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domingo, 3 de março de 2024

4/3 Dia Mundial da Obesidade, psiquiatra fala sobre sinais desde a infância


Na data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para disseminar conhecimentos sobre a doença, a médica psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental, explica que a obesidade pode estar associada a uma série de consequências negativas que envolver a saúde mental desde a infância. “A relação entre obesidade e saúde mental na infância é complexa e multifacetada, com diversos fatores interativos que podem influenciar o bem-estar psicológico desde a infância até a idade adulta”, diz. 

A médica fala que, em primeiro lugar, a obesidade infantil pode levar a problemas de autoestima e imagem corporal já que as crianças com excesso de peso ou obesidade muitas vezes enfrentam estigma social, discriminação e bullying, que podem resultar em baixa autoestima, ansiedade, depressão e isolamento social. “Essas experiências negativas podem afetar negativamente a saúde mental da criança, levando a sentimentos de tristeza, vergonha e inadequação. Além disso, a obesidade infantil também está associada a um maior risco de desenvolvimento de transtornos alimentares, como a compulsão alimentar periódica e a restrição alimentar”, alerta. 

Para a especialista, as crianças obesas podem ter uma relação complicada com a comida, desenvolvendo comportamentos alimentares desordenados como resultado de pressões sociais, restrições alimentares excessivas ou como uma forma de lidar com emoções difíceis. “Esses transtornos alimentares podem ter um impacto significativo na saúde mental da criança, afetando sua qualidade de vida e bem-estar emocional”, diz a médica acrescentando que “além dos aspectos psicossociais, a obesidade infantil também pode estar associada a alterações neurobiológicas que afetam a saúde mental”. 

Diversos estudos sugerem que o excesso de peso e a obesidade podem estar relacionados a alterações nos neurotransmissores cerebrais, como a serotonina e a dopamina, que desempenham um papel importante na regulação do humor. Essas alterações podem contribuir para a manifestação de sintomas de depressão e ansiedade em crianças com obesidade. 

“É importante abordar a obesidade infantil de forma integral, considerando tanto os aspectos físicos quanto os aspectos mentais e emocionais. O tratamento eficaz da obesidade infantil deve envolver uma abordagem multidisciplinar, incluindo profissionais de saúde, como pediatras, nutricionistas, psicólogos e psiquiatras”, alerta Dra. Jéssica. 

Para a especialista, o tratamento psicológico pode desempenhar um papel crucial no manejo da obesidade, fornecendo suporte emocional, ajudando desde a infância para que as crianças desenvolvam uma relação saudável com a comida e trabalhando nas questões de autoestima e imagem corporal. “A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica comumente utilizada no tratamento da obesidade infantil, ajudando as crianças a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamentos negativos relacionados à alimentação, ao corpo e à autoestima”, fala. 

Além disso, a médica ainda afirma que é fundamental promover um ambiente familiar e escolar que seja saudável, inclusivo e respeitoso, onde todas as crianças se sintam valorizadas independentemente de seu peso ou aparência. “A educação sobre alimentação saudável, a promoção de atividade física regular e o estímulo a um estilo de vida equilibrado são estratégias importantes para prevenir e tratar a obesidade infantil e, por consequência, melhorar a saúde mental das crianças”, completa a especialista que ainda deixa um alerta: “Os transtornos alimentares na infância podem ter várias causas, incluindo fatores genéticos, ambientais, psicológicos e sociais. Fatores como perfeccionismo, baixa autoestima, pressão social e imagem corporal distorcida podem contribuir para o desenvolvimento desses transtornos”. 

Dra. Jéssica Martani - CRM 163249/ RQE 86127 -  Médica psiquiatra, observership em neurociências pela Universidade de Columbia em Nova Iorque – EUA, graduada pela Universidade Cidade de São Paulo com residência médica em psiquiatria pela Secretaria Municipal de São Paulo e pós graduação em psiquiatria pelo Instituto Superior de Medicina e em endocrinologia pela CEMBRAP.


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