Intervenção não
medicamentosa pode ser saída para mulheres grávidas lidarem melhor com
episódios de dorDivulgação
“Grávida só pode tomar paracetamol”. A máxima,
repetida à exaustão por grávidas e mulheres que outrora estiveram grávidas é um
porto seguro para lidar com todos os tipos de queixas que podem aparecer em
decorrência de uma gestação. Dor nas costas, dor de cabeça, febre e outros
incômodos podem ser tratados com esse anti-inflamatório não esteroidal cujo uso
é muito difundido no Brasil. No entanto, embora o paracetamol seja mesmo
seguro, não é verdade que gestantes podem ingerir apenas esse tipo de
medicamento enquanto estiverem esperando pelo bebê.
Dá para entender a preocupação em receitar qualquer
droga para mulheres grávidas. Afinal, no passado já houve casos absurdos de
medicamentos que, em maior ou menor grau, causavam problemas para o bebê.
Talvez o maior exemplo dessa relação desastrosa tenha sido a talidomida. No
final dos anos de 1950, esse fármaco era amplamente receitado para gestantes
por conseguir conter um problema típico desse estado: as náuseas. Utilizado por
uma quantidade imensa de mulheres grávidas, o medicamento parecia milagroso no
combate a esse inconveniente gestacional. Mas havia um perigo escondido sob a
eficácia da substância. A talidomida, hoje sabe-se bem, tem efeitos
teratogênicos comprovados, ou seja, causa malformação congênita no feto. E foi assim
que milhares de bebês nasceram com algum tipo de deficiência causada por um
remédio que deveria apenas ajudar as mães a passar pela gestação.
O que é seguro
Seguro para mãe e bebê, o paracetamol se tornou a
prescrição básica para gestantes. Mas o conhecimento sobre fármacos e seus
efeitos na gestante e no feto e as habilidades de prescrição medicamentosa na
gestação, orientada pelos sintomas e etiologias podem contribuir muito para que
a mãe não precise passar por esse período em sofrimento. De acordo com obstetra
e coordenador do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), Marcos Takimura, “as gestantes podem utilizar diversos medicamentos,
desde que apresentem evidências de segurança farmacológica, o que é definido
por classificações de diversas instituições governamentais ligadas à saúde
pública”. Ele explica que, até hoje, a mais utilizada é a classificação A, B,
C, D, X, do FDA (Federal Drug Administration) - órgão americano que fiscaliza o
setor. No hemisfério norte, essa classificação foi substituída pelo PLLR
(Pregnancy and Lactation Labeling Rule), mas ela ainda é segura e muito
utilizada no Brasil.
Que outros medicamentos podem
ser usados?
“Esse é um tema muito espinhoso e repleto de
controvérsias. As opiniões divergem entre profissionais, apesar de haver alguns
consensos. A maioria dos obstetras precisa recorrer a manuais de prescrição
médica na gravidez, além de buscar referências na própria experiência e na
troca de informações com outros especialistas”, afirma Takimura. Entretanto,
dependendo da intensidade e da causa da dor, há algumas opções de medicamento
para serem usados na gravidez.
“Por exemplo, para dores de fraca intensidade, no
Brasil se usa muito paracetamol e dipirona, apesar deste último ser
contraindicado nos EUA. Para dores de maior intensidade, opiáceos, pelo menor
tempo possível e dependendo da fase da gestação. Especificamente para dores em
cólicas, escopolamina associado a dipirona e ao paracetamol. Para dores de
cabeça com características de enxaqueca, cafeína associada à dipirona, e
triptanos”, pontua o especialista. Ele afirma, ainda, que para dores musculares
é possível usar relaxantes musculares sem associação com anti-inflamatórios. Já
os anti-inflamatórios não hormonais devem ser evitados ao longo de toda a
gravidez. Entretanto, essas prescrições precisam ser feitas pelo obstetra que
acompanha a gestação e a automedicação é altamente contraindicada nessa fase.
Sem remédios
Além das opções de medicamentos, há uma ampla gama
de intervenções não medicamentosas indicadas para gestantes. Elas passam por
mudança de hábitos alimentares, cortando alimentos que causam intolerâncias
digestivas ou cólicas, pela prática de atividades físicas leves e alongamentos
articulares e até pela correção postural, que pode contribuir para melhorar os
desvios de coluna que são habituais nesse período.
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