Especialista do Hospital CEMA explica
por que isso acontece e quais são os tratamentos atuais para a doença
O excesso de gordura corporal tem impactos diretos na saúde. No entanto, as consequências podem ser ainda maiores do que se pensava. Um estudo recente, publicado na revista Nature e realizado pelo UK Biobank Eye and Vision Consortium (entidade que reúne uma série de centros de pesquisa nos Estados Unidos e na Inglaterra) mostrou que uma taxa elevada de gordura no sangue aumenta o risco de desenvolver glaucoma primário de ângulo aberto, o glaucoma mais comum de todos. “O aumento do risco apontado no estudo está associado ao triglicérides, principal molécula de gordura que circula no corpo”, explica a oftalmologista do Hospital CEMA, Liliany Melo Ercolin Ciconelo. O glaucoma é uma doença ocular que provoca alterações no nervo óptico e pode levar à cegueira.
A médica explica que, após uma refeição, todas as calorias são transformadas em triglicérides, que são, então, armazenados nas células de gordura. A liberação ocorre quando o corpo precisa de energia para realizar as funções do dia a dia. Entretanto, o consumo excessivo de alimentos ricos em gordura e carboidratos pode causar aumento do triglicérides. Certos medicamentos, tendências genéticas e doenças que provocam elevação dessas taxas estão entre os principais fatores desse aumento. O estudo relatou que altas taxas de triglicérides podem deixar o sangue mais grosso, e essa viscosidade sanguínea causa elevação da pressão intraocular. A má circulação sanguínea também prejudica o nervo óptico.
“Apesar dos importantes achados deste estudo, vale salientar que a origem exata do glaucoma ainda não está totalmente esclarecida. Hoje considera-se uma doença multifatorial, com forte componente genético associado”, detalha a especialista. Porém, é possível dizer que pessoas com propensão genética e expostas a fatores de risco, com altas taxas de triglicérides no sangue, podem ter mais chances de desenvolver o glaucoma de ângulo aberto.
Embora existam estudos em andamento para desenvolver novas formas
de tratar o glaucoma, é importante que todas as abordagens sejam
individualizadas. “Cada paciente com glaucoma apresenta características únicas,
que devem ser cuidadosamente avaliadas para elaboração de um plano de cuidados
personalizado e multidisciplinar”, explica a médica. Segundo ela, o
acompanhamento periódico é fundamental para detectar precocemente a progressão
da doença e ajustar o tratamento adequadamente.
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