Especialista
explica alguns sinais que podem ser observados nas criançasPais precisam ficar atentos ao comportamento dos filhos
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O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) é uma condição neurobiológica que afeta a capacidade de uma pessoa de
controlar seu comportamento e prestar atenção. Embora o TDAH seja
frequentemente associado a crianças, ele também pode persistir na adolescência
e na vida adulta.
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de
Atenção (ABDA), mais de 5% das crianças têm Transtorno de Déficit de Atenção
com Hiperatividade (TDAH) no país. Também é possível que crianças sejam
diagnosticadas com dois distúrbios ao mesmo tempo. Pesquisas indicam que entre
30% e 50% de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também
apresentam TDAH.
Carol Borgerth, mãe atípica, conta como foi para
descobrir o diagnóstico do filho: “Receber o laudo do meu filho foi um divisor de
águas. Visto que, desde quando ele tinha meses de vida, já havíamos notado
alguns comportamentos diferentes nele. Mas foi com 2 anos que ele foi
diagnosticado com TEA e começamos as intervenções. Porém, além de todos os
sinais e laudo fechado de autismo, ainda tinham comportamentos que apresentavam
sinais de outro transtorno, como falta de atenção, agitação extrema, falta de
concentração e dificuldade de realizar as tarefas escolares. Então após 2 anos
de acompanhamento e terapias, o laudo dele foi atualizado para TEA 1 de suporte
+ TDAH. O Thomás hoje está com 4 anos, e sempre enfatizo a importância das
intervenções e tratamentos terapêuticos. É através deles que estamos
conseguindo obter resultados muito significativos”, relata.
O TDAH é caracterizado por sintomas de desatenção,
hiperatividade e impulsividade. Crianças com TDAH podem ter dificuldade de
prestar atenção em tarefas, seguir instruções, controlar impulsos e manter-se
organizadas, afetando muitas vezes o desempenho acadêmico e as relações
interpessoais delas.
A Psicóloga Talita Padovan explica alguns sinais
que podem ser observados nas crianças com TDAH: “É possível notar certa
dificuldade de concentração e desatenção em seus deveres, até mesmo assistir a
um filme com calma é um desafio. Esse conjunto de sinais fica bem evidente nas
crianças pré-escolares, entre 3 e 6 anos, época em que normalmente já é
possível fazer o diagnóstico”, alerta.
Crianças diagnosticadas com TDAH costumam ser mais
agitadas, ter mais dificuldade de concentração e são mais enérgicas do que a
média, explica a especialista. “Infelizmente, essas crianças muitas vezes são
vistas como crianças ‘preguiçosas, bagunceiras, sem educação’, quando na
verdade são ‘criativas, intensas e curiosas”.
Embora esses sejam os comportamentos mais populares
em crianças com o transtorno, o problema é ainda muito mais complexo e inclui
outras características, segundo a psicóloga. “Esses comportamentos são
comuns a todas as crianças, mas o problema é quando eles se tornam intensos, o
que gera comprometimento no desenvolvimento infantil”, alerta Talita
Padovan.
Entenda como funciona a versão
adaptada da Terapia Comportamental Dialética (DBT), chamada DBT for Children.
A DBT-C é uma abordagem terapêutica focada para
crianças - com o objetivo de ajudá-las a lidar com emoções intensas,
desenvolver habilidades de regulação emocional e melhorar o relacionamento
interpessoal. A Terapia é baseada em evidências que combinam técnicas
cognitivo-comportamentais com práticas de atenção plena, com o intuito de
aliviar os problemas atuais, bem como reduzir o risco de psicopatologia
associada no futuro, visando tanto o relacionamento com o meio ambiente quanto
o relacionamento consigo mesmo (uma adição importante ao modelo DBT padrão).
A DBT-C instrui os pais sobre como criar um
ambiente pronto para validação e mudança, além de prepará-los para tornarem-se
treinadores de seus filhos, promovendo respostas adaptativas durante o
tratamento e após o término da terapia. E mais: ensina, para pais e filhos,
habilidades eficazes de enfrentamento e resolução de problemas, identificando
as funções de suas respostas e os significados que atribuem aos eventos, além
de fornecer intervenções específicas para diminuir as vulnerabilidades nos
sentidos centrais de amor próprio, segurança e pertencimento. Porém, ainda não
há psicólogos e profissionais especializados neste novo tratamento no
Brasil.
Especialização na área
Com o objetivo de difundir a DBT-C, a psicóloga
Talita Padovan trará para o país, em março de 2024, um treinamento
internacional para psicólogos e médicos. “Durante o treinamento, os participantes aprenderão
os princípios fundamentais da DBT para crianças, que incluem a criação de um
ambiente seguro e acolhedor, o ensino de habilidades de mindfulness e a
promoção da autorregulação emocional. Além disso, os participantes também
aprenderão técnicas específicas de DBT para ajudar as crianças a desenvolver
habilidades de tolerância ao estresse, comunicação eficaz, resolução de
problemas e tomada de decisões”, salienta a profissional.
A palestra será ministrada pela psicóloga que
desenvolveu a DBT-C - Francheska Pereplecthicova. Com a terapia,
comprovadamente eficaz, as crianças aprendem a lidar com emoções intensas,
desenvolvem habilidades de regulação emocional e melhoram o relacionamento
interpessoal. O treinamento acontecerá nos dias 9,10, 16 e 17 de março, e será
voltado para psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e outros profissionais
de saúde mental que trabalham com crianças. “É uma oportunidade única de aprimorar
habilidades terapêuticas e expandir conhecimentos”, finaliza Talita
Padovan.
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