À medida que os impactos da crise climática se acentuam, o investimento em energia renovável ganha ainda mais relevância e, consequentemente, abre excelentes oportunidades para o setor. Esse é o caso do hidrogênio verde, que vem se tornando uma alternativa promissora e inovadora. No entanto, diante de tamanha força que essa tendência possui no segmento energético, cabe às geradoras a missão de traçar estratégias a fim de explorar todo o potencial deste recurso.
O hidrogênio verde é um combustível produzido a
partir da eletrólise da água utilizando energias renováveis, como solar ou
eólica. Sua produção é considerada limpa, pois não gera emissões de carbono, ao
contrário do hidrogênio convencional, que utiliza combustíveis fósseis. Tal
característica vem despertando cada vez mais o interesse mundial, visto que seu
desenvolvimento vem ao encontro da meta estabelecida pela ONU que prevê, até
2050, a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera.
Certamente, essa é uma abordagem inovadora e
sustentável com a qual diversos países podem se beneficiar, em especial o
Brasil. Afinal, em se tratando de energia renovável, de acordo com o Ranking do
Pew Environment Group, nosso país está entre as 10 maiores potências mundiais
em energia limpa, o que nos posiciona como um possível player global na
produção deste combustível. Não à toa, a expectativa, segundo um estudo da BloombergNEF
(BNEF), é que, até 2030, o território brasileiro produza o hidrogênio verde
mais barato do mundo, no valor de US$1,45 por quilo.
Contudo, tal cenário, para se concretizar,
dependerá, exclusivamente, de grandes investimentos a serem feitos pelo setor.
Afinal, vale destacar que o hidrogênio não é algo encontrado na natureza, o que
traz desafios que vão desde a sua produção, extração, até o transporte. Ou
seja, por ser um gás que, por si, só apresenta instabilidades e é produzido
externamente, tornam-se elevados os custos de produção, bem como demanda o alto
investimento em infraestrutura para viabilizar seu uso em larga escala.
No entanto, é importante enfatizar que, ao mesmo
tempo que a produção desse recurso traz uma série de desafios, também gera,
proporcionalmente, oportunidades para o mercado brasileiro, como uma possível
criação de parques especializados geração desse recurso por todo país, o que
impulsionará desde aspectos econômicos até a geração de empregos. Além disso,
não podemos deixar de lado que o cenário favorável do Brasil na geração de
energia renovável também vem atraindo o interesse da Europa para investimentos,
a fim de expandirem fontes de matriz energética, visto que os países europeus
têm, atualmente, a Rússia como principal fornecedor de gás natural.
Sem dúvidas, não há como negar todos os aspectos
favoráveis que irão permitir a entrada do Brasil neste mercado. No entanto,
para isso, investir em inovação e tecnologia é crucial para reduzir desde os
custos de produção até a melhoria da eficiência em todo o processo de logística
que envolve a geração do hidrogênio verde no país.
Afinal, esta é uma vertente que, diferentemente de
outras verticais, irá demandar, desde o início da sua abordagem, um
investimento alto das geradoras para viabilizar sua execução. Na prática, isso
reforça a necessidade e importância de uma rigorosa gestão de todo o processo,
a fim de ter um registro com máxima precisão que irá apoiar em tomadas de
decisões desde a adaptação de maquinários, escolhas de pontos estratégicos para
fixar uma matriz energética, acompanhamento de transportes etc.
Para as empresas que pretendem entrar nesse
mercado, o primeiro passo a ser dado, sem dúvidas, é o investimento no sistema
de gestão que irá centralizar todas essas informações e ajudar a garantir maior
assertividade e gestão de cada etapa a ser seguida. Ademais, contar com o apoio
de uma consultoria especializada nesse segmento também se configura como uma
estratégia eficaz para direcionar o foco e os esforços na opção correta.
Embora não seja uma grande novidade no mercado, do
ponto de vista estrutural e econômico, o Brasil ainda não está preparado para
produzir e exportar o hidrogênio verde, tendo em vista seu alto custo e
especificidades. Entretanto, não há como ignorar que, sim, este é um mercado em
potencial crescimento que o nosso país precisa estar atento, considerando sua
posição de favoritismo na geração de energia renovável.
Obviamente, para que seja uma realidade no nosso
país, é fundamental que, além da cooperação internacional, sejam estabelecidos
investimentos governamentais internos que ajudem a fomentar esse mercado no
eixo energético brasileiro. Contudo, este é o momento de preparação ao qual o
setor deve buscar estar preparado, para obter um melhor desempenho frente ao
futuro. Afinal, uma coisa é fato: certamente, o hidrogênio verde irá abrir
portas, mas caberá ao setor de energia buscar mantê-las abertas.
Juliana Najara - gerente de arquitetura e projetos DEV da G2.
G2
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