O conceito de moradia vem mudando nos últimos anos e, com isso, o mercado imobiliário passou a encontrar novas formas de trabalhar a ideia do “lar”. O segmento multifamily é um grande exemplo disso; para se ter uma ideia, uma pesquisa do CBRE Brasil revela que 55% das pessoas já estão investindo no setor, sendo a maior parte delas indivíduos com um alto poder aquisitivo. Além disso, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) apontou por meio de dados do Índice FipeZAP+ que o ramo também está na linha de frente nos Estados Unidos e é o responsável por aproximadamente 13% do patrimônio da indústria de Real Estate Investment Trusts (REITs), que soma um total de US$ 1,2 trilhão.
O motivo do sucesso da área é simples: todas as
decisões relacionadas ao imóvel são centralizadas em apenas um ou poucos
indivíduos, uma vez que as estruturas alugadas pertencem a um
proprietário, property company ou grupo
investidor. Assim, é do interesse do(s) operador(es) que os benefícios
oferecidos na propriedade sejam sempre os mais qualificados, entregando uma
espécie de hotelarização do local.
Ou seja, é um processo bem diferente do que ocorre
em condomínios tradicionais, valorizando a flexibilidade, mobilidade e
atendendo às preferências diretas do morador dentro de parâmetros saudáveis e
sustentáveis. O target de alto padrão é um ótimo exemplo de como a demanda por
esses fatores funciona na prática, já que, normalmente, é um núcleo com uma
rotina intensa, muitas vezes com uma escassez de tempo para se exercitar e ter
momentos de relaxamento.
Dessa forma, são pessoas que olham com atenção para
alguns tópicos, como: as regras de contrato, geralmente com a expectativa de
uma avaliação acelerada de crédito e contemplando um tempo de estadia que
varia, em média, de 3 a 30 meses; empreendimentos próximos a grandes centros de
atração e valor agregado, que estejam ligados de algum modo a áreas
urbanizadas; e, principalmente, a oferta de atividades diárias potencializadas,
as quais trazem experiências completas tanto para as suas horas de lazer ou
descanso quanto para tarefas profissionais.
Do ponto de vista das incorporadoras, construtoras
e operadoras de projetos multifamily, essa é uma lógica praticamente perfeita,
visto que se trata de um movimento de fidelização. A ideia é a de estruturar um
verdadeiro serviço por assinatura, atraindo novos moradores com o encurtamento
dos trâmites legais e uma modalidade que agrega dentro e fora do lar, mas,
consequentemente, também retendo os atuais clientes pelos mesmos motivos.
E qual é a situação do
segmento multifamily no Brasil?
Ultimamente, os retornos do segmento multifamily
têm gerado uma forte recorrência para negócios ao redor do mundo, fazendo com
que as empresas não dependam só da venda de imóveis e consigam uma
rentabilidade recorrente. No Brasil, o setor ainda está ganhando corpo, mas já
impactou significativamente diversas pessoas no mercado imobiliário nacional.
A começar pelo número crescente de investidores
institucionais, como fundos de investimento e fundos de pensão. O JFLL11, da
JFL Realty, é um dos representantes desse núcleo, sendo uma companhia que
realiza operações da categoria no país, incluindo a construção de
empreendimentos desse tipo.
Aliás, no que se refere a projetos, o PACE,
estrutura de mais de 24 mil m² localizada no “novo Ecoville”, um dos melhores
bairros para se morar em Curitiba atualmente, é outro expoente do mercado no
território brasileiro. Assinado pelo multipremiado Architects Office e a
experiente Realiza Arquitetura, o edifício oferece ao morador diversas opções
que incentivam todos os âmbitos do seu bem-estar, como terapias em um circuito
de SPA, áreas de academia, esportes e recovery center, fora um lugar totalmente
conectado, arborizado e conectado ao ambiente urbano.
Sabemos que nos EUA o multifamily existe há mais de
100 anos e é uma modalidade consolidada no mercado imobiliário. Como a moradia
é uma necessidade básica, a liquidez é grande, afinal são mais de 40 milhões de
norte-americanos que moram em um imóvel do sistema.
No Brasil, a Housi é um dos maiores players,
funcionando como uma plataforma de gestão para o público investidor. E ele
também está crescendo. No final de 2021 as properties companies já
tinham mais de 10 mil unidades multifamily em desenvolvimento no país. E os
fundos de investimento imobiliário (FIIs) cerca de R$650 milhões sob
gestão.
A tendência veio para ficar?
Cada vez mais o cliente em busca de um imóvel olha
para o multifamily como uma modalidade que agrega todas as características
necessárias para sua tomada de decisão, simplificando processos, oferecendo
centralização de despesas, experiências compartilhadas, mais sensação de
segurança e facilidade da rotina com serviços que melhoram o bem-estar e a
qualidade de vida.
No entanto, apesar de cases de sucesso como esses,
é muito importante frisar que o segmento multifamily ainda tem passos
importantes a dar no Brasil, por isso, aqueles que possivelmente se
interessarem em fazer negócios na área devem buscar o máximo de informações que
conseguirem, seja por conta própria, com especialistas ou junto às empresas que
atuam no ramo.
O momento atual é apenas o instante inicial de um
setor com potencial gigantesco e, sem dúvidas, essa tendência ainda tem muito
mais a acrescentar na prestação de um serviço de alta qualidade aos usuários
finais dos produtos; e, é claro, aos seus lares.
Alfredo Gulin Neto - CEO da AG7,
uma das principais incorporadoras de alto luxo e wellness building do Brasil.
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