Na data instituída pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) para disseminar conhecimentos sobre a doença,
a médica psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano
e saúde mental, explica que a obesidade pode estar associada a uma série de
consequências negativas que envolver a saúde mental desde a infância. “A
relação entre obesidade e saúde mental na infância é complexa e multifacetada,
com diversos fatores interativos que podem influenciar o bem-estar psicológico
desde a infância até a idade adulta”, diz.
A médica fala que, em primeiro lugar, a
obesidade infantil pode levar a problemas de autoestima e imagem corporal já
que as crianças com excesso de peso ou obesidade muitas vezes enfrentam estigma
social, discriminação e bullying, que podem resultar em baixa autoestima,
ansiedade, depressão e isolamento social. “Essas experiências negativas podem
afetar negativamente a saúde mental da criança, levando a sentimentos de tristeza,
vergonha e inadequação. Além disso, a obesidade infantil também está associada
a um maior risco de desenvolvimento de transtornos alimentares, como a
compulsão alimentar periódica e a restrição alimentar”, alerta.
Para a especialista, as crianças obesas
podem ter uma relação complicada com a comida, desenvolvendo comportamentos
alimentares desordenados como resultado de pressões sociais, restrições
alimentares excessivas ou como uma forma de lidar com emoções difíceis. “Esses
transtornos alimentares podem ter um impacto significativo na saúde mental da
criança, afetando sua qualidade de vida e bem-estar emocional”, diz a médica
acrescentando que “além dos aspectos psicossociais, a obesidade infantil também
pode estar associada a alterações neurobiológicas que afetam a saúde mental”.
Diversos estudos sugerem que o excesso
de peso e a obesidade podem estar relacionados a alterações nos
neurotransmissores cerebrais, como a serotonina e a dopamina, que desempenham
um papel importante na regulação do humor. Essas alterações podem contribuir
para a manifestação de sintomas de depressão e ansiedade em crianças com
obesidade.
“É importante abordar a obesidade
infantil de forma integral, considerando tanto os aspectos físicos quanto os
aspectos mentais e emocionais. O tratamento eficaz da obesidade infantil deve
envolver uma abordagem multidisciplinar, incluindo profissionais de saúde, como
pediatras, nutricionistas, psicólogos e psiquiatras”, alerta Dra. Jéssica.
Para a especialista, o tratamento
psicológico pode desempenhar um papel crucial no manejo da obesidade,
fornecendo suporte emocional, ajudando desde a infância para que as crianças
desenvolvam uma relação saudável com a comida e trabalhando nas questões de
autoestima e imagem corporal. “A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma
abordagem terapêutica comumente utilizada no tratamento da obesidade infantil,
ajudando as crianças a identificar e modificar padrões de pensamento e
comportamentos negativos relacionados à alimentação, ao corpo e à autoestima”,
fala.
Além disso, a médica ainda afirma que é
fundamental promover um ambiente familiar e escolar que seja saudável,
inclusivo e respeitoso, onde todas as crianças se sintam valorizadas
independentemente de seu peso ou aparência. “A educação sobre alimentação
saudável, a promoção de atividade física regular e o estímulo a um estilo de
vida equilibrado são estratégias importantes para prevenir e tratar a obesidade
infantil e, por consequência, melhorar a saúde mental das crianças”, completa a
especialista que ainda deixa um alerta: “Os transtornos alimentares na infância
podem ter várias causas, incluindo fatores genéticos, ambientais, psicológicos
e sociais. Fatores como perfeccionismo, baixa autoestima, pressão social e
imagem corporal distorcida podem contribuir para o desenvolvimento desses
transtornos”.
Dra. Jéssica Martani - CRM 163249/ RQE 86127 - Médica
psiquiatra, observership em neurociências pela Universidade de Columbia em Nova
Iorque – EUA, graduada pela Universidade Cidade de São Paulo com residência
médica em psiquiatria pela Secretaria Municipal de São Paulo e pós graduação em
psiquiatria pelo Instituto Superior de Medicina e em endocrinologia pela CEMBRAP.
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