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sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Setembro amarelo alerta para a saúde mental dos educadores

Juliana Storniolo, especialista em educação da FourC Learning, plataforma voltada para qualificação de gestores e educadores, aborda a necessidade de cuidados psicológicos para os profissionais da educação

 

 

O dia 10 de setembro é considerado oficialmente o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. No entanto, como o assunto vem ganhando cada vez mais visibilidade, a efeméride acabou se estendo para todo o mês. Assim, temos o Setembro Amarelo, que traz à tona discussões sobre a importância dos cuidados com a saúde mental para a prevenção do suicídio.

 

Pesquisa realizada pela Nova Escola, em parceria com o Instituto Ame Sua Mente, aponta que um dos grupos que vem sendo mais afetados pela falta de suporte para saúde mental é o dos educadores. Os dados da “Saúde Mental dos Educadores 2022” mostram que mais de 20% dos educadores brasileiros consideram sua saúde mental ruim ou muito ruim. A partir deste cenário, Juliana Storniolo, diretora da FourC Learning, projeto voltado para o desenvolvimento profissional de gestores e de educadores, fala sobre a importância da campanha realizada no mês de setembro.

 

“O Setembro Amarelo é importante, começando pelo fato de falarmos e pararmos para pensar sobre a necessidade da prevenção ao suicídio, aproveitando a oportunidade para discutir outros assuntos essenciais, como os cuidados com a saúde mental, algo que promove a compreensão e suscita o apoio emocional aos que estão enfrentando dificuldades psicológicas, que por vezes são negligenciadas”, afirma a diretora.

 

Tratando da saúde mental dos educadores, Juliana explica que eles enfrentam uma série de percalços emocionais dentro do ambiente de trabalho, o que torna o suporte emocional para esse público ainda mais necessário. “Os profissionais da educação precisam se atentar aos cuidados voltados a sua saúde mental para que eles estejam preparados para lidar com os desafios diários da profissão”, acrescenta a especialista.

 

Isso porque números da pesquisa citada acima ainda apontam que 52,3% dos educadores entrevistados nunca participaram de formação em saúde mental e apenas 7,1% contam com apoio médico e/ou psicológico. O levantamento ouviu mais de 5 mil profissionais da educação das redes pública e privada como professores e gestores de todo o país.

 

“Nós sempre lembramos os educadores de que eles têm uma equipe para se apoiar. A colaboração é muito importante para promover essa cultura de apoio. Entendemos que um dos papéis da liderança é encorajar a comunicação aberta, direcionando esses profissionais para um acompanhamento psicológico mais próximo se necessário, oferecendo suporte emocional e criando, assim, um ambiente de trabalho que promova bem-estar, autoconhecimento, prática de atividades de relaxamento, entre outros”, comenta.

 

No entanto, é necessário que o educador tenha em mente que ele é o responsável por sua saúde mental. Isso para que, caso ele identifique sinais de estresse ou esgotamento psicológico, busque ajuda profissional, antes que o quadro se agrave. Tratando de situações que podem desencadear algum tipo de abalo psicológico, a especialista lista ainda alguns dos motivos mais recorrentes dentro da rotina dos educadores.

 

“As situações que podem se tornar prejudiciais para saúde mental do professor podem ser tanto internas, quanto externas. Algumas das mais comuns são pressão por resultado, poucos recursos no ambiente de trabalho, mudanças do currículo escolar e falta de valorização profissional”, afirma.

 

A partir desse panorama, surge a discussão de como é possível impedir que essas situações aconteçam e causem o desgaste emocional dos educadores.

Juliana afirma que nem sempre é possível deter todos os acontecimentos que levam ao desgaste, no entanto é preciso fazer o máximo para reduzir o efeito desses eventos.

 

“É difícil impedirmos que aconteça toda e qualquer situação negativa, mas é possível implementar estratégias para minimizar esses impactos e promover um ambiente mais saudável. Algo que pode ser feito por meio de programas de suporte a saúde mental, aconselhamento psicológico, grupos de apoio e treinamento de habilidades como resiliência. Outro olhar necessário que devemos ter é em relação a carga de trabalho dos educadores para que se evite uma sobrecarga com excesso de tarefas”, explica a especialista.

 

Com isso, fica clara a importância da campanha para discutir novas formas de cuidado e de prevenção. No entanto, a especialista reforça que o tema deve ser lembrando durante todo o ano. É importante dizer que a campanha não é uma solução definitiva, é uma maneira de nos conscientizarmos, partilharmos a mensagem e ampliarmos o acesso à informação para quem busca apoio. Esse é só o ponto de partida, é crucial que exista uma cultura de apoio contínua para que todos esses esforços se estendam ao longo do ano, com políticas de saúde mental eficazes, acesso a tratamentos adequados e muito mais”, finaliza Juliana.



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