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Médico do trabalho
explica que o trabalho saudável pode ser uma prevenção ao suicídio
No Setembro Amarelo, campanha global de prevenção
ao suicídio, a discussão entre a relação do trabalho e saúde mental fica ainda
mais evidente, principalmente depois do estudo apontado pela International
Stress Management Association (ISMA) , onde o Brasil se posiciona em segundo
lugar global em diagnósticos de Burnout. O médico do trabalho e autor do livro
“O que ninguém te contou sobre Burnout” (Editora Mizuno), Marcos Mendanha,
explica que apesar do debate sobre o assunto, é importante ressaltar que ter
uma boa relação com o trabalho pode ser inclusive uma prevenção ao
suicídio.
“Embora não seja uma doença mental, o burnout se
assemelha a um quadro de fadiga e se caracteriza por exaustão ou esgotamento,
distanciamento mental do trabalho e das pessoas do trabalho - uma espécie de
“frieza”, e sensação de ineficácia. Se não for bem tratado, o burnout pode dar
lugar a um adoecimento mental verdadeiro, por exemplo: depressão, transtorno de
pânico, entre outros. Os professores são um grupo de profissionais que
constantemente enfrentam desafios e pressões em suas carreiras. Esse estresse
crônico pode torná-los vulneráveis ao desenvolvimento do burnout ou de doenças
mentais”, explica o médico do trabalho e diretor da Faculdade CENBRAP, Marcos
Mendanha.
O Japão, por exemplo, é o país que está em primeiro
lugar global de acordo com o estudo da ISMA. Em 2017 e 2018, os suicídios foram
oficialmente considerados “karojisatus” (ato de tirar a própria
vida por conta do excesso de trabalho). Em um caso notório, Matsuri Takahashi,
uma funcionária de 24 anos de um escritório de publicidade,tirou a própria vida
após fazer mais de cem horas extras nos meses em que trabalhou, em 2015. As
autoridades japonesas concluíram que o volume de trabalho excessivo levou à
morte da jovem.
“As relações que se estabelecem entre os
trabalhadores de uma mesma instituição são frequentemente saudáveis, e quando
isso ocorre, o bom trabalho, além de não ser um fator de risco, é um fator de
proteção do suicídio”, explicou. Esta constatação reforça a tese de Emile
Durkheim, sociólogo e filósofo francês, que vê o suicídio como um fato social,
que se torna menos frequente quando os vínculos saudáveis, afetivos e sociais
forem os maiores de um indivíduo.
“É verdade que existem trabalhos insalubres,
sobrecarregados, assediadores e adoecedores sob todos os aspectos. Mas é
inegável que, para a maioria das pessoas, o trabalho continua sendo fonte, não
só de sustento, mas de alegria, novas amizades e redes de apoio, e até de
sentido de vida”, enfatizou Mendanha.
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