A psicóloga Cecília Rocha destaca a importância de abordar a saúde mental da juventude neste Setembro Amarelo
Em um mundo cada vez mais conectado, a saúde mental
dos adolescentes se torna um tópico crucial na sociedade atual. O Setembro
Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, oferece uma oportunidade valiosa
para discutir e abordar os desafios enfrentados por essa faixa etária,
especialmente no contexto atual, permeado pela tecnologia e redes sociais.
A psicóloga, arteterapeuta, e autora do livro
infantil “A Casa de Pedro”, Cecília Rocha, afirma que, a juventude é um dos
períodos que se é mais propenso a desenvolver alguns transtornos emocionais,
coincidindo com o fato de que a adolescência é um período difícil na vida de
qualquer pessoa, onde os adolescentes buscam sua identidade e autonomia, o que,
por si só, já é um grande desafio. No entanto, hoje, essa questão é exacerbada
pelo ambiente digital.
As redes sociais, embora possam ser uma ferramenta
poderosa para conexões humanas, também podem amplificar a sensação de
isolamento. Nessa fase, é comum que as pessoas muitas vezes se comparem aos
outros, baseando-se no que veem online, criando uma falsa impressão de que
todos estão constantemente felizes, exceto eles próprios. Essa percepção pode
levar a um aumento nos sentimentos de solidão e inadequação.
Indo mais além, não é incomum vermos jovens
compartilhando seus sentimentos e sensações na internet, mas esse
compartilhamento de experiências, de sua saúde mental na internet nem sempre
pode ser benéfico. É essencial que os adolescentes consumam conteúdo de forma
crítica e evitem grupos que promovam a violência ou comportamentos
autodestrutivos.
Identificar problemas de saúde mental nessa fase
pode ser complicado, já que muitos comportamentos comuns na adolescência podem
se assemelhar a sinais de alerta. Cecília enfatiza que mudanças significativas
no comportamento, como isolamento constante, dificuldades para dormir,
alterações na alimentação, irritabilidade persistente e preferência pelo
isolamento devem ser avaliadas cuidadosamente. Se uma emoção parecer constante
e exagerada, é um sinal de alerta.
Outro fator importante, são as pressões dos colegas
e as expectativas sociais, que se tornam um desafio para os adolescentes.
Encontrar um grupo de apoio que valorize o respeito e o cuidado mútuo é
essencial. “Sabemos da importância em pertencer a um grupo nessa fase da vida.
O adolescente tem como desafio encontrar amigos, semelhantes, grupos onde ele
se sinta pertencente para fazer sua travessia para a vida adulta de forma mais
segura. Mas é muito importante que esses grupos estejam alinhados a valores e
interesses pessoais.”
Apesar da dificuldade para os adolescentes que
sentem que sua saúde mental está em declínio, Cecília enfatiza a importância de
buscar ajuda. Conversar com alguém de confiança ou um profissional qualificado pode
fazer toda a diferença. “Muitas vezes, o maior problema é o medo da
incompreensão e do julgamento. Mas é necessário falar, é preciso que os jovens
entendam que, caso eles não tomem uma iniciativa para melhorar ou não estejam
abertos para receber ajuda, não haverá melhora”, enfatiza.
A arterapeuta lembra também aos pais que acompanhem
a vida de seus filhos, mas claro, respeitando os limites e a privacidade.
Estarem próximos uns dos outros abre portas para conversas em tons mais sérios,
além de criar um vínculo de confiança que é essencial para o desenvolvimento do
adolescente.
Para aqueles que buscam melhorar ou então que
procuram não desenvolver algum transtorno emocional, um dos caminhos é
fortalecer a resiliência e a saúde mental. “Atos individuais, como cuidar do sono,
alimentação saudável, atividade física, vida social e hobbies auxiliam no
processo de recuperação e no de prevenção. Além disso, hábitos familiares que
envolvem a presença e o diálogo aberto são de suma importância para esses
jovens que estão em uma fase tão difícil de descoberta. A escuta ativa, sem
julgamentos, é uma ferramenta poderosa para criar um ambiente de apoio dentro
da família”, explica a arteterapeuta.
Desmitificando o Estigma da
Saúde Mental
Finalmente, para combater o estigma associado à busca
de ajuda profissional, Cecília, psicóloga, arteterapeuta, e autora do
livro infantil “A Casa de Pedro”, compara o cuidado com a saúde mental ao
cuidado com a saúde física. Assim como procuramos um médico quando estamos
doentes fisicamente, buscar apoio para a saúde mental é igualmente essencial. É
crucial que os adolescentes entendam que cuidar do seu bem-estar emocional é
uma parte fundamental da sua jornada.
Neste Setembro Amarelo, a psicóloga deixa uma
mensagem importante para os adolescentes: "O cuidado com nosso mundo
interno, com nossas emoções e pensamentos, é tão importante quanto o cuidado
com nosso corpo físico e nossa vida exterior. As emoções são passageiras, assim
como os problemas que hoje parecem insuperáveis. Não hesite em pedir ajuda quando
necessário. Ela é necessária e muito benéfica para navegar pelas estradas da
vida, que muitas vezes são difíceis e desafiadoras, da melhor maneira
possível."
Cecília
Rocha – Psicóloga.
Especialista em TCC (terapia cognitiva comportamental) pela FMUSP.
Arteterapeuta. Mediadora de conflitos
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