Juliana
Storniolo, especialista em educação da FourC Learning, plataforma voltada para
qualificação de gestores e educadores, aborda a necessidade de cuidados
psicológicos para os profissionais da educação
O dia 10 de
setembro é considerado oficialmente o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. No
entanto, como o assunto vem ganhando cada vez mais visibilidade, a efeméride
acabou se estendo para todo o mês. Assim, temos o Setembro Amarelo, que traz à
tona discussões sobre a importância dos cuidados com a saúde mental para a
prevenção do suicídio.
Pesquisa realizada pela Nova Escola, em parceria com o
Instituto Ame Sua Mente, aponta que um dos grupos que vem sendo mais
afetados pela falta de suporte para saúde mental é o dos educadores. Os dados
da “Saúde Mental dos Educadores 2022” mostram que mais de 20% dos educadores
brasileiros consideram sua saúde mental ruim ou muito ruim. A partir deste
cenário, Juliana Storniolo, diretora da FourC Learning, projeto voltado
para o desenvolvimento profissional de gestores e de educadores, fala sobre a
importância da campanha realizada no mês de setembro.
“O Setembro
Amarelo é importante, começando pelo fato de falarmos e pararmos para pensar
sobre a necessidade da prevenção ao suicídio, aproveitando a oportunidade para
discutir outros assuntos essenciais, como os cuidados com a saúde mental, algo
que promove a compreensão e suscita o apoio emocional aos que estão enfrentando
dificuldades psicológicas, que por vezes são negligenciadas”, afirma a
diretora.
Tratando da
saúde mental dos educadores, Juliana explica que eles enfrentam uma série de
percalços emocionais dentro do ambiente de trabalho, o que torna o suporte
emocional para esse público ainda mais necessário. “Os profissionais da
educação precisam se atentar aos cuidados voltados a sua saúde mental para que
eles estejam preparados para lidar com os desafios diários da profissão”,
acrescenta a especialista.
Isso porque
números da pesquisa citada acima ainda apontam que 52,3% dos educadores
entrevistados nunca participaram de formação em saúde mental e apenas 7,1%
contam com apoio médico e/ou psicológico. O levantamento ouviu mais de 5 mil
profissionais da educação das redes pública e privada como professores e
gestores de todo o país.
“Nós sempre
lembramos os educadores de que eles têm uma equipe para se apoiar. A
colaboração é muito importante para promover essa cultura de apoio. Entendemos
que um dos papéis da liderança é encorajar a comunicação aberta, direcionando
esses profissionais para um acompanhamento psicológico mais próximo se
necessário, oferecendo suporte emocional e criando, assim, um ambiente de
trabalho que promova bem-estar, autoconhecimento, prática de atividades de
relaxamento, entre outros”, comenta.
No entanto, é
necessário que o educador tenha em mente que ele é o responsável por sua saúde
mental. Isso para que, caso ele identifique sinais de estresse ou esgotamento
psicológico, busque ajuda profissional, antes que o quadro se agrave. Tratando
de situações que podem desencadear algum tipo de abalo psicológico, a
especialista lista ainda alguns dos motivos mais recorrentes dentro da rotina
dos educadores.
“As situações
que podem se tornar prejudiciais para saúde mental do professor podem ser tanto
internas, quanto externas. Algumas das mais comuns são pressão por resultado,
poucos recursos no ambiente de trabalho, mudanças do currículo escolar e falta
de valorização profissional”, afirma.
A partir desse
panorama, surge a discussão de como é possível impedir que essas situações
aconteçam e causem o desgaste emocional dos educadores.
Juliana afirma
que nem sempre é possível deter todos os acontecimentos que levam ao desgaste,
no entanto é preciso fazer o máximo para reduzir o efeito desses eventos.
“É difícil
impedirmos que aconteça toda e qualquer situação negativa, mas é possível
implementar estratégias para minimizar esses impactos e promover um ambiente
mais saudável. Algo que pode ser feito por meio de programas de suporte a saúde
mental, aconselhamento psicológico, grupos de apoio e treinamento de
habilidades como resiliência. Outro olhar necessário que devemos ter é em
relação a carga de trabalho dos educadores para que se evite uma sobrecarga com
excesso de tarefas”, explica a especialista.
Com isso, fica
clara a importância da campanha para discutir novas formas de cuidado e de
prevenção. No entanto, a especialista reforça que o tema deve ser lembrando
durante todo o ano. “É importante dizer que a campanha não é uma solução
definitiva, é uma maneira de nos conscientizarmos, partilharmos a mensagem e
ampliarmos o acesso à informação para quem busca apoio. Esse é só o ponto de
partida, é crucial que exista uma cultura de apoio contínua para que todos
esses esforços se estendam ao longo do ano, com políticas de saúde mental
eficazes, acesso a tratamentos adequados e muito mais”, finaliza Juliana.
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