Pesquisadores do Einstein, Instituto Mário Penna e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificaram características no organismo de mulheres com câncer cervical localmente avançado que podem ajudar a prever a resposta ao tratamento.
No estudo, publicado
na revista Scientific Reports, do grupo Nature, os cientistas analisaram o
microambiente tumoral de 73 mulheres antes do início do tratamento contra o
câncer do colo do útero e, concluídas as sessões de quimioterapia e
radioterapia, verificaram como a resposta de cada paciente associava-se às
características do tumor e de seu entorno.
Eles constataram que as mulheres com resposta
favorável ao tratamento apresentavam em maior quantidade e de maneira bem regulada
os chamados linfócitos infiltrantes tumorais (TILs), células do sistema
imunológico que se reúnem em volta ou dentro de um tumor.
Os cientistas observaram ainda que o grupo de
participantes que não responderam ao tratamento possuía níveis elevados de TILs
específicos e de mediadores solúveis, compostos que recrutam e reprogramam
outros tipos de células dentro do microambiente tumoral que apoiam o processo
patológico.
“Nossos achados demonstraram que os pacientes não
respondentes apresentavam níveis mais elevados de vários mediadores solúveis
sistêmicos antes do início da terapia, indicando um desequilíbrio na sua
produção e hiperativação do sistema imunológico, o que pode levar à progressão
da doença e à falha da terapia”, explica Kenneth Gollob, diretor do Center for
Research in Immuno-Oncology (CRIO), sediado no Hospital Israelita Albert Einstein.
Segundo o pesquisador, como em outros tipos de câncer, a função imunológica
desregulada parece intimamente ligada não apenas ao início e à progressão do
câncer cervical, como também ao surgimento de metástases.
“Cada vez mais evidências apoiam a avaliação de marcadores celulares e
mediadores imunológicos como preditores de resposta ao tratamento ou mecanismos
de desenvolvimento de doenças”, acrescenta.
A expectativa do grupo é que, uma vez confirmados em estudos com mais
pacientes, esses biomarcadores possam ser utilizados pelos oncologistas para
definir o melhor tratamento para cada caso de câncer do colo do útero, terceiro
tipo de câncer mais incidente entre as brasileiras. De acordo com o Inca
(Instituto Nacional de Câncer), são cerca de 17 mil novos casos por ano no
país.
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