do mundo aqui no Brasil. O valor de venda é de US$ 180 mil,
o equivalente a quase R$ 1 milhão.
Surgimento da Caipirinha: Ainda segundo o
Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), feita exclusivamente com cachaça, limão,
açúcar e gelo, a Caipirinha foi criada no interior do estado de São Paulo, como
remédio contra gripe. Isso ocorreu em 1918, durante o surto da Gripe Espanhola
no Brasil. Mas tornou-se conhecida apenas na Semana de Arte Moderna, em
fevereiro de 1922. Hoje, é um dos drinques mais consumidos no Brasil e mundo
afora quando o assunto é cachaça.
Cachaça é brasileira, mas a cana-de-açúcar não: A origem da planta
que pertence à família das gramíneas é da ilha de Nova Guiné, na Oceania. Aqui
no Brasil, a cana-de-açúcar foi trazida pelos portugueses em 1520.
Importância da madeira na produção: Diferente de outros
destilados mundiais, é possível utilizar mais de 30 tipos de madeira para
armazenamento e envelhecimento da cachaça. Este fator é de extrema importância
na fabricação da bebida, pois proporciona diferentes cores, aromas e sabores. O
processo de envelhecimento é feito de acordo com cada tipo de madeira
utilizada, sendo que as mais comuns são Carvalho, Amburana e Balsamo. Isso
influencia diretamente no resultado, pois cada madeira cria sabores
diferenciados e aromas frutados. Para ter qualidade, a cachaça precisa ficar
armazenada por, no mínimo, dois anos em uma boa madeira. Se ficar acima de oito
anos, torna-se um produto nobre e ganha status.
Como beber cachaça: Tente ver a
transparência, a pureza e a oleosidade da cachaça ao movê-la dentro de um copo
ou taça translúcida. Dessa forma, é possível ver as lágrimas da bebida descerem
lentamente no copo, mostrando que a bebida é encorpada, como são as verdadeiras
cachaças de qualidade envelhecidas em tonéis de madeira. O segundo passo para
beber o destilado é sentir o cheiro e o gosto. Deixe-a na boca por vinte
segundos para que sinta o sabor nas partes palatáveis, balançando e trabalhando
a bebida nestes locais sensíveis. “Normalmente, a cachaça possui um teor
alcoólico mais elevado, dando a sensação que esquenta ao tomá-la. Sempre brinco
que a bebida tem que esquentar e não arranhar. Cachaça boa não tem disso. Já o
segundo golinho fica melhor para apreciação. Geralmente, degusto 25 ml, para
avaliar uma cachaça de qualidade em 20 ou 25 minutos. Para identificar uma boa
cachaça, deve mastigar o cheiro ou o líquido. É dessa forma que se aprende o
que é uma cachaça de bálsamo, de carvalho e amburana”, revela Delfino.
Harmonização: Pratos com acento
tropeiro, como linguiças, torresmos, carnes suínas e tutu de feijão, se
encaixam bem com uma boa cachaça. Há dois tipos básicos de harmonização: por
semelhança, com uma cachaça suave com pratos mais leves (isca de tilápia ou
bolinho de bacalhau), ou a contraposição, apostando no contraste, ou seja, uma
cachaça mais encorpada com pratos como: torresmo, carnes vermelhas, queijo
parmesão, entre outros. Para que a bebida possa valorizar a comida é preciso
levar alguns fatores em consideração, como o teor alcoólico, o índice de
acidez, os sabores, o aroma e o tipo de envelhecimento. No caso das cachaças
neutras, que apresentam aspecto cristalino e não passam pelo processo de
envelhecimento, os pratos mais indicados são tilápia ao molho de camarão,
bolinho de bacalhau, camarão crocante, saladas, queijo provolone e tilápia
crocante.
Já no caso
das cachaças que passam pelo processo de envelhecimento em tonéis de madeira, é
preciso levar em consideração o tipo de madeira utilizada para escolher o prato
para harmonização. As cachaças envelhecidas no Balsamo, por exemplo, combinam
com filé-mignon com gorgonzola, picadinho
de carne e picanha na chapa. A Amburana pode ser perfeita quando a opção é
um bolinho de carne de sol, bolinho de mandioca recheado, chapa mista com picanha, linguiça e filé de frango e, por
incrível que pareça, até mesmo com sobremesas. O Carvalho, por sua vez, pode
ser harmonizado com pratos como escondidinho, costelinha suína, torresmo e
carne de sol.
“Esta bebida
é um patrimônio nacional e movimenta bilhões de reais por ano no Brasil.
Acreditamos muito na valorização do ritual de como se consumir esse produto.
Valorizamos na Água Doce a forma de servir e, principalmente, as harmonizações
pautadas em princípios e orientações de profissionais do setor”, orgulha-se o
fundador da Água Doce.
Museu da Cachaça: Outra curiosidade é que Delfino Golfeto fundou em maio de 2004 o Museu da Cachaça, localizado em Tupã, no interior de São Paulo, onde fica a sede da Água Doce Sabores do Brasil. O local tem mais de 3 mil rótulos, além de contar a história da bebida e o processo de fabricação. A Água Doce foi pioneira na valorização da cachaça ainda nos anos 1990, investindo tanto na variedade de opções da bebida, como no uso em caipirinhas e outros drinques. A marca preparou um tour virtual para que os apaixonados pela bebida possam conhecer um pouco mais sobre o Museu da Cachaça.
Água Doce
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