Empresas que
investem na contratação de mais mulheres em posições de liderança contribuem
para um futuro com mais equidade de gênero no setor
Aos poucos os espaços vão sendo ocupados. Alguns mais rapidamente, outros a passos de formiga, mas a cada ano é possível celebrar um pouco mais as vitórias conquistadas pelas mulheres. Um dos espaços que vai sendo ocupado aos poucos é o setor de Tecnologia. De acordo com uma pesquisa elaborada pela Catho em 2022*, a presença de mulheres no setor vem aumentando, o que aponta para um cenário mais positivo. Mesmo assim, segundo os números elas ainda são cerca de um quarto da força de trabalho do segmento.
A pesquisa destaca que as mulheres são cerca de
23,6% dos trabalhadores da tecnologia, enquanto os homens representam 76,4%. Em
Santa Catarina, uma empresa atua para tentar diminuir essa diferença. Na Mouts
TI, tech com sede em Blumenau, há exemplos não apenas de mulheres atuando com
tecnologia mas também em cargos de liderança - muitas à frente de times
majoritariamente masculinos. A empresa registra crescimento no time feminino
desde 2022 e, atualmente, 19% das profissionais são mulheres.
Uma parte não atua em desenvolvimento de softwares
- primeira função que vem à mente quando se trata de tecnologia - mas são
partes fundamentais da engrenagem. É o caso da gerente de projetos Andréa
Sodré, 58 anos, que atua na área de TI desde 1997. Atualmente, comanda equipes
na busca pelos melhores resultados. Formada em Jornalismo, sua incursão no
setor de tecnologia teve início há 27 anos, quando atuou como coordenadora de área
de retenção no call center de uma empresa. Na época, ela apoiava a equipe
diariamente tratando as objeções dos clientes. Para melhorar a produtividade,
implantou um treinamento utilizando as telas do sistema e aplicando os
conceitos de relacionamento com o cliente, o que marcou o início da integração
da tecnologia em sua rotina, agora focada em processos e projetos.
Ao ser questionada sobre sua experiência em um
ambiente majoritariamente masculino, Andréa afirma que o trabalho flui de forma
harmoniosa, sem identificar resistências significativas. Ao liderar equipes
compostas principalmente por homens, ela destaca a importância de explorar as
habilidades individuais de cada membro para alcançar metas e objetivos,
evidenciando a competência como fator crucial para o sucesso. “Já percebi
resistência de uma ou outra pessoa, querendo entrar numa disputa de poder. A
melhor forma de lidar com isso é ignorar este comportamento e continuar a
trabalhar com leveza e respeito. Desta forma, o time continuará com você e esta
é a melhor resposta para a situação”, analisa.
Sobre o papel das mulheres na indústria de
tecnologia, Andréa destaca o aumento gradual da presença feminina na área de
TI. Para ela, a chave reside em manter-se firme no propósito, independentemente
da escolha de carreira. “ Entendo que o papel da mulher é se manter firme no
seu propósito, independente da carreira que escolher. E é bem saudável termos
profissionais de ambos os sexos atuando em parceria e troca de conhecimento,
além de experiências de vida. E as mulheres, de um modo geral, lidam bem com as
diversidades, contribuindo com o engajamento da equipe, independente da
predominância masculina”, ressalta.
Determinação e resiliência
feminina
Com 17 anos de experiência no setor de tecnologia,
a gerente de projetos Patrícia Simas de Souza, 39 anos, tem também uma
trajetória marcada por desafios, aprendizados e uma abordagem positiva perante
a predominância masculina na indústria. Patrícia ingressou na área por conta da
experiência em negócios e enfrentou uma série de desafios, mas logo encantou-se
pelo novo rumo da carreira. “É incrível como esse universo nos abraça, todos os
dias temos uma nova perspectiva. Nesta área tudo sempre foi uma escola e sempre
houve pessoas - e pessoas nos trazem desafios”, reflete.
Ela declara que atuar em um ambiente
majoritariamente masculino não é um impedimento, pois prefere valorizar as
pessoas independentemente de gênero, destacando a importância de manter um
compromisso constante com a excelência. A comunicação transparente, segundo
Patricia, é a chave para superar os desafios culturais, garantindo que as
atividades sejam realizadas e os resultados sejam alcançados.
Liderar equipes onde a predominância masculina é
evidente é visto por Patrícia como uma oportunidade de ser um exemplo positivo.
Ela reconhece os desafios que enfrentou devido ao gênero, mas acredita que as
mulheres desenvolvem habilidades importantes para a gestão de equipes. “Ser uma
mulher na gestão de equipes com esse viés mais masculino pode ter uma resistência
em um primeiro momento, mas, ultrapassada essa questão, conseguimos colher
frutos muito generosos”, aponta.
Quanto ao papel das mulheres na indústria de
tecnologia, Patrícia reconhece a sociedade ainda predominantemente masculina,
mas destaca a importância de desafiar estereótipos e conquistar reconhecimento
pelos feitos, independentemente do gênero. Ela enfatiza a necessidade contínua
de mulheres conquistarem e manterem seus lugares em um mundo que, muitas vezes,
avalia suas realizações de maneira diferente.
Ao aconselhar as mulheres que aspiram a uma
carreira na área de tecnologia, Patrícia enfatiza a necessidade de mais força
feminina no setor, encorajando a contribuição de mulheres para enriquecer a
inovação. “Esse mundo é inovador e precisamos ter cada vez mais mulheres com
força e alma para somar e elevar a nossa caminhada”, ressalta.
As histórias de Andréa e Patrícia são testemunhos
valiosos da resiliência feminina na indústria de tecnologia. Em um cenário
predominantemente masculino, essas líderes destacam-se não apenas por suas
habilidades técnicas e gestão eficiente, mas também pela capacidade única de
enfrentar desafios com graciosidade e determinação. À medida que celebramos
cada mulher que conquista seu espaço na tecnologia, fica evidente que as muitas
outras continuam a moldar o futuro do setor, desafiando estereótipos e
pavimentando o caminho para uma indústria mais equitativa e inclusiva.
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