Em entrevista, o
escritor George Gimenes afirma que os poemas podem ajudar na construção da
memória afetiva e na ampliação do vocabulário infantil
Membro da Academia Internacional de Literatura
Brasileira (AILB), o poeta e cordelista George Gimenes lança o livro
infantil Bichos de A a Z, em que ensina os
pequenos leitores sobre a diversidade da fauna, em uma narrativa lúdica com a
representação de 26 animais segundo o alfabeto. Por meio de rimas e ilustrações
em cores vibrantes, o autor propõe ainda uma experiência interativa e que
instiga a criatividade.
Inspirado em grandes escritores nacionais como
Mario Quintana e Cecília Meireles, o autor possui um estilo único de escrita,
chamado “Quadra
Quadrada”. Esse método consiste em um poema sintético fixo, que tem quatro
versos de quatro sílabas com uma só rima, oferecendo originalidade e
espontaneidade durante a leitura.
Em entrevista, George Gimenes explica a importância
da poesia para o aprendizado, estimular a criatividade e a alfabetização de
crianças, além de comentar sobre os desafios da adaptação da obra para o
inglês. Confira abaixo:
1 – O que te inspirou a escrever Bichos de A a Z? Pode nos contar
um pouco sobre o seu processo criativo e por que decidiu trazer poemas para
educar sobre fauna?
George Gimenes: A ideia do livro surgiu de uma viagem que fiz, onde fui escrevendo
pequenos poemas sobre cada animal que eu via, ouvia ou interagia - curiosamente
foram muitos naquela ocasião... No final da viagem, eu estava com um vasto
conjunto de poemas sobre os mais variados bichos. Todos os poemas foram
escritos no estilo poético “Quadra Quadrada”, de minha criação: poema de quatro
versos de quatro sílabas com uma rima externa.
Considerei aquele material relevante tanto para
introduzir a poesia aos pequenos leitores, como para proporcionar uma instrução
sobre a fauna. Posteriormente, conversando com a minha editora, consideramos
que seria ainda mais interessante termos um formato que proporcionasse essa
“brincadeira” de adivinhar e revelar cada animal.
2 – De que maneira você acredita que o formato interativo do livro, onde
as crianças adivinham o animal antes de vê-lo, contribui para o aprendizado e
engajamento delas?
G.G.: Quanto ao formato, entendo que ele proporciona um engajamento natural
do leitor com a obra, tornando-o um participante ativo, ao invés de um leitor
passivo e contemplativo. Essa experiência possibilita o estabelecimento de uma
associação emocional envolvente e uma memória afetiva marcante, promovendo um
aprendizado muito mais efetivo. Ao final da leitura, a criança é estimulada a
considerar e listar outros animais que ela conhece, mas que não constaram do
livro, e é motivada a criar um pequeno poema sobre eles, incorporando a poesia
como algo acessível e natural em sua vida.
3 – Como foi o processo de
seleção dos 26 animais representados no livro? Há algum critério específico que
você seguiu para escolher esses bichos?
G.G.: Parece simples escolher 26 bichinhos dentre um número infinito de
animais que existem, não é? Não foi bem assim... certas letras, inclusive,
possuem um número extremamente reduzido de nomes de animais, sem contar também
o desafio de utilizar as letras K, W e Y na edição em português. Assim,
primeiro escolhi animais cujo texto fosse cativante e divertido tanto pela
perspectiva poética como do ponto de vista de informação e curiosidade.
Procurei trazer animais incomuns junto àqueles mais conhecidos, de modo a se
ter um equilíbrio entre eles; também ser abrangente quanto à localização deles
no planeta, fazendo questão de incluir bichinhos da nossa fauna e cotidiano
brasileiros.
4 – Como o contato lúdico das
crianças com a fauna pode aproximá-las da natureza? Qual a relevância desse
contato desde a primeira infância?
G.G.: Animais são criaturas magnificas! Não há quem não os aprecie (inclusive
os adultos) ou não seja impactado pela riqueza da variedade e diversidade que
encontramos na fauna. Ainda que alguns desses bichos preferimos que fiquem bem
longe, este primeiro contato literário amplia o conhecimento, a interação e integração
do pequeno leitor com a natureza.
5 – O livro também foi editado
para o inglês, por que decidiu disponibilizar a obra em duas línguas
diferentes? Tem relação com a sua vivência fora do país?
G.G.: Atualmente, estou morando no Canadá e tenho netos nascidos lá e nos
EUA. Quis proporcionar, inicialmente a eles – e a todos – que ainda não dominam
o português, a oportunidade de exposição à poesia através desse tema que é tão
cativante. A edição em inglês, no entanto, é mais que uma simples e direta tradução.
Como alguns bichos ocupariam a mesma letra – por exemplo, raposa / sapos caem
na letra F, respectivamente fox / frogs – tive a difícil decisão de substituir
alguns deles. Dessa forma, além da ordem de apresentação, que é alfabética, há
oito animais diferentes entre as duas edições, o que as tornam únicas em si
mesmas.
6 – Você tem planos para
lançar mais livros no mesmo estilo ou pretende explorar outros temas educativos
para crianças? O que podemos esperar das suas futuras obras?
G.G.: Tenho muitos e excitantes planos, certamente! Alguns textos de
literatura infantil já estão prontos, abordando temas relacionados a desafios e
superação, sempre com um toque poético na narrativa. Um destes está prestes a
ser lançado pelo selo Inteligênios, cujo título é Brissa, o Mar e a Geringonça. Também estou com um projeto para um livro
temático de poesias, em andamento...
Sobre o autor: Gerente de Projetos formado em Engenharia Elétrica pela Unicamp, George Gimenes concilia a profissão nas exatas com a paixão pela arte: poeta, cordelista, violonista, compositor e fotógrafo, ele começou a escrever poesia em 2015. Desde então, publicou cordéis e livros infantis que contemplam uma narrativa poética, como Os segredos da luz (2018) e Aos olhos de Deus (2020). O lançamento Bichos de A a Z (2023) marca o estilo poético criado pelo autor – o “Quadra Quadrada”, em que o poema sintético é fixo e tem quatro versos de quatro sílabas com uma só rima. Natural de Itu, no estado de São Paulo, mora com a esposa no Canadá e tem três filhos e vários netos. Também é membro da Academia Internacional de Literatura Brasileira (AILB).
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