Contas em atraso diminuem, mas lares com menor
renda ainda são os mais afetados
A inadimplência das famílias paulistanas atingiu o menor nível desde janeiro de 2022. Dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) apontam que o porcentual de lares com contas em atraso passou de 21,9%, no mês de maio, para 20,8%, em junho — o que, em números absolutos, representa 40,3 mil famílias inadimplentes a menos.
Por outro lado, as
famílias de menor renda, ou seja, que recebem até dez salários mínimos, são as
que enfrentam mais dificuldades em relação à inadimplência. Prova disso é que
24,1% dessas famílias estão com contas em atraso, enquanto só 12,6% das que
recebem acima de dez salários mínimos estão com dívidas — praticamente o dobro.
Ainda assim, ambas registraram queda em relação ao mês anterior.
De acordo com a FecomercioSP, esse resultado pode
ser explicado pela queda da inflação, que tem aliviado o bolso dos paulistanos.
Além disso, o mercado de trabalho aquecido também contribui para a quitação das
dívidas e abre espaço para o consumo. Não é à toa que 19,6% dos lares afirmaram
que pretendem contrair algum tipo de crédito ou financiamento nos próximos três
meses — o maior porcentual desde setembro de 2019 —, enquanto 90% declararam
que a finalidade será consumo e compras.
Se, por um lado, a queda na inflação estimula o consumo, é compreensível que os compromissos com crédito aumentem. Apesar do endividamento registrar uma queda em comparação ao mês anterior, ainda segue em patamar elevado (71,3%). O resultado, no entanto, é importante para a economia, principalmente em razão do barateamento do crédito, o que gera confiança das famílias, encorajadas pela maior segurança no emprego e na renda.
Além do líder invicto cartão de crédito (86,1%), que ainda é o fator que mais contribui para a dívida familiar, destacam-se, justamente, o crédito pessoal (13,9%) e o financiamento de imóveis (13,7%), que cresceram em relação ao mesmo período do ano passado — o que comprova o impacto da redução dos juros sobre a realização do sonho de comprar a casa própria. Essas despesas, a longo prazo, impactam diretamente o tempo de comprometimento da dívida, que também cresceu, atingindo 7,6 meses em junho, acima do registrado no ano passado. Um resultado que, nesse caso, pode ser considerado positivo para a economia, já que mostra que os consumidores estão lidando melhor com as finanças.
De acordo com a
Federação, o cenário é promissor para os empresários, visto que o
fortalecimento no poder de compra deverá estimular as vendas no Comércio e nos
Serviços, trazendo bons resultados para a economia da cidade neste meio de ano.
Nota
metodológica
PEIC
A Pesquisa de
Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela
FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil
consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do
questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do
Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de
2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto
de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui
alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa
permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de
comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à
capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos
empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento
das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos
dez salários mínimos.
FecomercioSP
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