No caminho para se alcançar sonhos e objetivos,
seja na vida pessoal ou na carreira, há três caminhos bem claros a seguir: o
primeiro é querer, o segundo é colocar foco e atenção no agora e o terceiro é
agir. Esta fórmula é muito poderosa; costumo dizer que é o caminho do sucesso.
Mas você já se perguntou, o que falta ou precisa acontecer para que você
encerre este ano com a sensação de que 2023 foi inesquecível? Quando
procrastinamos, deixamos tudo para depois, arrastamos nossas ações para o
futuro e isso nos deixa estagnados em nossa evolução e se seguirmos assim, mais
um ano se encerrará e estaremos na mesma página, sem grandes progressos.
Segundo estudos científicos, este comportamento é um dos piores inimigos dos
nossos objetivos e nos traz muitas frustrações. Esta é a má notícia. A boa é
que com autoconhecimento podemos mudar isso, aprender a criar novos
comportamentos e a gerir melhor nossas emoções.
Vamos avaliar primeiramente um traço comum nos
procrastinadores; na grande maioria dos casos, eles têm medo de lidar com seus
problemas, fugindo de encarar as verdades. Deixar para amanhã ou para
depois, o que poderia ter sido resolvido hoje, ou seja, adiar o máximo possível
a realização de uma tarefa, se tornou um dos comportamentos contemporâneos mais
comuns. Eles preferem lidar com a culpa de não entregar uma tarefa de
trabalho no prazo, por exemplo, ou mesmo de lidar com o estresse que isso causa
em vez de mergulhar em si para entender a origem desse problema. É preciso
atingir a causa, já que a procrastinação é um sintoma.
A procrastinação carrega consigo a sensação de que
sempre se tem coisas para fazer, e tarefas a serem concluídas. Com isso, a
pessoa procrastinadora está sempre correndo, ocupada e atrasada em seus
compromissos. E, a cada vez que diz ou pensa “estou ocupada”, não avalia, por
exemplo, o sofrimento que causa em si própria; é como estar num looping sem
fim. Em algumas situações, adiar o que deve ser feito pode ser fuga para
preencher o próprio tempo. A questão aqui é entender o que é sobrecarga de
trabalho - que não é positiva e precisa ser revista e organizada - do que é
procrastinação, aquilo que conseguimos fazer hoje com empenho, dedicação e
amor, sem jogar para o futuro, para o amanhã, usando como justificativas falsas
desculpas.
O ambiente corporativo não é o único local em que
se procrastina. As mulheres costumam se comprometer com um número maior de
atividades no dia a dia, o que as torna, muitas vezes, mais versáteis e capazes
de ocupar várias tarefas fora do âmbito profissional. Esta dupla jornada, em
algumas situações, é motivo para adiar tarefas pois são escolhas necessárias
que precisam ser feitas para manutenção do bem-estar físico e mental. A questão
aqui é identificar se é uma decisão de fato acertada ou se é
procrastinação. No campo de trabalho, no entanto, não há diferenças. Tanto
os homens quanto as mulheres procrastinam igualmente, mesmo que elas
frequentemente estejam mais ocupadas com outras tarefas como casa, filhos etc.
Por meio do autoconhecimento é possível identificar
fragilidades e gatilhos de insegurança que não nos permitem avançar. Todos
temos pontos positivos e negativos, estamos em processo de evolução, portanto,
dispor-se a fazer o melhor hoje é o caminho para não arrastarmos nossas ações
sempre para o futuro. Vale lembrar que, no mundo corporativo, esta
habilidade emocional é muito valorizada; ter um colaborador engajado, conectado
com a missão da empresa e que produz é um diferencial competitivo muito
importante e traz um impulso grande para o sucesso na carreira.
Outro ponto fundamental nesta mudança de comportamento é identificar o seu círculo vicioso de procrastinação (o looping). Muitas vezes, talvez na grande maioria, esteja relacionado à dificuldade de lidar com a verdade. É como se preferíssemos lidar com a culpa de estar atrasado, sempre devendo e estressados, em vez de enfrentar as reais questões internas que nos causam esses problemas. Algumas pessoas, nas suas tarefas do dia e dia e no trabalho, trazem consigo um paradigma que se estiverem em dia com suas metas e atividades, muito possivelmente existe algo errado, o trabalho pode não ter sido bem-feito ou mesmo, por ter sido ágil, talvez não seja dado o devido valor. É preciso mostrar que estou sobrecarregado e estressado para ser reconhecido. E, veja, isso não faz o menor sentido quando a pessoa é autoconfiante e se autoconhece. Cumprir prazos, na verdade, demostra organização, entusiasmo e comprometimento com você, com as pessoas ao seu redor e no trabalho. Tudo que distancia disso, é uma distorção imposta e cruel e que nos joga no abismo de deixar para depois. Fuja disso. Ao identificar este ciclo, traga à tona a verdade e siga no caminho certo.
Talvez você ainda esteja se perguntando, mas como
posso seguir com mais estratégias para interromper esse ciclo da
procrastinação? Como posso fazer diferente a partir de agora? A resposta é
decidir pela mudança de comportamento combinado com muito treino, de forma
contínua e diária. Se vivo o presente, não procrastino, faço agora o que
tenho que fazer. E, para estar presente, é preciso prestar atenção em si para
saber realmente o volume de trabalho que consegue realizar de forma plena,
focada e feliz.
Um bom começo é se perguntar: para que eu preciso
desenvolver esta atividade, cumprir esta meta? Qual é o ganho pessoal que terei
com isso? Qual é a positividade que eu trarei para a minha vida como um
todo, para além do ambiente corporativo, ao ser reconhecido pelas minhas
conquistas, ao ser mais produtivo? Os ganhos são inúmeros: sentir-se valorizado,
reconhecido em suas potencialidades e competências, ter orgulho de si, de suas
conquistas e da sua contribuição, crescer profissionalmente, ter a
possibilidade de realizar sonhos pessoais seus e de quem você ama. Os ganhos
são motivações essenciais e é treino colocar o foco sobre elas (tudo em que
colocamos foco cresce à nossa frente).
Por isso, ponto fundamental é também trazer a
atenção para o AGORA. Outro traço de quem vive a procrastinação é a sensação de
estar sempre correndo contra o tempo, costumo dizer que é como ficar com um pé
no passado, ou seja, naquilo que deixou de ser feito; e outro no futuro,
naquilo que ainda tem de fazer. Ao ficar preso nesses dois mundos, é como se o
presente não existisse e com isso, não se age e não se resolve as tarefas de
hoje; alimentando assim o ciclo da procrastinação. O resultado disso é mais
ansiedade.
A dica é: cuidado com os sentimentos que
roubam a sua atenção e tiram seu foco do presente. Preste atenção nos seus
pensamentos e quando isso acontecer, volte ao hoje, comece respirando
profunda e lentamente; é a respiração que nos traz para o
presente. Inspire com calma – isso ajuda a trazer seu foco para o agora.
Repita esse exercício algumas vezes. Você leva novo oxigênio ao cérebro e
treina trazer essa atenção a você. Depois, vá em frente no que precisa ser
feito. Qual é o passo que você pode dar? Coloque junto sua competência, seu
amor, arregace as mangas e faça o que precisa ser feito. Essa é a fórmula.
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